Dark Fairy Tale: Dreamland Survivors é um roguelike de tiros automáticos com vista superior, claramente inspirado em Vampire Survivors. Desenvolvido com uma forte aposta na rejogabilidade, o jogo coloca-nos no papel de uma versão distorcida do Pinóquio, aprisionado num conto de fadas sombrio e surreal. A demo já inclui bastante conteúdo, com 25 níveis de sonho, três personagens jogáveis (uma inicial e duas desbloqueáveis), mais de 100 itens chamados Ovos de Sonho, e dezenas de melhorias permanentes. Apesar de ainda estar em desenvolvimento, a estrutura base promete horas de jogo, combinando combate frenético com escolhas estratégicas.
Jogabilidade
A jogabilidade segue a fórmula clássica do género bullet-heaven: o jogador move-se enquanto o personagem ataca automaticamente os inimigos. O combate é rápido, caótico e exige atenção constante. O grande diferencial está nos Ovos de Sonho, itens que podem ser equipados no inventário para efeitos especiais ou consumidos para melhorias permanentes. Esta mecânica obriga a uma gestão cuidadosa, já que o inventário é limitado e cada ovo consumido tem custos crescentes. Ao mesmo tempo, o jogo oferece sinergias entre armas, talentos inatos e cartas de Tarot que expandem exponencialmente a variedade de combinações e builds possíveis. No entanto, a complexidade desta gestão pode tornar-se cansativa, especialmente quando se percebe que a maioria das decisões envolvem mexer constantemente no inventário para maximizar o dano.

Mundo e história
O mundo de Dreamland Survivors é um pesadelo surreal, onde personagens e temas de contos de fadas são distorcidos e reimaginados sob uma lente macabra. O protagonista, Pinóquio, é retratado como uma marioneta perdida neste mundo onírico e ameaçador. Embora o jogo não invista muito em narrativa tradicional, o ambiente e as mecânicas reforçam a ideia de uma fuga desesperada de um mundo que devora os seus habitantes. Os desafios das cartas de Tarot funcionam quase como provações mitológicas, oferecendo pequenas janelas para compreender o universo do jogo e desbloquear novos heróis e habilidades. Ainda assim, quem procura uma narrativa desenvolvida poderá sentir falta de mais contexto ou momentos de construção de mundo.
Grafismo
Visualmente, Dark Fairy Tale: Dreamland Survivors apresenta um estilo simples mas eficaz. As animações são funcionais e os efeitos visuais durante o combate ajudam a transmitir o caos constante do ecrã. A arte dos personagens, particularmente Pinóquio, tem um estilo sombrio e caricato que encaixa bem no tom geral do jogo. No entanto, a interface sofre com alguma desorganização, dificultando a gestão do inventário e das escolhas no meio da ação. Há espaço para melhorias, sobretudo na clareza visual dos menus e tutoriais, que por vezes deixam o jogador perdido sem explicações claras.

Som
A componente sonora é competente, embora não memorável. As músicas mantêm o ritmo intenso do jogo e os efeitos sonoros acompanham bem o frenesim das batalhas. No entanto, não há grande variedade musical, e ao fim de várias sessões de jogo, os temas começam a tornar-se repetitivos. As animações sonoras dos ataques e habilidades também podiam beneficiar de maior impacto para transmitir melhor a potência das ações do jogador. Ainda assim, o som cumpre o seu papel e reforça o ambiente opressivo do mundo de pesadelo.
Conclusão
Dark Fairy Tale: Dreamland Survivors é uma proposta interessante dentro do género roguelike auto-shooter. A ideia de explorar um conto de fadas corrompido com mecânicas complexas de construção de personagem e gestão de recursos oferece profundidade e variedade. O jogo brilha na sua rejogabilidade e nas combinações possíveis entre armas, talentos e cartas de Tarot. Contudo, peca pela complexidade algo forçada das suas mecânicas, tutoriais pouco claros e uma interface que precisa de polimento. Para quem procura uma experiência desafiante e gosta de experimentar builds diferentes, há muito para explorar. Mas quem prefere uma curva de aprendizagem mais suave e uma progressão mais acessível poderá sentir-se frustrado. Com alguns ajustes, este título tem potencial para se destacar num género já bem povoado.