Garden of Witches é um roguelike de acção que, apesar de ainda estar em Acesso Antecipado, já apresenta um nível de polimento notável. Inspirado em títulos como Hades, este jogo oferece uma experiência encantadora com uma identidade própria. Aqui, o jogador assume o papel de Sil, uma bruxa que combate com magia e uma tesoura gigante, numa missão para salvar um jardim mágico à beira do colapso causado por um grupo de bruxas preguiçosas e irresponsáveis. Combinando uma jogabilidade desafiante com uma estética acolhedora e uma narrativa emocional, Garden of Witches destaca-se como uma das surpresas mais agradáveis do género nos últimos tempos. A sua proposta é clara: criar combinações únicas de feitiços, atributos e armas a cada tentativa, desafiando o jogador a aprender com os erros e adaptar-se constantemente. A estrutura episódica do jogo permite introduzir novas mecânicas de forma gradual, começando por capítulos que funcionam como tutoriais e evoluindo para desafios cada vez mais exigentes. Tudo isto acontece num universo cheio de personalidade, onde cada derrota é apenas mais um passo na aprendizagem rumo ao sucesso.
Jogabilidade
A jogabilidade de Garden of Witches segue as bases tradicionais do género roguelike, com progressão por capítulos, geração procedural de desafios e a promessa de builds únicas a cada nova tentativa. O jogador escolhe entre talentos aleatórios, sinergias e relíquias, o que permite múltiplas combinações e incentiva a experimentação. Apesar de, por agora, existir apenas um feitiço por tipo de bruxaria, o sistema já oferece variedade suficiente para criar estilos de jogo distintos e eficazes. O combate é rápido e exige reflexos, leitura de padrões e precisão no tempo das acções. Sil utiliza a sua tesoura mágica para cortar através de inimigos, ao mesmo tempo que conjura feitiços e aproveita relíquias que alteram significativamente o comportamento das suas habilidades. As decisões estratégicas são fundamentais, pois o caminho escolhido no mapa pode condicionar as opções disponíveis, forçando o jogador a adaptar-se em vez de insistir em construções favoritas.
Embora todos os builds sejam viáveis, alguns claramente têm mais vantagem em determinadas fases ou contra certos inimigos. A dificuldade sobe de forma considerável a partir do terceiro capítulo, o que obriga a uma abordagem mais pensada e estratégica. Felizmente, o jogo recompensa a persistência, com melhorias permanentes que vão sendo desbloqueadas entre sessões.

Mundo e história
O mundo de Garden of Witches é simultaneamente caótico e acolhedor. Um jardim em ruínas serve de palco para uma história sobre irresponsabilidade, crescimento pessoal e redenção. As bruxas que habitam este espaço mágico não são as tradicionais figuras sombrias, mas sim personagens preguiçosas e desorganizadas, que deixaram o seu lar chegar à beira do colapso por negligência. Cabe à protagonista, Sil, reunir o clã e restaurar a harmonia do jardim. A narrativa desenvolve-se ao longo dos cinco capítulos disponíveis, servindo tanto de contexto para a acção como de motivação emocional para o jogador. Cada nova área introduz não só novos inimigos e mecânicas, mas também desenvolvimentos na história e personagens com personalidades bem definidas. Os bosses, por exemplo, não são apenas obstáculos difíceis, mas figuras únicas com estilos e padrões próprios, o que torna cada confronto memorável. Apesar do tom leve e da estética fofa, há um subtexto emocional que dá profundidade ao enredo. A ideia de aprender com os erros, de crescer através da repetição e de melhorar constantemente é parte integrante da experiência, tanto a nível de jogabilidade como de história.
Grafismo
O estilo visual de Garden of Witches é encantador, com uma direcção artística que aposta numa paleta de cores suave, personagens expressivas e animações fluidas. O design dos cenários transmite bem o estado do jardim: um espaço outrora belo, agora em decadência, mas ainda com traços de calor e magia. Cada capítulo apresenta uma identidade visual distinta, contribuindo para a sensação de progressão e descoberta. As bruxas, os inimigos e os bosses têm visuais únicos, que reforçam as suas personalidades e tornam o universo do jogo mais rico e coeso. A interface é limpa, funcional e fácil de compreender, com ícones bem desenhados e menus intuitivos. O jogo também apresenta total compatibilidade com comandos de Xbox e PlayStation, o que facilita o controlo e torna a experiência mais fluida.
Mesmo estando em Acesso Antecipado, o jogo revela um grau de acabamento impressionante a nível gráfico. Não foram notados bugs visuais e a performance mantém-se estável, contribuindo para uma experiência imersiva e agradável.

Som
A componente sonora acompanha com eficácia o tom do jogo. A banda sonora é discreta mas cativante, alternando entre temas calmos durante os momentos de exploração e composições mais intensas nas batalhas contra bosses. Esta variação ajuda a estabelecer o ritmo e a emoção de cada fase. Os efeitos sonoros são claros e responsivos, desde os impactos dos ataques com a tesoura até aos sons mágicos dos feitiços. Cada acção tem um feedback auditivo satisfatório, essencial num jogo onde a precisão é importante. As bruxas têm também algumas falas e expressões vocais que reforçam a sua personalidade, contribuindo para a construção do mundo e o envolvimento do jogador. Apesar de ainda estar em desenvolvimento, a localização em inglês já se encontra num estado bastante bom, o que indica atenção aos pormenores por parte da equipa de produção. Espera-se que, com a ajuda da comunidade, outras localizações e melhorias sejam introduzidas no futuro.
Conclusão
Garden of Witches é uma pérola em crescimento dentro do género roguelike. Apesar de ainda estar em Acesso Antecipado, já oferece uma experiência sólida, desafiante e encantadora. A mistura de acção rápida, construção estratégica de builds e um universo cheio de charme torna-o altamente recomendável para jogadores de todos os níveis. A curva de dificuldade bem gerida, a diversidade nos bosses, a rejogabilidade baseada em combinações únicas e uma estética acolhedora distinguem este título de outros no mesmo género. A mensagem subjacente de aprender com os erros e de crescer a partir das falhas dá ao jogo uma dimensão extra que o torna mais do que apenas mais um roguelike. Com uma comunidade ativa e uma equipa de desenvolvimento dedicada, é de esperar que o jogo continue a expandir-se, ganhando mais conteúdo, equilíbrio e profundidade. Mesmo no estado atual, Garden of Witches já se apresenta como um dos títulos mais promissores do género, e mal podemos esperar para ver como evolui até ao lançamento final. Se gostas de roguelikes com personalidade, desafio e coração, este jardim merece uma visita.