Antevisão: Chrono Odyssey

Chrono Odyssey é um MMORPG desenvolvido pela Chrono Studio e publicado pela Kakao Games que pretende conquistar o seu espaço num mercado competitivo, oferecendo uma experiência semelhante à de títulos como New World. Com uma beta pública marcada para junho, tivemos acesso antecipado ao jogo e foi possível perceber que, apesar do seu potencial, Chrono Odyssey parece ainda estar longe de ser a alternativa que os fãs de jogos de ação em mundo aberto desejam. O jogo oferece um sistema de combate interessante, personalização visual robusta e uma proposta narrativa que envolve viagens no tempo e realidades paralelas. No entanto, a execução atual levanta várias dúvidas quanto ao seu futuro.

Jogabilidade

A base da jogabilidade de Chrono Odyssey assenta num sistema de combate que mistura habilidades ativas, troca dinâmica de armas e classes que não estão presas a géneros. A beta disponibiliza três classes: Berserker, Ranger e Espadachim. Cada uma pode usar três tipos de armas específicos, dois dos quais podem ser equipados em simultâneo, permitindo trocar consoante a situação. Este sistema é claramente inspirado em New World, com cada arma a ter a sua própria árvore de habilidades e um sistema de progressão independente.

Cada arma pode equipar até quatro habilidades, e mais tarde desbloqueiam-se habilidades independentes da arma, chamadas de “class mastery”. Além disso, há um artefacto chamado Chronotector que introduz habilidades adicionais com temática temporal. No entanto, apesar do conceito interessante, as habilidades disponíveis são bastante convencionais e pouco criativas para algo que promete manipulação temporal.

As mecânicas de combate exigem atenção constante à gestão de recursos. Por exemplo, o Ranger gere até três recursos em simultâneo: vigor, stamina e flechas. O uso de certas armas, como o arco longo, torna-se rapidamente confuso e frustrante. Pelo contrário, o Espadachim apresenta uma jogabilidade mais intuitiva, com um sistema de raiva gerada por ataques básicos e gasta em habilidades, tornando-se uma escolha mais agradável para quem prefere uma abordagem direta. Infelizmente, as animações de combate e os controlos ainda não têm o polimento necessário. O movimento dos personagens parece flutuar pelo solo e as animações de ataque têm um toque antiquado, recordando MMOs como Neverwinter. O sistema de interação com objetos é também problemático, exigindo demasiada precisão para funcionar de forma eficaz.

Mundo e história

A narrativa de Chrono Odyssey gira em torno de viagens no tempo e uma guerra pelo multiverso. O jogo começa num futuro apocalíptico antes de transportar o jogador de volta no tempo para tentar impedir o fim de tudo. A premissa, apesar de promissora, é tratada de forma apressada. Rapidamente somos informados de que somos parte de uma equipa transdimensional encarregue de proteger o tempo e o espaço, mas a execução narrativa carece de profundidade e impacto.

Durante a progressão inicial da história, o jogador é confrontado com um boss numa masmorra que é praticamente impossível de derrotar. Após morrer, o jogo atualiza a missão como se a derrota fizesse parte da narrativa, mas sem qualquer indicação clara disso. Pior ainda, a missão seguinte volta a pedir que enfrentemos o mesmo inimigo, sem alterações visíveis na dificuldade. A sensação geral é de confusão e frustração, especialmente por não existirem missões secundárias visíveis para ajudar a ganhar experiência ou equipamento. O mundo em si tem elementos interessantes, com recolha de recursos e caixas espalhadas pelo mapa. Mas tudo parece demasiado inspirado em New World, desde os ícones até à forma como se interage com os elementos. O resultado é um mundo que, apesar de funcional, parece derivativo e com pouca identidade própria.

Grafismo

Visualmente, Chrono Odyssey demonstra os pontos fortes típicos dos MMORPGs coreanos. O criador de personagens é incrivelmente completo, permitindo personalizar praticamente todos os aspetos físicos do avatar. Desde o tom do cabelo em qualquer combinação RGB até à colocação de tatuagens em qualquer parte do corpo, há liberdade total para criar algo único. Contudo, este nível de detalhe visual não se reflete no restante do jogo. As animações de corrida são pouco naturais, com os personagens a parecerem deslizar pelo cenário. As animações de combate são funcionais, mas carecem do impacto visual e fluidez que se espera num jogo moderno. A falta de polimento geral no grafismo compromete a imersão e reforça a sensação de que o jogo ainda está numa fase precoce de desenvolvimento.

Som

O design sonoro é um dos aspetos mais negligenciados de Chrono Odyssey na versão atual. Fora algumas cutscenes, o jogo praticamente não possui vozes, o que tira impacto às interações narrativas. A música é competente, mas não memorável, e os efeitos sonoros de combate não têm o peso necessário para transmitir verdadeira intensidade.

Comparando com o seu rival mais direto, New World, a diferença é gritante. Enquanto New World impressiona pelo som envolvente e pela forma como cada impacto é sentido, Chrono Odyssey apresenta um som mais genérico e desinspirado. Isto contribui para a sensação geral de que o jogo, apesar de ter uma boa fundação, não está ainda pronto para oferecer uma experiência competitiva.

Conclusão

Chrono Odyssey tenta seguir os passos de New World, mas tropeça em quase todos os pontos importantes. Apesar de uma criação de personagens impressionante e um sistema de combate com potencial, o jogo sofre com falta de polimento, problemas de interface, fraca integração narrativa e um design sonoro medíocre. A inspiração em New World é evidente, mas sem o mesmo nível de execução, Chrono Odyssey parece mais uma cópia apressada do que uma verdadeira alternativa.

Há espaço para crescimento e é possível que até ao seu lançamento em 2025 o jogo sofra melhorias significativas. No entanto, na sua forma atual, Chrono Odyssey é mais promissor do que satisfatório. Para os fãs de MMORPGs, talvez valha a pena manter debaixo de olho, mas não é ainda o sucessor espiritual de New World que muitos esperavam. Falta-lhe identidade, coesão e, acima de tudo, tempo para amadurecer.

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