Fantasy Kommander: Fascination of Evil é um RPG de estratégia por turnos que regressa aos dias de glória da era Flash, agora com nova vida na Steam. Desenvolvido originalmente no início dos anos 2000 por uma pequena equipa independente e lançado através do portal AgeofGames, este título é uma verdadeira cápsula do tempo que aposta na táctica pura, na gestão de unidades e na expansão territorial através de confrontos épicos. Agora relançado com o intuito de preservar a história dos videojogos, este jogo convida os jogadores a mergulhar numa experiência clássica e desafiante, onde cada movimento conta.
Com uma estética retro e um foco nas raízes do género, Fantasy Kommander coloca-nos no papel de Marcus III, um cavaleiro lendário que lidera exércitos em batalhas titânicas contra forças do mal. O objectivo é recuperar as terras do Império, derrotar criaturas ameaçadoras e restaurar a paz numa terra marcada por conflitos e segredos antigos. A AgeofGames faz questão de manter a experiência o mais próxima possível da original, respeitando as limitações técnicas da época e celebrando a essência dos jogos em Flash.
Jogabilidade
Fantasy Kommander: Fascination of Evil oferece uma jogabilidade robusta baseada em combates por turnos em larga escala. Os jogadores comandam uma variedade impressionante de unidades, incluindo cavaleiros, orcs, trolls, magos e até dragões, numa série de confrontos que exigem planeamento, posicionamento e timing. Cada batalha desenrola-se num mapa dividido em grelha, onde os movimentos estratégicos e a gestão de recursos podem ditar a diferença entre a vitória e a derrota. A complexidade do sistema de combate não reside apenas na variedade de unidades, mas também na forma como estas interagem entre si. Unidades mais pesadas são eficazes contra tropas leves, magos podem causar dano em área, e os dragões trazem um poder destrutivo que pode virar o rumo da batalha. A IA dos inimigos é simples, mas eficaz, obrigando o jogador a pensar dois ou três turnos à frente. Ao longo da campanha, os jogadores podem recrutar novas unidades nas tavernas, onde a escolha estratégica entre reforçar as linhas de frente ou apostar em unidades de apoio torna-se fundamental. Itens poderosos são adquiridos nas batalhas ou através de recompensas, e o crescimento gradual do exército torna-se evidente à medida que os confrontos vão ganhando escala e dificuldade.

Mundo e história
A narrativa de Fantasy Kommander gira em torno de Marcus III, um cavaleiro nobre e vitorioso em torneios, admirado pelo seu povo e incumbido de uma missão crítica: recuperar as terras perdidas do Império. A história, embora simples, serve como fio condutor eficaz para a campanha, colocando o jogador perante dilemas morais, alianças temporárias e perigos escondidos nas florestas ancestrais. O mundo do jogo está mergulhado em temas de guerra, corrupção e magia antiga. À medida que Marcus e o seu exército avançam pelos territórios, vão encontrando ruínas esquecidas, reinos decadentes e forças sombrias que há muito tempo conspiram nas sombras. Embora o enredo não seja particularmente elaborado, é suficiente para motivar o jogador a continuar, sustentado por uma ambientação eficaz e diálogos funcionais. Apesar da sua origem modesta, o jogo cria uma atmosfera intrigante. Há referências subtis a eventos passados, personagens com segredos a esconder, e um Império fragmentado que parece ter muito mais por revelar do que se mostra à primeira vista. Este aspecto narrativo contribui para o sentimento de progressão e descoberta, mesmo num jogo onde o foco principal é claramente a táctica.
Grafismo
Visualmente, Fantasy Kommander é uma carta de amor aos jogos em Flash da década de 2000. As animações são simples, os mapas funcionais e os retratos das unidades têm aquele charme rústico e pixelizado típico da época. Não há aqui qualquer tentativa de modernização gráfica – e ainda bem. O visual serve perfeitamente o propósito do jogo, mantendo a autenticidade da experiência original. As batalhas são apresentadas com clareza, e cada unidade é facilmente identificável, algo essencial num jogo de estratégia. Os efeitos visuais dos ataques são modestos, mas suficientemente variados para transmitir impacto. O design das unidades mistura o estilo de fantasia clássica com influências europeias, criando um conjunto coeso que respeita as origens do género. É importante reforçar que este relançamento não pretende competir com produções modernas em termos de apresentação visual. Em vez disso, celebra a arte e o estilo gráfico da época Flash, com tudo o que isso acarreta: resolução limitada, animações básicas e um charme retro que agrada aos mais nostálgicos.

Som
A componente sonora de Fantasy Kommander segue a mesma filosofia que o grafismo: simplicidade eficaz. A banda sonora apresenta temas épicos e melancólicos que acompanham bem o tom das batalhas e dos menus. Não são faixas particularmente memoráveis, mas cumprem o seu papel sem se tornarem repetitivas. Os efeitos sonoros são limitados, como seria de esperar de um jogo Flash antigo. Há sons para os ataques, movimentações e eventos especiais, mas nada que se destaque em termos de qualidade. Ainda assim, funcionam bem dentro do contexto e reforçam a identidade do jogo. A ausência de vozes não se faz sentir demasiado, já que o foco está claramente na jogabilidade e não na narrativa cinematográfica. Apesar de minimalista, o som ajuda a manter o jogador imerso na experiência. As músicas têm um toque medieval adequado, e os efeitos, mesmo simples, conseguem transmitir o peso das batalhas, especialmente nos confrontos mais prolongados onde cada decisão é crucial.
Conclusão
Fantasy Kommander: Fascination of Evil é um regresso interessante e corajoso a uma era onde os jogos de estratégia não precisavam de gráficos de última geração para cativar. Este relançamento é uma homenagem sincera à época dos jogos Flash, oferecendo uma experiência táctica sólida, desafiante e com bastante personalidade. Pode não agradar a todos, especialmente aos jogadores habituados a produções modernas, mas para os que procuram uma viagem nostálgica ou um bom desafio de estratégia, este título tem muito para oferecer. Com uma campanha envolvente, combates inteligentes e uma estética retro preservada com carinho, Fantasy Kommander consegue destacar-se como um exemplo de como os jogos do passado ainda podem ter lugar no presente. A AgeofGames mostra que preservar a história dos videojogos também passa por aceitar as suas limitações técnicas e celebrar o que os tornava especiais. Para quem sente saudades dos tempos em que se jogava no navegador e onde a estratégia era rainha, Fantasy Kommander: Fascination of Evil é uma proposta que vale a pena descobrir, redescobrir e, acima de tudo, respeitar.