Youtubers Life 3 chega com a promessa de levar a fantasia de ser uma estrela da internet a um novo patamar. Após duas entradas na série que conseguiram captar com algum charme a vida de um criador de conteúdos, este novo capítulo tenta modernizar a experiência com um modo online em tempo real, um sistema de cartas competitivo e um foco acrescido na personalização e progressão. No entanto, por detrás da ambição, esconde-se um jogo que parece ter saído do forno demasiado cedo, com decisões de design discutíveis e um polimento insuficiente. Ainda assim, há aqui ideias interessantes e um potencial por explorar.
Jogabilidade
A base do jogo mantém-se semelhante às entradas anteriores: começas com um quarto vazio, um computador básico e uma ideia na cabeça. À medida que vais ganhando seguidores e fama, desbloqueias novas opções, equipamentos e melhorias para a tua casa. Agora, porém, o jogo introduz mecânicas novas que pretendem refrescar a fórmula. O mais notável é o modo competitivo online, onde lutas contra outros jogadores por seguidores através de um sistema de cartas. Este sistema é curioso e até divertido, mas rapidamente se torna um obstáculo para quem não joga todos os dias. A subida e manutenção no ranking exigem dedicação constante, com recompensas e interações bloqueadas para quem não conseguir acompanhar. Isto cria uma experiência mais próxima de um emprego do que de um jogo casual. A sensação de estar a perder oportunidades por não entrar todos os dias torna-se frustrante e pouco convidativa. Além disso, há uma gestão de recursos típica: melhorar o PC, comprar novas consolas, contratar ajudantes como editores e treinadores para otimizar o tempo. Há também missões, tarefas e eventos em tempo real que obrigam a alguma organização. A estrutura até é sólida, mas sofre por causa da sua dependência do tempo real e de um equilíbrio ainda frágil.

Mundo e história
Youtubers Life nunca foi propriamente uma série focada numa narrativa complexa, mas este terceiro título tenta criar um ambiente mais dinâmico com interações sociais, eventos ao vivo e oportunidades de networking com outras celebridades digitais. Aqui, é possível participar em festas, convenções e feiras, onde se conhecem personagens que podem ajudar na progressão. O problema é que estas interações ainda são bastante superficiais e repetitivas. Existe potencial para criar rivalidades, colaborações e até relações pessoais mais profundas, mas tudo parece feito à pressa. As personagens não têm grande personalidade e os diálogos são mecânicos. É pena, pois com um pouco mais de cuidado, esta componente poderia ser o motor da experiência. Ainda assim, há uma boa tentativa de contextualizar o universo digital atual, com plataformas como o Instalife e a competição por visualizações a refletirem bem o ambiente das redes sociais reais. A crítica ao culto do algoritmo está lá, mas de forma leve e quase irónica.
Grafismo
O estilo visual de Youtubers Life 3 é, talvez, o aspeto que mais divide opiniões. Em comparação com YL2, o jogo parece ter dado um passo atrás em termos de estética. Os modelos são mais simples, as animações menos fluidas e, em muitos casos, o design das personagens deixa a desejar. As expressões faciais são estranhas, especialmente quando os avatares tentam demonstrar emoções exageradas. Apesar disso, o mundo colorido mantém algum charme, e as casas e objetos decorativos têm bastante variedade. A possibilidade de personalizar o espaço é grande e torna-se uma parte divertida do jogo. A casa evolui mesmo de forma significativa, desde um quarto espartano até uma mansão com piscina e cinema. Infelizmente, os bugs gráficos são frequentes. Personagens que atravessam paredes, objetos que desaparecem e menus que não respondem são apenas alguns dos problemas. Tudo isto contribui para uma sensação constante de que o jogo precisava de mais tempo de desenvolvimento.

Som
A componente sonora é competente, mas pouco memorável. A música de fundo cumpre o seu papel de manter um ritmo animado e descontraído, mas raramente se destaca. Não há vozes, o que, tendo em conta a natureza social do jogo, é uma oportunidade perdida. Seria interessante ouvir os personagens, especialmente nas interações com outros youtubers. Os efeitos sonoros funcionam e acompanham bem as ações do jogador, desde a criação de vídeos até à participação em eventos. No entanto, à semelhança do grafismo, nota-se uma certa falta de polimento geral. Há momentos em que os sons não sincronizam bem com as animações ou simplesmente desaparecem.
Conclusão
Youtubers Life 3 é um jogo ambicioso, mas claramente lançado cedo demais. A introdução do modo online competitivo traz novidades à série, mas também cria barreiras desnecessárias para quem procura uma experiência mais casual. A dependência do tempo real, combinada com bugs e um design visual aquém do esperado, impede o jogo de alcançar o seu verdadeiro potencial. Ainda assim, há aqui uma base sólida. O loop de progresso continua viciante, a personalização da casa é divertida e a ideia de simular a vida de uma estrela das redes sociais continua a ter apelo. Se os criadores ouvirem a comunidade e corrigirem os principais problemas, este poderá vir a ser um título bem mais interessante no futuro. Por agora, é difícil recomendá-lo, especialmente para quem não tem tempo para estar sempre online. Mas quem sabe, com algumas atualizações e mais polimento, Youtubers Life 3 poderá, tal como o próprio jogador, subir no ranking dos jogos de simulação.