Análise: Slay the Alice

Slay the Alice é uma aventura textual com elementos roguelike desenvolvida por SUZUMIHARA e publicada pela WSS playground. Como um dos primeiros projetos da marca Baron du Juvenile, o jogo propõe uma reinterpretação do clássico Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, inserindo elementos de horror e mecânicas aleatórias para criar uma experiência intrigante. O jogo aposta num visual pixelizado e numa estrutura narrativa que mistura visual novel com point-and-click, oferecendo uma abordagem pouco convencional ao conto clássico.

Jogabilidade

A jogabilidade de Slay the Alice baseia-se numa progressão através de um mapa formado por vários pontos interligados, onde cada escolha influencia os eventos que surgem a seguir. O objetivo principal é levar Alice até ao Castelo de Corações, recolhendo cinco flores pelo caminho para desbloquear diferentes finais. Os eventos são em grande parte aleatórios, garantindo que cada tentativa de jogo traga novos desafios e possibilidades.Cada nó do mapa pode apresentar situações de narrativa fixa, eventos aleatórios, zonas seguras ou desafios onde Alice deve evitar monstros. O jogador precisa gerir os pontos de vida da protagonista, que começa com oito pontos e perde-os ao longo da jornada dependendo das decisões tomadas. Além disso, há um recurso chamado bolotas, que podem ser usadas como moeda num evento especial com uma árvore. Estas mecânicas adicionam uma camada de gestão de risco, tornando a experiência mais envolvente.

Mundo e história

A narrativa do jogo acompanha Alice, uma jovem que, enquanto regava as suas plantas, encontra um coelho verde e o segue, caindo num abismo e engolindo uma semente falante. Sem forma de voltar para casa, ela e a semente embarcam numa jornada por um mundo misterioso e repleto de referências ao conto de Lewis Carroll. Ao longo da aventura, encontramos personagens icônicos reinterpretados, como o Chapeleiro Maluco, a Lebre e o Gato Risonho. Contudo, o jogo introduz também uma forte temática botânica, com plantas desempenhando um papel fundamental na história e na construção do ambiente. O elemento aleatório na estrutura da narrativa impede que a experiência seja completamente linear, incentivando a exploração e a tentativa de diferentes caminhos para descobrir mais detalhes sobre este mundo peculiar.

Grafismo

Slay the Alice utiliza um estilo de pixel art vibrante e detalhado, criando um contraste interessante entre os elementos visuais coloridos e os momentos de horror presentes na trama. Os cenários e personagens são desenhados com um charme que lembra os jogos clássicos, mas o jogo não hesita em utilizar efeitos visuais perturbadores para reforçar a sua atmosfera sombria. O mapa do jogo tem um aspeto reminiscentes de um livro antigo, com os eventos da história a serem apresentados num pequeno quadro central sobre um fundo negro. Essa abordagem minimalista foca a atenção nos detalhes importantes da narrativa, ao mesmo tempo que evoca a estética dos filmes clássicos, com efeitos que imitam rolos de filme. Alguns momentos utilizam glitches visuais propositados para criar um efeito de instabilidade, contribuindo para o tom enigmático da experiência.

Som

A componente sonora do jogo reforça a sua identidade peculiar. A banda sonora aposta em melodias suaves e misteriosas que ajudam a construir a atmosfera do mundo de Alice. No entanto, em momentos específicos, o jogo introduz sons perturbadores e distorções que aumentam a sensação de desconforto e reforçam os elementos de horror presentes na narrativa. Os efeitos sonoros são bem utilizados para dar vida aos eventos, desde o som das tesouras que Alice utiliza até os barulhos das criaturas que espreitam nas sombras. Apesar de não ser um jogo com grande foco no áudio, a combinação entre música e efeitos sonoros funciona de forma eficaz para complementar a experiência visual e narrativa.

Conclusão

Slay the Alice apresenta uma proposta interessante, misturando elementos de visual novel, point-and-click e roguelike num mundo inspirado em Alice no País das Maravilhas. A mecânica de aleatoriedade garante que cada tentativa seja diferente, mas a curta duração do jogo e a falta de variedade nos eventos limitam um pouco a sua profundidade. O jogo pode ser concluído em menos de uma hora, e apesar de existirem diferentes finais e conquistas para desbloquear, a repetição dos mesmos eventos reduz o fator de rejogabilidade. No entanto, para quem procura uma experiência narrativa curta e intrigante, Slay the Alice consegue oferecer um mundo bem construído, uma atmosfera envolvente e uma abordagem curiosa ao conto clássico. Após completar a história, o jogo desbloqueia um pequeno extra no estilo tamagotchi, onde se pode interagir com personagens para gerar diferentes efeitos e tentar completar um quadro especial. Embora não seja um jogo revolucionário, é uma experiência que vale a pena para os fãs de aventuras textuais e narrativas interativas.

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