Pets Hotel é um daqueles jogos que à primeira vista parece ter tudo para conquistar os amantes de experiências acolhedoras e relaxantes, especialmente os que têm uma queda por animais. Desenvolvido e publicado pela Ultimate Games, o título apresenta-se como um simulador de gestão onde o jogador assume o papel de dono de um hotel para animais. A promessa é simples: gerir um negócio dedicado ao bem-estar de cães, gatos, peixes, tartarugas e outros pequenos animais enquanto se cuida deles com atenção e carinho. No entanto, apesar de toda esta premissa apelativa, a experiência acaba por não cumprir o que promete, falhando em proporcionar a sensação de conforto que normalmente se espera de um jogo deste género.
Jogabilidade
A estrutura do jogo é bastante direta. O jogador começa por atender chamadas de clientes, recolhendo informações sobre os animais e a duração da estadia. Depois, é necessário registar os dados no computador, receber os animais, levá-los até aos seus quartos e garantir que todas as suas necessidades são atendidas: alimentação, banho, brincadeiras, idas à casa de banho e outras atividades semelhantes. Cada uma destas ações corresponde a um pequeno minijogo que o jogador deve completar. A cada saída de um animal, o processo recomeça com o hóspede seguinte. Embora esta simplicidade aparente possa ser adequada para jogadores mais novos, o jogo peca por não oferecer um tutorial eficaz. Muitos dos passos mais básicos, como inserir corretamente a duração da estadia ou contratar funcionários através do computador, não são bem explicados, o que obriga o jogador a perder tempo a explorar menus pouco intuitivos. Além disso, a inteligência artificial dos assistentes é duvidosa, com momentos algo caricatos, como personagens a girar em círculos sem motivo aparente. Ainda que isso possa arrancar um sorriso, acaba por sublinhar a falta de polimento geral do jogo. O Pets Hotel inclui também um modo desafio com quatro hotéis pré-construídos, onde o objetivo é manter um número mínimo de animais em bom estado durante 30 dias, enquanto se gere o orçamento e se tenta aumentar a reputação. Existe ainda um modo livre, onde é possível construir um hotel do zero, permitindo maior liberdade criativa. Ainda assim, as limitações da jogabilidade acabam por tornar estas variantes menos entusiasmantes do que poderiam ser.

Mundo e história
Não se espera que um simulador de gestão tenha uma narrativa envolvente, e nesse ponto o Pets Hotel não desilude nem surpreende. Existe uma estrutura em capítulos e um modo sandbox, mas a progressão é bastante linear. O jogador é apresentado como o novo dono do hotel, recebendo as chaves e começando a aprender a gerir o espaço. Este pequeno enquadramento serve apenas para contextualizar as ações do jogador, sem grandes desenvolvimentos ou surpresas ao longo do tempo. A falta de uma história mais elaborada não é um problema por si só, mas em conjunto com a jogabilidade simplista e repetitiva, contribui para uma sensação geral de monotonia. Não há personagens memoráveis, eventos aleatórios ou elementos narrativos que incentivem a continuar a jogar por curiosidade ou envolvimento emocional.
Grafismo
Graficamente, Pets Hotel é competente, mas datado. Os animais são visualmente agradáveis e claramente o elemento mais cuidado do jogo, contribuindo para a estética adorável que se pretende. No entanto, a interação com estes exige muitas vezes que estejam posicionados de forma muito precisa, o que pode gerar frustração. A sensação é de que o jogo foi pensado para ser jogado com rato e teclado, sendo a adaptação para consola algo forçada. Os menus e a interface carecem de clareza e organização, algo que prejudica ainda mais a experiência do jogador. O layout dos controlos também não é o mais intuitivo, o que dificulta a execução de tarefas básicas e reforça a sensação de que o jogo não recebeu a atenção necessária na transição para outras plataformas.

Som
A componente sonora do jogo é funcional, mas pouco memorável. A banda sonora é composta por faixas suaves e discretas, que remetem para o ambiente tranquilo de um lobby de hotel, o que é apropriado dentro do tema. No entanto, não existe qualquer elemento sonoro que se destaque ou que contribua significativamente para a imersão. Os efeitos sonoros também são básicos e repetitivos, limitando-se a cumprir o seu papel sem adicionar profundidade à experiência. Em jogos deste tipo, a música pode desempenhar um papel importante na criação de uma atmosfera relaxante ou reconfortante. Infelizmente, Pets Hotel não tira grande partido dessa vertente, oferecendo um acompanhamento sonoro que rapidamente se torna esquecível.
Conclusão
Pets Hotel é um jogo que tinha potencial para ser uma experiência aconchegante e encantadora, mas que falha em várias frentes importantes. A ideia de gerir um hotel para animais é cativante e existe uma base sólida que poderia ser desenvolvida de forma mais envolvente. Contudo, os controlos pouco intuitivos, a interface mal concebida, a inteligência artificial inconsistente e a falta de conteúdo significativo tornam a experiência frustrante e repetitiva. O jogo poderá ter algum valor para jogadores mais jovens ou para quem procura uma experiência muito simples, mas mesmo nesse caso, a fraca execução pode tornar-se um obstáculo difícil de ignorar. Com mais atenção ao detalhe e uma adaptação mais cuidada às consolas, Pets Hotel poderia ter sido uma boa adição ao catálogo de jogos de simulação. Assim como está, fica aquém das expectativas e dificilmente conseguirá manter o interesse dos jogadores por muito tempo.