Análise: Mugen Souls

Apesar de o numero de JRPGs desta geração já superar o numero de lançamentos do gênero da geração passada, a verdade é que o numero de jogos de renome não tem sido muito grande. Algumas sequelas de titulos de sucesso da geração passada conseguiram alcançar algum hype, que nem sempre acabou com uma boa recepção por parte dos jogadores nem da critica.

Até Final Fantasy não escapou a algumas criticas da critica e de muitos jogadores que queriam um jogo mais próximo de títulos anteriores. Esta geração foi dominada por RPGs ocidentais, como Mass Effect ou Elder Scrolls, com números de vendas impressionantes e uma qualidade muito acima da média.

As causas disto são em parte a grande melhoria de qualidade dos RPGs ocidentais, como Fallout, Skyrim e Mass Effect e à fraca inovação dos títulos orientais, com muitos jogos a saírem com mecânicas ultrapassadas e gráficos datados. Combates por turnos parecem já não agradar os jogadores como antes e enquanto que alguns estúdios tentaram criar uma especie de híbridos entre combates por turnos e RPGs de ação como Skyrim, o resultado nem sempre foi brilhante.

Por estas e outras razões muitos títulos oriundos do Japão passaram despercebidos esta geração e nós aqui já analisamos alguns desses, tal como a série Atelier passada em Arlem. Mugen Souls é uma nova tentativa da Compile Heart e distribuído na Europa e Estados Unidos pela NIS America depois dos fracos resultados de Hyperdimension.

A estória de Mugen Souls roda em torno de Chou-Chou, a auto-proclamada “indisputada deusa do universo”. O objectivo de Chou-Chou é fazer com que tudo no universo se curve diante dela e isso inclui os sete mundos do universo. Cada um destes mundos é baseado numa cor e uma característica distinta que por vezes é um pouco forçada. O mundo azul por exemplo é mundo do metal e o vermelho o mundo fogo. O problema nestas características é que por vezes tudo parece muito forçado para se adaptar ao mundo em questão. No inicio os companheiros de Chou-Chou são Ryuto, o seu fiel súbdito e capitão da sua nave e Altis um anjo que já foi um demônio mas perdeu  o titulo porque sem que tentava fazer mal acabava por fazer bem.

Chou-Chou tem a habilidade de mudar a sua forma, tendo cada uma destas uma personalidade diferente. Isto é importante especialmente para usar uma outra habilidade de Chou-Chou, a de tornar inimigos em seus leais súbditos.Durante o combate além de atacar os inimigos podem tentar converte-los, estando o sucesso dessa conversão ligado à atração que estes têm por Chou-Chou. Devem tentar usar a forma que mais atrai o inimigo que pretendem converter, tendo em atenção que o numero de vezes que podem trocar de forma está limitado.

Apesar de ganhar os combates ser importante, mais importante é conseguir converter o máximo numero de inimigos possível, pois todos eles convertem para pontos que são depois usados em vários aspectos do jogo.

Apesar de muitas vezes se criticar os jogos da NIS pela sua simplicidade na estória, que serve normalmente apenas como desculpa para o combate, Mugen Souls não é o melhor exemplo disso. A estória consegue ser minimante interessante, especialmente se forem fãs de anime ou da cultura pop japonesa em geral, uma vez que o jogo é caracterizado por doses generosas de um humor muito particular. Quem aprecia o gênero irá achar muito mais piada do que os restantes jogadores e haverá certamente muitos que não irão achar graça nenhum às piadas sexuais de Mugen Souls.

Mugen Souls tem visuais bastante coloridos e a arte do jogo é brilhante. As imagens estilo anime das personagens apesar de paradas tal como na série Atelier fazem o seu trabalho, apesar de ter gostado de ver algumas cutscenes anime com os mesmo modelos. Os mundos são também coloridos mas exageram demasiado num certo aspecto para reforçar o tema. O mundo de fogo tem demasiada lava e o mundo de neve tem demasiados homens de neve.

