Overfall é um jogo que mistura elementos de roguelike e RPG tático, colocando os jogadores numa jornada cheia de desafios e decisões narrativas. Depois de uma campanha no Kickstarter e um percurso pelo Steam Greenlight, Overfall chegou ao seu lançamento completo com uma promessa de oferecer uma experiência rica em narrativa e combate tático. No entanto, apesar da sua profundidade mecânica e variedade de escolhas, o jogo apresenta algumas limitações que podem afetar a sua longevidade.
Jogabilidade
O jogo começa com a personalização de um par de personagens, sendo que, inicialmente, poucas opções estão disponíveis. À medida que se completam missões, novas classes, habilidades e artefactos são desbloqueados, permitindo maior flexibilidade nas estratégias futuras. O sistema de combate decorre num tabuleiro hexagonal e divide-se em três fases por turno: movimento, utilidade e ataque. Cada personagem tem um conjunto de habilidades específicas que devem ser usadas estrategicamente para maximizar o dano e minimizar os efeitos negativos recebidos. A complexidade do combate torna-se evidente quando se percebe a importância dos buffs e debuffs. Com um total de 39 condições distintas que podem ser aplicadas, a leitura e gestão dos estados das personagens tornam-se cruciais. Infelizmente, a forma como essas condições são apresentadas pode ser confusa, pois os ícones pequenos podem passar despercebidos durante a batalha. A dificuldade crescente obriga os jogadores a um planeamento cuidadoso, pois cada combate pode trazer efeitos permanentes para as personagens, afetando o seu desempenho futuro.

Mundo e história
A narrativa de Overfall começa de forma dramática, com dois heróis enviados através de um portal pelo rei Ever King, regressando 300 anos depois com um disco mágico e uma raça de guerreiros furiosos chamada Vorn no seu encalço. A partir deste momento, o jogador tem total liberdade para navegar pelos mares e explorar ilhas, onde encontra eventos narrativos diversificados. As missões e eventos são um dos pontos fortes do jogo, proporcionando histórias que variam entre momentos humorísticos, referências à cultura pop e situações de grande carga emocional. Contudo, a repetição torna-se evidente após algumas horas de jogo, pois muitos dos eventos são reciclados em novas jornadas. Ainda assim, existe uma tentativa de mitigar este problema através da inclusão de um editor de histórias, permitindo que os jogadores criem e partilhem novos conteúdos.
Grafismo
Visualmente, Overfall apresenta um estilo de arte cartoonizado, com personagens e criaturas estilizadas que se encaixam bem no tom ligeiro da narrativa. Os mapas são variados o suficiente para manter a exploração interessante, com ilhas e biomas distintos que ajudam a diferenciar as zonas. As animações são simples, mas eficazes, e conseguem transmitir bem a ação dos combates. Apesar do charme da direção artística, a interface pode tornar-se um problema, especialmente nos combates. Os ícones das condições são pequenos e podem passar despercebidos no calor da batalha, levando a erros que poderiam ser evitados com um design mais intuitivo. Para um jogo tão dependente da gestão de status, uma apresentação mais clara destes elementos teria sido uma melhoria bem-vinda.

Som
A banda sonora de Overfall contribui para a atmosfera do jogo sem se tornar intrusiva. As músicas variam entre temas de exploração relaxantes e melodias mais intensas durante os combates. Os efeitos sonoros cumprem bem a sua função, com sons distintos para ataques, habilidades e interações no mundo. No entanto, a repetição também se faz sentir no áudio, especialmente após algumas horas de jogo. A variedade de faixas não é suficiente para evitar uma certa fadiga auditiva, principalmente em sessões prolongadas. Alguma diversidade adicional na trilha sonora poderia ter ajudado a manter o jogo mais envolvente a longo prazo.
Conclusão
Overfall é um roguelike tático que se destaca pelo seu sistema de combate profundo e pelas interações narrativas que oferecem escolhas interessantes ao jogador. O mundo aberto e os eventos diversificados mantêm a experiência envolvente, mas a repetição das missões e a interface pouco intuitiva podem prejudicar a longevidade do jogo. A dificuldade elevada pode ser um desafio para jogadores menos experientes, mas também adiciona um elemento de satisfação ao sucesso em combates difíceis. A inclusão de um editor de histórias é uma boa tentativa de expandir o conteúdo, mas depende da participação ativa da comunidade para se tornar um recurso verdadeiramente valioso. No geral, Overfall é uma experiência recomendada para fãs de jogos táticos e roguelikes que procuram um desafio profundo e uma abordagem narrativa envolvente.