We Are The Dwarves é um título que mistura ação e estratégia tática em tempo real, oferecendo uma experiência que vai desde o controle de unidades em combate até elementos de furtividade e exploração. Desenvolvido pela Rocket Jump, o jogo coloca-nos no papel de três anões astronautas que viajam através de um universo estranho e misterioso para salvar a sua raça. A premissa é bastante simples: os três heróis, Forcer, Smashfist e Shadow, partem numa jornada para encontrar uma nova estrela, mas logo se deparam com uma série de desafios e perigos que os forçam a reorganizar a sua equipa. Com visuais impressionantes e um sistema de combate que mistura várias abordagens, o jogo tem o potencial de cativar fãs de estratégia e ação. No entanto, o título apresenta algumas falhas que podem desviar a experiência de jogo, tornando-a mais frustrante do que divertida, especialmente para quem não está preparado para um desafio implacável.
Jogabilidade
A jogabilidade de We Are The Dwarves baseia-se principalmente na utilização de um sistema tático em tempo real. O jogo mistura movimentação point-and-click com uma série de comandos simples atribuídos ao teclado, o que torna a mecânica acessível a qualquer jogador que tenha experiência com jogos de estratégia. A movimentação das unidades é intuitiva, e a seleção dos heróis é feita de forma eficiente, permitindo ao jogador alternar entre eles com facilidade durante as missões. Cada um dos três anões tem habilidades únicas que se relacionam com os seus papéis na equipa: Forcer é um atirador, Smashfist um lutador corpo a corpo, e Shadow é um assassino com habilidades furtivas.
No entanto, um dos maiores problemas do jogo é o modo como o combate se desenrola. We Are The Dwarves tenta combinar a ação direta com momentos furtivos, mas o equilíbrio entre as duas abordagens é mal feito. O jogo constantemente incentiva o jogador a evitar confrontos directos e a usar furtividade para ultrapassar inimigos, mas a maioria das habilidades disponíveis está focada em combate. Quando um inimigo nos detecta, a luta pode ser extremamente difícil, com os inimigos a infligirem grandes danos e a aparecimento de hordas inteiras de inimigos, o que torna o combate excessivamente punitivo. Isso leva a uma sensação de frustração constante, especialmente quando é necessário recorrer à habilidade de abrandar o tempo para sobreviver, o que acaba por ser uma solução repetitiva que, longe de melhorar a experiência, faz com que o jogador questione a utilidade de um jogo de estratégia em tempo real. A implementação dos elementos de furtividade também é problemática. Embora o jogo ofereça sensores para os inimigos, como visão, audição e olfato, as áreas onde se pode aplicar uma abordagem furtiva são limitadas e frequentemente mal desenhadas, o que obriga o jogador a seguir o único caminho viável, onde inevitavelmente vai ser detectado. As missões que enfatizam a furtividade tendem a exigir timing extremamente preciso, o que pode ser frustrante quando a detecção dos inimigos se torna uma questão de sorte, e não de habilidade.

Mundo e história
A história de We Are The Dwarves gira à volta da tentativa desesperada dos três anões de salvar a sua raça, à medida que enfrentam vários perigos num universo distante e cheio de mistérios. A premissa é interessante, com uma mistura de ficção científica e fantasia, onde o jogador é imerso num ambiente onde criaturas alienígenas e vegetação de outro mundo coexistem. No entanto, a narrativa nunca se sente realmente profunda. A história é contada através de pequenos detalhes e diálogos entre os personagens, mas falta-lhe a profundidade emocional que poderia tornar a jornada dos anões mais envolvente. Os personagens principais, Forcer, Smashfist e Shadow, têm personalidades distintas, mas a sua evolução ao longo do jogo não é suficientemente explorada. Embora o jogo nos apresente momentos de interação entre os anões, esses momentos não são suficientes para criar uma ligação forte com os personagens. A dinâmica entre eles poderia ter sido melhor desenvolvida, e a história, embora competente, não é particularmente inovadora ou emocionante.
Grafismo
We Are The Dwarves destaca-se pela sua direção artística, que combina elementos de fantasia e ficção científica de uma maneira visualmente interessante. O design dos cenários e das criaturas é um dos pontos fortes do jogo, com paisagens alienígenas e flora exuberante que criam uma atmosfera única e misteriosa. As texturas são detalhadas, e as animações, embora simples, cumprem o seu papel de forma eficaz, contribuindo para a imersão do jogador no mundo do jogo. No entanto, a grandiosidade dos cenários acaba por ser um pouco contraditória com a jogabilidade. Embora o mundo pareça vasto e cheio de possibilidades, muitas das áreas são limitadas e forçam o jogador a seguir caminhos específicos, tornando o ambiente mais linear do que se poderia esperar de um jogo deste tipo. Além disso, o design dos níveis, em algumas situações, não favorece a abordagem furtiva, obrigando os jogadores a serem mais agressivos, o que pode ser frustrante, dada a dificuldade elevada que o jogo impõe.

Som
O som é outro ponto em que We Are The Dwarves brilha. A trilha sonora é bem composta e ajuda a estabelecer a atmosfera do jogo, transmitindo uma sensação de isolamento e mistério no universo desconhecido que os anões exploram. A música tem uma qualidade épica, que se adapta bem ao tom do jogo, especialmente durante momentos de combate intenso ou exploração. No entanto, a dublagem dos anões é um tanto dececionante. Embora os diálogos e as interações entre os personagens sejam bem escritos, as vozes dos anões soam frequentemente artificiais e desajeitadas, o que quebra um pouco a imersão. A falta de emoção nas interpretações dos personagens faz com que as cenas que deveriam ser mais dramáticas ou impactantes se tornem quase sem vida. Felizmente, a dublagem não está presente em todas as interações, sendo mais notável durante os momentos chave do enredo.
Conclusão
We Are The Dwarves tem uma premissa interessante e oferece uma experiência visualmente apelativa, mas o seu design de jogo peca em vários aspetos, especialmente na implementação de furtividade e no equilíbrio entre combate e exploração. A história e os personagens poderiam ser mais desenvolvidos, e a jogabilidade, embora sólida, acaba por se tornar repetitiva e frustrante devido à dificuldade implacável e à falta de uma verdadeira recompensa pelas escolhas estratégicas. O jogo tem ideias interessantes, mas muitas delas são mal implementadas, o que impede que We Are The Dwarves se destaque como uma verdadeira obra-prima dentro do seu género.
Se és fã de jogos de estratégia em tempo real e procuras um desafio imenso, We Are The Dwarves pode ainda assim ser uma experiência que vale a pena explorar. No entanto, para quem prefere uma experiência mais equilibrada e acessível, o jogo poderá ser frustrante a longo prazo. Com uma jogabilidade que pede muita paciência e uma narrativa que não cumpre todo o seu potencial, o título só pode ser recomendado aos jogadores mais hardcore que procuram um desafio que testará a sua perseverança.