Everdeep Aurora é um jogo de exploração narrativa e plataformas que nos transporta para um mundo subterrâneo assolado por uma chuva de meteoros. Com uma estética retro inspirada na era dos 16-bit, o jogo aposta numa experiência nostálgica, simples e emotiva. O jogador controla Shell, uma pequena gata que acorda num cenário de destruição e percebe que a sua mãe desapareceu. É com este ponto de partida que mergulhamos numa aventura onde explorar, escavar e interagir com personagens singulares se tornam o centro da experiência.
Jogabilidade
A jogabilidade de Everdeep Aurora assenta numa mecânica simples mas eficaz: escavar cada vez mais fundo com a ajuda de uma broca. No entanto, esta broca tem energia limitada, exigindo que o jogador encontre locais de recarga e recolha gemas para alimentar essas máquinas. Isto acrescenta uma camada estratégica à exploração, pois é necessário planear bem os caminhos a seguir para evitar ficar preso em zonas sem saída. O mapa é gerado de forma procedural, o que garante variedade em cada sessão. O jogo também oferece pequenas missões secundárias, fruto das interações com as personagens que se vão encontrando. Estas missões, embora opcionais, enriquecem a experiência e incentivam a exploração do mundo subterrâneo. Apesar da simplicidade das mecânicas, o jogo nunca se torna monótono, graças ao ritmo fluido e à constante descoberta de novos espaços e personagens.
Mundo e história
O mundo de Everdeep Aurora é simultaneamente misterioso e encantador. A história principal — encontrar a mãe desaparecida de Shell — é o fio condutor da aventura, mas rapidamente se entrelaça com histórias paralelas que revelam fragmentos do passado e da condição atual das criaturas que habitam o subsolo. Há uma sensação constante de urgência, agravada pela destruição causada pela chuva de meteoros, mas também uma curiosidade crescente sobre os segredos escondidos nas profundezas. As personagens que se encontram ao longo do caminho estão bem escritas e têm personalidades distintas. São figuras estranhas, por vezes perturbadas pelo que viveram, mas quase sempre cativantes. As conversas com elas não só aprofundam o lore do mundo como oferecem escolhas que influenciam a forma como a narrativa se desenvolve. É um jogo que recompensa a atenção ao detalhe e a disposição para ouvir.
Grafismo
Visualmente, Everdeep Aurora é uma carta de amor à estética 16-bit. O estilo pixel art é detalhado e atmosférico, com paletas de cores que variam consoante a localização e ajudam a definir o tom de cada zona. Desde cavernas escuras e silenciosas até aldeias subterrâneas vibrantes, o grafismo dá vida a um mundo estranho mas fascinante. Os sprites das personagens são expressivos, mesmo com poucas animações, e o design dos ambientes é inteligente, transmitindo bem a sensação de descoberta e mistério. Há uma atenção ao pormenor que eleva o jogo acima da maioria dos títulos indie com estilo retro.
Som
A banda sonora de Everdeep Aurora é um dos seus pontos fortes. A música acompanha na perfeição a atmosfera do jogo, com temas suaves e melancólicos que se adaptam às diferentes zonas do mapa. Tal como as paletas de cores, a música também muda consoante o local, reforçando o tom emocional da exploração. Os efeitos sonoros são discretos mas eficazes, ajudando a criar uma experiência imersiva. O som da broca a perfurar o solo, os ruídos de fundo das cavernas e os pequenos toques nas interações contribuem para um ambiente envolvente e coeso.
Conclusão
Everdeep Aurora é uma experiência cativante que combina exploração, narrativa e estética retro com grande competência. A história simples, mas emocionalmente envolvente, as personagens memoráveis e o mundo subterrâneo cheio de surpresas tornam este jogo numa excelente proposta para quem aprecia aventuras com um toque nostálgico. É um título que não precisa de grandes efeitos ou combates intensos para se destacar — o seu charme está na atmosfera, na descoberta e na ternura da sua protagonista. Uma verdadeira joia do panorama indie que merece ser explorada até às profundezas.
