Frog Legs é uma pequena pérola indie que consegue, em cerca de 40 minutos, misturar ação, horror, puzzles e um sentido de humor muito peculiar. Criado pelo mesmo autor de The Man in the Park e Lucky Numbers, este título aposta numa experiência curta, mas intensa, com um foco claro na narrativa e na surpresa. Longe de ser um jogo convencional, Frog Legs apresenta-se como uma colagem de géneros que resulta numa experiência inesperadamente coesa e divertida. Combinando segmentos 2D em estilo arcade, momentos de horror em primeira pessoa e tiroteios ao estilo boomer shooter, é um daqueles jogos que dificilmente se esquece, por mais estranho que seja.
Jogabilidade
A jogabilidade de Frog Legs divide-se em três vertentes principais. Em primeiro lugar, temos segmentos 2D arcade, que remetem claramente para jogos clássicos de consolas dos anos 80 e 90, com controlos simples e desafios diretos. Depois, surgem secções em 3D com puzzles em primeira pessoa, que introduzem uma componente mais pausada e exploratória, onde o ambiente e os detalhes ganham importância. Finalmente, o jogo atira-nos para momentos de ação desenfreada ao estilo boomer shooter, com uma espingarda e a icónica BFG – aqui chamada Big Froggin’ Gun. Estes segmentos são curtos, mas intensos, oferecendo um contraste marcante em relação ao restante ritmo do jogo. Apesar da mistura de géneros, os controlos são consistentes e o jogo nunca perde o fio condutor.

Mundo e história
A narrativa de Frog Legs começa com um acidente insólito entre rãs durante um jogo de atravessar estradas. A tragédia leva os protagonistas a jurar silêncio sobre o que aconteceu, na esperança de levarem uma vida normal. No entanto, como o próprio jogo sugere, o passado tem pernas e persegue-os. Esta premissa dá o mote para uma história que mistura elementos de comédia negra, horror leve e uma certa melancolia existencial. O mundo do jogo é povoado por personagens bizarras, memoráveis e, acima de tudo, surpreendentes. A escrita tem charme, carisma e, apesar do tom muitas vezes absurdo, há momentos de genuína emoção e inquietação.
Grafismo
Visualmente, Frog Legs é um misto de retro e modernidade. Os segmentos 2D são simples, com gráficos pixelizados que evocam os jogos arcade do passado. Já os momentos em 3D têm uma estética crua, reminiscente de jogos de horror dos anos 90, com ambientes escuros, texturas lo-fi e uma iluminação eficaz. Este contraste entre os estilos gráficos reforça a identidade do jogo e contribui para a sensação constante de novidade. Há uma atenção ao detalhe nos cenários que, apesar da simplicidade técnica, consegue criar atmosferas densas e intrigantes. A apresentação geral é coerente com o tom bizarro e multifacetado do jogo.

Som
A componente sonora de Frog Legs acompanha de forma eficaz as mudanças de ritmo e género. A música alterna entre melodias leves, sons ambiente desconfortáveis e temas eletrónicos intensos nos segmentos de ação. Os efeitos sonoros são funcionais, mas contribuem para a imersão, sobretudo nas partes de horror. O design de som reforça o tom humorístico e estranho da experiência, com vozes e ruídos inesperados que ajudam a construir o ambiente surreal do jogo. Não se trata de uma banda sonora memorável, mas cumpre bem o seu papel no reforço da identidade do jogo.
Conclusão
Frog Legs é um daqueles jogos que surpreende mais pelo conjunto do que pelas partes individuais. A mistura de géneros, o tom excêntrico e a duração curta tornam-no perfeito para uma sessão única e marcante. Pode não ter puzzles particularmente desafiantes nem um combate revolucionário, mas a sua identidade única, aliada a uma narrativa envolvente e a uma apresentação criativa, fazem dele uma experiência a não perder para quem gosta de jogos estranhos e imprevisíveis. É um jogo que mostra que, mesmo com recursos limitados, é possível criar algo memorável e cheio de personalidade. Ideal para quem procura algo diferente, sem comprometer demasiado tempo.