Análise: Jagged Alliance: Back In Action

Assim como no cinema, começa a ser comum na indústria dos videojogos procurar inspiração em glórias do passado, “reboots” e “remakes” começam a ser comuns. Jogos como Syndicate mudaram drasticamente, passando neste caso para um FPS e daqui a alguns meses poderemos ver em que é que a série X-COM se vai transformar. Jagged Alliance: Back in Action é um remake de Jagged Alliance 2 numa tentativa de o trazer para os novos tempos e atrair um público mais abrangente. Muitos dos elementos presentes em Jagged Alliance 2 estão presentes mas há bastantes mudanças, Back in Action continua a ser um jogo de estratégia com a temática de mercenários mas enquanto que Jagged Alliance 2 era por turnos Back in Action é agora em tempo real.

Em termos de enredo não contem com a melhor trama do mundo. Nós somos um gerente responsável por um grupo de mercenários numa operação no país fictício de Arulco. Fomos contratados pelo rei exilado para restaurar a ordem e tirar a rainha Deidrana do poder tomado à força. Todo o ambiente lembra velhos filmes como o “Rambo” ou o mais recente “Os mercenários”. No entanto para compreenderem toda a história terão de ler os emails que vão aparecendo uma vez que cutscenes e diálogos são raros. A campanha não segue uma ordem especifica, as quests vão sendo dadas e podemos optar por as cumprir ou não, sendo que a principal é de tirar o poder à rainha. A estrutura não linear é a característica de Back in Action mais semelhante a Jagged Alliance 2, e podem contar com objectivos bem variados e cenários diversificados onde devemos usar o ambiente para nossa vantagem, subindo a telhados ou disparando através de janelas.

Back in Action não consegue atingir todo o seu potencial seja como tributo aos jogos originais ou na sua tentativa de atrair novos fãs. Nada impressionante em termos gráficos, uma interface pouco apelativa e uma inteligência artificial bem pouco inteligente. No entanto consegue despertar alguma nostalgia e estar suficientemente bem pensado para ser completamente atroz. No fundo Back in Action não é um mau jogo e até é relativamente bom no que toca à parte de gestão dos nossos mercenários onde podemos recrutar, controlar e melhorar os nossos mercenários enquanto construímos os nossos esquadrões. Temos que fazer escolhas acertadas nesta construção pois cada mercenário tem capacidades diferentes. Necessitamos de médicos, especialistas em explosivos, mercenários que consigam reparar armas , tenham mais facilidade em passar despercebidos e por fim que sejam realmente bons a matar inimigos. Infelizmente temos que adicionar o nosso orçamento limitado à equação o que dificulta um pouco esta gestão no inicio, pois além de termos um orçamento limitado nem todos os mercenários aceitam trabalhar connosco. É uma luta constante tanto em termos tácticos como em termos monetários pois o dinheiro no inicio é bastante difícil de ganhar. Mais tarde teremos também de tomar decisões ainda mais importante monetariamente como se devemos gastar dinheiro em novos mercenários, em melhor equipamento para estes ou em armamentos para os civis para que se possam defender de ataques invasores quando não os podemos ajudar.

A grande diferença em relação a Jagged Alliance 2 é mesmo a mudança de estratégia por turnos para tempo real. Esta tentativa de tornar o jogo mais apelativo não foi bem conseguida e até seleccionar um inimigo é uma tarefa penosa quando este está em movimento. É também aqui que os problemas na IA mais se notam, tanto em beneficio dos inimigos como nosso, pois por vezes somos confrontados com um mercenário que se recusa a disparar enquanto é machadado por um inimigo, e por outro lado há casos em que os inimigos simplesmente correm em direcção das nossas balas, passando o combate a resumir-se a uma chacina. No entanto existe algo que é de alguma forma um híbrido. Ao carregar no espaço temos a opção de dar ordens enquanto o jogo fica pausado. Apesar de não ser um sistema perfeito é essencial utiliza-lo para obter sucesso. Jogado desta forma Back in Action assemelha-se muito à jogabilidade de Frozen Synapse. Quando aquilo que nós prevemos acontece e ficamos apenas a assistir a um combate sincronizado e ficamos com a sensação de sermos um grande estratega militar é onde Back in Action volta a mostrar novamente que consegue dar alguma satisfação a quem o joga. No entanto o nível de dificuldade acentuado, algumas mecânicas ultrapassadas e má implementação de outras podem afastar grande parte do seu publico alvo. Não é um jogo fácil e erros básicos obrigam-nos em maior parte dos casos a recomeçar o nível ou o combate. Algo imprevisível como o encravar da arma de um mercenário facilmente causa a morte de todo o esquadrão. Felizmente existe uma função que grava o nosso jogo no momento em que um combate é iniciado, no entanto este “auto-save” aumenta a probabilidade do jogador não ver proveito em jogar o jogo tacticamente, sendo possível por tentativa e erro forçar a vitória sem qualquer estratégia planeada.

Toda a experiência de jogo é “Single Player” não existindo qualquer tipo de modo multijogador, no entanto a campanha deverá demorar algum tempo a acabar se conseguirem olhar para lá dos seus defeitos. Comparando com a concorrência Jagged Alliance: Back In Action é único o suficiente para se destacar num género onde já poucas propostas vão aparecendo e provavelmente agradará aos fãs resistentes da série. Para aqueles que nunca jogaram nada do género, poderá ser uma tarefa penosa e poderão sentir-se perdidos, acabando por desistir ao fim de algumas horas de jogo em que pouco conseguiram avançar. O tutorial que existe, cobre praticamente tudo o que é necessário saber, no entanto a ausência de qualquer situação de perigo eminente pode dar uma ideia errada relativamente ao que se vai passar na campanha onde a dificuldade aumenta exponêncialmente.

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