Antevisão: Rise of Rebellion

Rise of Rebellion é um RPG de ação desenvolvido pelo estúdio Hytacka, liderado por um ex-designer de DLC de Dark Souls 3. O jogo pretende posicionar-se no género Soulslike, oferecendo combates desafiantes, um mundo repleto de deuses e criaturas místicas e um sistema de progressão baseado em novas habilidades. Com uma demo disponível no Steam Next Fest, a oportunidade de experimentar o jogo revela um projeto ambicioso, mas ainda longe de estar refinado. O combate rápido e os sistemas de RPG têm potencial, mas a execução tropeça em diversos problemas que prejudicam a experiência geral.

Jogabilidade

A estrutura de Rise of Rebellion segue de perto a fórmula estabelecida pelos Soulslike. O combate é baseado numa mistura de ataques leves e pesados, parries e esquivas, com um ritmo mais acelerado do que o habitual no género. Esta abordagem aproxima-se mais de títulos como Ys ou The First Berserker: Khazan do que dos jogos da FromSoftware. Um dos elementos mais diferenciadores do jogo é o uso de inputs direcionais para modificar ataques e defesas, mas na prática este sistema não é tão intuitivo como aparenta. A falta de feedback claro e a inconsistência das animações dificultam o seu uso eficaz. A árvore de habilidades substitui os atributos tradicionais dos Soulslike por uma rede de movimentos e melhorias. Os jogadores podem desbloquear novos ataques especiais e golpes que gastam a energia gerada ao acertar ou desviar ataques. Este sistema reforça a natureza ofensiva do combate, tornando-o mais dinâmico, mas a falta de precisão nos controles e a agressividade desbalanceada dos inimigos podem tornar a experiência frustrante. Muitas animações são bruscas e os inimigos nem sempre respeitam tempos de preparação, tornando a defesa e o contra-ataque mais uma questão de sorte do que de habilidade.

Mundo e história

A demo abre com uma sequência numa prisão, um cenário familiar para os fãs do género. O jogo promete um universo onde deuses, dragões e heróis desempenham papéis fundamentais, mas a narrativa até agora é difícil de seguir. Ao contrário da abordagem enigmática e bem construída dos Soulslike, Rise of Rebellion parece sofrer mais de uma tradução apressada do japonês para inglês do que de uma verdadeira intenção de mistério. O resultado é uma introdução confusa e personagens sem grande desenvolvimento. Apesar da promessa de um mundo rico, a demo não consegue transmitir um sentido de profundidade ou coerência no seu universo. O design dos níveis aposta num estilo interligado, com atalhos e mecanismos para desbloquear, mas falta uma identidade clara que torne a exploração interessante. A sensação geral é de que o jogo tenta imitar os clássicos do género sem conseguir captar a essência que os torna cativantes.

Grafismo

Visualmente, Rise of Rebellion apresenta vários problemas. A movimentação da personagem parece instável, com animações de esquiva e salto que frequentemente falham ou não respondem corretamente. Os inimigos sofrem do mesmo problema, sendo projetados para trás de forma exagerada ou movendo-se de forma errática. Há uma estranheza geral na física do jogo, como se os personagens e inimigos deslizassem pelo cenário sem peso real. O design dos níveis também apresenta falhas, com geometrias que se sobrepõem incorretamente e partes do cenário que parecem inacabadas. A iluminação padrão do Unreal Engine dá um aspeto genérico ao jogo, sem a atenção ao detalhe necessária para criar uma atmosfera envolvente. A presença de motion blur intenso, que não pode ser desativado, agrava ainda mais a experiência, tornando a jogabilidade desconfortável.

Som

A componente sonora de Rise of Rebellion é dececionante. A demo é surpreendentemente silenciosa, com uma ausência de música que poderia ajudar a criar uma atmosfera mais envolvente. Os efeitos sonoros também carecem de impacto, com golpes e colisões que não transmitem a sensação de peso necessária num jogo deste género.

Os Soulslike são conhecidos por utilizarem o som de forma estratégica, seja para aumentar a tensão nos combates ou para dar pistas subtis sobre a presença de inimigos e armadilhas. Rise of Rebellion falha nesse aspeto, deixando os confrontos e a exploração sem um suporte sonoro adequado. Sem uma trilha sonora marcante ou efeitos bem trabalhados, o jogo perde uma parte importante da imersão.

Conclusão

Rise of Rebellion tem algumas ideias interessantes e um potencial latente, mas a sua demo revela um jogo longe de estar pronto para lançamento. O combate tem ritmo, mas sofre com problemas de precisão e equilíbrio. A história e o mundo ainda não conseguem cativar, e a componente técnica deixa muito a desejar, desde as animações instáveis até à fraca qualidade sonora. Apesar do apoio da Kodansha ao projeto, há muito trabalho a ser feito para que este RPG de ação se torne uma recomendação viável. Com uma previsão de lançamento para 2025, a grande questão é se o tempo disponível será suficiente para transformar esta base instável num jogo verdadeiramente memorável.

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