Infelizmente o grafismo em si não acompanha a qualidade da arte, parecendo bastante datado em relação a outros lançamentos atuais, estando alguns degraus abaixo de Atelier Meruru por exemplo. Alguns problemas de performance agravam a ideia que já tinha do motor utilizado, havendo bastante quebras de framerate quando há muitos inimigos no ecrã. Durante a exploração de cada área notei também falta de fluidez, como se a framerate durante a exploração fosse bastante inferior que em combate, no entanto não consigo explicar o porquê, sendo apenas uma sensação que fica quando se joga as primeiras horas mas que se deixa de ligar depois.

Tal como a NIS nos habituou o trabalho de vozes é fantástico, as vozes em inglês está ao nível das japonesas, não se notando um esforço em demasiado que por vezes se ouve em muitas dobragens e quando isso acontece melhor, uma vez que é melhor ouvir em inglês pois é bastante mais fácil de seguir as legendas.

A musica de fundo também está a um nível alto de qualidade, apesar de não agradar a toda a gente certamente, não há muitos sons que sejam demasiado repetitivos ou irritantes e os sons do combate funcionam bem dentro do tema. Juntamente aos visuais coloridos o som consegue criar uma atmosfera anime que não desaponta.

Se até aqui tudo parece simples esperem até chegarmos à jogabilidade. Primeiro é preciso referir que existem no minimo dez formas diferentes de abordar cada combate. Maior parte de Mugen Souls desenrola-se num campo com inicio e fim bastante linear. Os inimigos e itens são visíveis pelo que não existem combates aleatórios, tocar no inimigo inicia o combate.

Tal como em Atelier podem atacar primeiro para garantir que durante o combate têm direito ao primeiro turno, enquanto que se o inimigo vos atacar pelas costas tem direito ao primeiro turno. O combate é bastante semelhante a Hyperdimension, podem mover-se numa certa área para colocar as vossas personagens de forma estratégica para que fiquem perto uns dos outros, iniciando assim combos quando atacam de uma forma bastante semelhante a Disgaea só que num mapa totalmente 3D.

Chou-Chou é a unica personagem que pode fazer “Moe Killing”. Cada inimigo tem uma certa afinidade a cada uma das formas de Chou-Chou e um “estado de espirito, podem estar contentes, tristes, etc. Quando se tenta usar “Moe Kill” podemos fazer escolhas de diálogo para usar no inimigo e se tudo estiver correto conseguimos torná-lo um dos nossos súbditos. O resultado pode ser diferente e o inimigo ser tornado num item. Também pode correr mal e enfurecer o inimigo, restabelecendo toda a sua vida e ficando mais forte, felizmente matá-lo dá uma maior recompensa.

Cada área de combate tem ainda um cristal que pode também ser convertido. Estes cristais têm efeitos de área que tanto podem fazer-nos mais fortes como dar-nos dano ou dar dano ao inimigo. Caso consigam converter o cristal acabam instantaneamente o combate e convertendo automaticamente os inimigos.

Os ataques especiais têm afinidades, um ataque de fogo tem afinidade masoquista por exemplo, logo têm que ter cuidado para usar o ataque certo ou então podem ajudar o inimigo em vez de o derrotar. Alguns ataques podem também lançar o inimigo pelo mapa, podendo derrubar outros inimigos danificando-os.

Tal como em Disgaea existe uma espécie de item world, chamado aqui de mugen field. Aqui podem encontrar dos combates mais difíceis mas que são muito bem recompensados. Jogando no mugen field podem aumentar o level cap, melhorar habilidades ou itens, oferecendo até mais opções que o item world de Disgaea.

Desde itens a personagens tudo é customizável, infelizmente esta tarefa é normalmente bastante dispendiosa e ocupa demasiado tempo para ser interessante. Mugen Souls é um RPG bastante interessante com uma jogabilidade bastante interessante e profunda. Infelizmente o grafismo é um pouco pobre e a jogabilidade pode ter uma curva de aprendizagem demasiado elevada. Mas estes problemas são fáceis de ignorar quando comparados à diversão que Mugen Souls oferece, especialmente com o seu humor.

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