Análise: Doronko Wanko

Doronko Wanko é daqueles jogos que surgem como uma lufada de ar fresco num mercado saturado de experiências repetitivas. Desenvolvido originalmente para PC pela Bandai Namco Studios e GYAAR Studios, o jogo chega agora à Nintendo Switch, oferecendo aos jogadores a hipótese de encarnarem um cãozinho traquina com um gosto muito especial: sujar tudo o que encontra. A ideia de causar o máximo de destruição possível dentro de uma casa impecável é, no mínimo, curiosa e divertida. No entanto, por mais encantador que seja, Doronko Wanko é uma experiência que brilha intensamente durante pouco tempo, ficando aquém das expectativas a longo prazo.

Jogabilidade

A jogabilidade de Doronko Wanko é simples, direta e acessível a qualquer tipo de jogador. O objetivo é transformar uma casa limpa num verdadeiro campo de batalha enlameado. O jogador controla um cão que se revira em poças para se sujar e depois sacode o corpo, espalhando lama, tinta e outros líquidos por móveis, paredes e chão. Para apimentar a coisa, é possível encontrar e utilizar acessórios como um chapéu de baleia, um canhão ou um mega-soaker, todos pensados para espalhar ainda mais confusão.

Existem também 12 pomes escondidos que só aparecem quando são atingidos por líquidos, oferecendo um desafio extra para os mais curiosos. O cão pode voltar a qualquer poça para se molhar novamente, garantindo que nunca falta munição para o caos. A ausência de obstáculos reais ou adversários torna o jogo quase meditativo, e a inexistência de um limite de tempo dá liberdade total para explorar cada recanto.

Mundo e história

Não há propriamente uma história em Doronko Wanko. O jogador é simplesmente lançado para dentro de uma casa suburbana onde vive uma única humana, demasiado cansada para reparar no caos que se vai instalando à sua volta. Esta abordagem minimalista funciona bem no contexto do jogo, permitindo que o foco esteja inteiramente na destruição criativa.

A casa é composta por vários andares e divisões, mas é sempre o mesmo ambiente. Com apenas um cenário disponível, a sensação de repetição instala-se rapidamente. Seria interessante ver diferentes tipos de casas, ambientes exteriores ou até locais públicos onde o cão pudesse deixar a sua marca. Infelizmente, o jogo limita-se a esta única localização, o que reduz consideravelmente o seu potencial de rejogabilidade.

Grafismo

Visualmente, Doronko Wanko é um jogo simpático. O estilo gráfico é colorido e cartoonesco, ideal para um jogo leve e familiar como este. A representação dos cães é adorável e as animações são suficientemente expressivas para transmitir a personalidade marota da personagem principal.

No entanto, existem algumas falhas técnicas que comprometem a experiência, sobretudo na versão Switch. Quando a casa começa a ficar totalmente coberta de lama, é comum surgirem quebras de framerate e texturas a piscar. A câmara também se torna problemática em espaços mais apertados, o que pode dificultar a movimentação e orientação do jogador. Nada que arruíne o jogo, mas são detalhes que se fazem notar.

Som

A componente sonora de Doronko Wanko é funcional, mas pouco memorável. Os sons que acompanham os movimentos do cão, como o som das patas na lama ou a sacudidela cheia de sujidade, são adequados e contribuem para a atmosfera divertida do jogo. A música é leve e descontraída, acompanhando bem o espírito da jogabilidade, mas sem se destacar particularmente.

O jogo podia beneficiar de um trabalho sonoro mais arrojado ou criativo, talvez com reacções humanas ou até com sons mais exagerados a acompanhar os estragos causados. Ainda assim, o que existe cumpre o seu papel sem grandes sobressaltos.

Conclusão

Doronko Wanko é uma experiência curta, peculiar e engraçada, perfeita para sessões rápidas de jogo ou para entreter os mais pequenos. A ideia de controlar um cão traquina que só quer sujar tudo à sua volta é genuinamente divertida e o jogo tira o máximo partido dessa premissa… durante cerca de 45 minutos.

Com apenas uma casa para explorar e sem grandes incentivos para voltar a jogar além de desbloquear acessórios e tentar encontrar todos os pomes, o jogo rapidamente perde o seu encanto inicial. A versão Switch sofre com algumas limitações técnicas, mas nada que torne a experiência injogável. A acessibilidade é um dos seus pontos fortes, sendo ideal para quem procura algo descontraído e sem stress.

Por cinco euros, Doronko Wanko oferece uma boa dose de diversão momentânea, mas é importante ter em conta que essa diversão termina antes que se consiga dizer “bom rapaz” pela terceira vez. Para quem procura algo mais profundo ou duradouro, este cãozinho ainda tem muito que aprender. Para todos os outros, é uma pequena traquinice digital que vale a pena experimentar, mesmo que seja só uma vez.

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