Análise: DreadOut Remastered Collection

DreadOut Remastered Collection é uma reedição do jogo de terror indonésio DreadOut e do seu DLC Keepers of the Dark. Inspirado por clássicos como Fatal Frame, este jogo coloca-nos no papel de uma estudante que se encontra presa numa escola abandonada, rodeada de presenças sobrenaturais que deve enfrentar com a ajuda do seu telemóvel e, posteriormente, de uma câmara DSLR. A premissa é interessante, especialmente para os fãs de terror asiático, mas a execução tem falhas que comprometem a experiência. Com um ambiente bem conseguido e uma narrativa intrigante, DreadOut Remastered Collection tenta oferecer uma viagem arrepiante, mas nem sempre acerta no que realmente importa.

Jogabilidade

A jogabilidade de DreadOut Remastered Collection é bastante simples, focando-se na exploração e no uso da câmara para derrotar os fantasmas que assombram o local. O conceito é semelhante ao de Fatal Frame, substituindo a câmara tradicional por um telemóvel, embora a meio do jogo se obtenha uma câmara DSLR com flash. O jogo baseia-se essencialmente na procura de chaves e na resolução de pequenos puzzles para progredir, mas os encontros com os inimigos são o verdadeiro desafio. Embora os encontros regulares com fantasmas sejam interessantes, os combates contra bosses são frustrantes devido à falta de precisão dos controlos e ao tempo de resposta da câmara. Um dos momentos mais frustrantes é a batalha contra o Scissor Phantom, um inimigo que se move rapidamente e exige uma resposta quase instantânea para ser derrotado. A mecânica de morte também deixa a desejar. Cada vez que Linda morre, regressa a um limbo onde deve correr para a luz, mas a distância a percorrer aumenta a cada morte, tornando esta sequência entediante e desnecessariamente punitiva. Muitos jogadores vão preferir reiniciar o jogo após cada morte para evitar este sistema.

Mundo e história

A história de DreadOut Remastered Collection segue Linda, uma estudante que, durante uma viagem escolar, fica presa numa cidade assombrada juntamente com os seus colegas e professora. O grupo acaba por se separar e Linda encontra-se sozinha a explorar uma escola abandonada, onde deve enfrentar várias entidades sobrenaturais. O enredo é contado de forma fragmentada através de notas, objetos e encontros com os fantasmas, o que pode tornar a narrativa confusa. Keepers of the Dark, o DLC incluído, acrescenta mais informações sobre o universo do jogo, mas não oferece uma história tão envolvente quanto a campanha principal. Este conteúdo extra funciona mais como uma série de salas de desafios do que como uma continuação da história, reutilizando cenários e inimigos do jogo base. Apesar disso, revela detalhes sobre a misteriosa Dama Vermelha e o papel de Linda em todo este pesadelo.

O folclore indonés, que serve de base para o jogo, é um dos aspetos mais interessantes da experiência. Os fantasmas e entidades são inspirados em lendas locais, o que confere uma identidade própria ao jogo e o diferencia de outros títulos do género. No entanto, o ritmo da narrativa nem sempre é bem conseguido, deixando muitos dos seus momentos mais tensos sem o impacto desejado.

Grafismo

DreadOut Remastered Collection tenta recriar o estilo visual dos jogos de terror da era da PlayStation 2, e atinge esse objetivo de forma razoável. Os ambientes têm um bom design, conseguindo transmitir uma sensação de abandono e decadência. Os modelos das personagens são simples, mas algumas animações são surpreendentemente boas, especialmente nas interações com certos fantasmas. No entanto, a iluminação e os efeitos visuais podiam ser melhorados. Muitos cenários parecem vazios e sem vida, o que retira imersão à experiência. O facto de se tratar de um port mais do que de um verdadeiro remaster é evidente, com texturas de baixa qualidade e pouca atenção aos detalhes. A interface também poderia ser mais polida, e as legendas pequenas dificultam a leitura, especialmente na versão para a Nintendo Switch.

Som

O design de som é um dos pontos altos do jogo. Os efeitos sonoros conseguem criar uma atmosfera assustadora, com ruídos ambientais que aumentam a tensão. Os sussurros, risos e lamentos dos fantasmas contribuem para um ambiente de terror eficaz. A banda sonora é usada de forma minimalista, com momentos de silêncio que reforçam o suspense. Quando a música entra em cena, acentua a sensação de perigo, tornando os encontros com os inimigos ainda mais intensos. As vozes das personagens são funcionais, mas algumas linhas de diálogo soam forçadas ou mal interpretadas. Os fantasmas, por outro lado, têm vozes que encaixam bem na atmosfera do jogo, tornando as suas presenças ainda mais perturbadoras.

Conclusão

DreadOut Remastered Collection é um jogo que tem boas ideias, mas não consegue concretizá-las de forma consistente. O ambiente e o conceito base são interessantes, especialmente para os fãs de terror asiático, mas a jogabilidade sofre com controlos pouco responsivos, encontros frustrantes e mecânicas desnecessariamente punitivas. A história e o folclore indonés são pontos positivos, mas a sua execução deixa a desejar. Os cenários carecem de detalhe, e a falta de melhorias significativas face à versão original impede que este seja um verdadeiro remaster. Ainda assim, para quem gosta de jogos como Fatal Frame e procura algo semelhante, DreadOut pode valer a pena, desde que não se espere demasiado. Se o jogo tivesse uma jogabilidade mais refinada e um combate menos frustrante, poderia ser uma experiência memorável. Assim como está, é um jogo com momentos de brilho, mas também com demasiadas falhas para se destacar verdadeiramente no género de terror.

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