Tempest Tower é uma nova entrada no saturado mundo dos jogos Tower Defense, desenvolvido pelo estúdio Half Past Yellow. O género, embora popular, sofre há muito com a falta de inovação, repetindo fórmulas desgastadas que oferecem pouca variedade. Contudo, Tempest Tower distingue-se à primeira vista com uma apresentação visual polida e um estilo artístico apelativo. Combinando gestão de recursos, acção em tempo real e uma dose considerável de stress controlado, este jogo desafia as expectativas e oferece algo que vai além do típico posicionamento de torres e espera por ondas de inimigos.
Jogabilidade
À primeira vista, Tempest Tower parece seguir a cartilha habitual: impedir ondas de inimigos de destruírem a tua base através da colocação estratégica de defesas automáticas. No entanto, rapidamente se percebe que a abordagem aqui é muito mais interactiva. O jogador controla uma personagem em tempo real, que tem de recolher recursos, manter torres em funcionamento e até combater directamente os inimigos. Isto introduz uma camada de microgestão rara no género.
Começamos com três cartas no baralho, representando estruturas que podemos construir: normalmente uma fonte de energia, uma torre ofensiva e um terceiro elemento à escolha. À medida que vencemos ondas, novas cartas são oferecidas, permitindo ampliar o leque de estratégias. As torres variam entre modelos rápidos com curto alcance, torres lentas mas potentes, e torres com efeitos como congelamento. O ciclo de jogo é exigente: construir, defender, recolher recursos, expandir e repetir. E enquanto tudo isso acontece, a nossa personagem corre entre actividades como limpar torres coladas por inimigos, alimentar fornalhas com carvão, acelerar moinhos com a vassoura e até saltar sobre inimigos para os eliminar. A acção nunca pára e o ritmo é intenso.

Mundo e história
Tempest Tower não apresenta uma narrativa rica ou envolvente. A história serve apenas de pano de fundo: uma torre precisa de ser carregada, e hordas de criaturas são atraídas para ela assim que o processo começa. O jogador assume o papel de uma figura solitária que, por meios pouco ortodoxos, defende a estrutura até que esta esteja completamente energizada. Apesar da simplicidade narrativa, há um certo charme no mundo apresentado. Elementos como flores que absorvem almas de inimigos ou olhos voadores que podem ser capturados para melhorar a torre conferem um toque de fantasia ligeira e um ambiente peculiar ao universo do jogo. O progresso por biomas também sugere diversidade futura, com zonas como desertos, pradarias e talvez até ambientes gelados, cada uma com inimigos e desafios únicos.
Grafismo
Visualmente, Tempest Tower destaca-se positivamente. O estilo gráfico é apelativo, com cores vibrantes e animações fluídas que transmitem bem a acção frenética do jogo. As personagens e inimigos têm designs distintos, fáceis de identificar mesmo no caos das ondas mais avançadas. A leitura visual é clara, o que é fundamental num jogo onde o jogador tem de processar muita informação em tempo real. Os cenários evoluem gradualmente à medida que o jogador avança nas ondas, revelando mais do mapa e permitindo planear melhor as defesas. Este crescimento orgânico do campo de batalha é bem implementado, dando uma sensação de progressão espacial que acompanha a dificuldade crescente.
A interface e os menus são bem desenhados, com um aspecto limpo e funcional. No Steam Deck, o jogo mantém uma performance aceitável, rondando os 40 FPS com uma TDP de 7W, o que é mais do que suficiente para o tipo de jogo em questão.

Som
A componente sonora de Tempest Tower cumpre a sua função, embora não se destaque particularmente. Os efeitos sonoros são competentes, desde os disparos das torres aos sons dos inimigos e das interacções com estruturas. Cada acção tem um feedback sonoro que ajuda na percepção das situações em jogo, algo essencial quando tantas tarefas competem pela nossa atenção. A banda sonora é discreta, mas acompanha bem o ritmo crescente da tensão. Não há temas memoráveis, mas também nunca se torna cansativa, mesmo após várias tentativas falhadas na mesma missão. É uma abordagem segura, que contribui para o ambiente sem se sobrepor à jogabilidade.
Conclusão
Tempest Tower é uma lufada de ar fresco dentro de um género que há muito precisava de inovação. Ao introduzir um elemento de acção directa e uma gestão activa de recursos com múltiplas tarefas simultâneas, o jogo exige muito mais do jogador do que o simples acto de colocar torres e esperar. A dificuldade é elevada, e não será do agrado de todos. O equilíbrio foi alvo de críticas durante o período de acesso antecipado, levando mesmo a actualizações de rebalanceamento. Apesar disso, o desafio permanece considerável. Superar cada missão é gratificante, mas só com planeamento, reacção rápida e escolhas tácticas acertadas.
A estrutura de progressão baseada em cartas é interessante, forçando decisões difíceis entre cada onda. A constante escassez de recursos e a gestão de energia tornam cada acção relevante, criando um ciclo de jogo envolvente e desafiante.
Mesmo em Early Access, Tempest Tower apresenta uma base sólida, com mecânicas bem pensadas e uma execução polida. A promessa de mais conteúdo, modos e ajustes ao longo dos próximos meses deixa antever um futuro promissor. Para já, não é um jogo que recomendemos formalmente, mas é um forte candidato a sê-lo quando alcançar a versão final. Se és fã do género Tower Defense, ou se, como muitos, já perdeste o entusiasmo por ele, Tempest Tower merece a tua atenção. E se estiveres indeciso, a demo disponível no Steam é uma excelente forma de descobrir se este é o tipo de desafio que procuras.