Trident’s Tale é um daqueles jogos que despertam o espírito de aventura logo nos primeiros minutos. Desenvolvido pela 3DClouds, este título transporta-nos para um mundo de piratas, magia e exploração marítima, tudo embrulhado numa estética vibrante e amigável. Apesar de algumas imperfeições técnicas e de jogabilidade, Trident’s Tale consegue oferecer uma experiência cativante, especialmente para quem procura algo descontraído e com bastante carisma. A simplicidade do combate, aliada à variedade de atividades e a um mundo encantador, faz com que o jogo seja ideal para jogadores mais jovens, mas também apelativo para um público mais maduro que aprecie uma aventura mais relaxada.
Jogabilidade
No centro da experiência está Ocean, uma jovem capitã que parte numa jornada para encontrar o lendário Tridente da Tempestade após a sua terra natal ser atacada. O combate e a movimentação são os dois aspectos que mais dividem opiniões. Por um lado, o jogo aposta numa abordagem simplificada que evita sobrecarregar o jogador com comandos complexos. Por outro, essa mesma simplicidade traduz-se num sistema de combate algo rudimentar e, por vezes, frustrante. O sistema de lock-on e esquiva não é particularmente refinado, e a resposta dos controlos pode parecer lenta, o que dificulta a evasão de ataques inimigos. Apesar disso, a jogabilidade melhora à medida que se desbloqueiam novas habilidades e se ganha maior familiaridade com os inimigos. A espada de Ocean é o seu principal meio de ataque, mas existe também uma pistola útil tanto em combate como na resolução de puzzles. O verdadeiro trunfo do jogo, no entanto, é a magia. À medida que conhecemos novos personagens e os recrutamos para a tripulação, desbloqueamos novas habilidades mágicas que acrescentam profundidade às batalhas e tornam os confrontos com bosses mais envolventes.

Mundo e história
A narrativa de Trident’s Tale, embora simples, cumpre bem o seu papel. A busca pelo Tridente da Tempestade serve como fio condutor para uma série de aventuras que se desenrolam num arquipélago repleto de ilhas para explorar. A liberdade que o jogo oferece é um dos seus pontos fortes. A qualquer momento, é possível desviar do caminho principal para descobrir segredos, resolver puzzles ou completar missões secundárias. Há um incentivo constante à exploração, com baús escondidos, masmorras misteriosas e tesouros enterrados a premiar a curiosidade do jogador. A sensação de descoberta é reforçada pelo prazer de navegar no navio, que pode ser personalizado com peças novas à medida que se progride. A experiência de ir de uma ilha para outra, controlar as velas para ajustar a velocidade e enfrentar monstros marinhos ou navios inimigos é genuinamente divertida e dá ao jogo uma atmosfera de aventura clássica, reminiscente de títulos como Sea of Thieves, mas com uma identidade própria.
Grafismo
Visualmente, Trident’s Tale é um deleite. O mundo é colorido, acolhedor e cheio de pequenos detalhes que o tornam vivo. As animações da água merecem destaque, com o oceano a apresentar uma beleza rara em jogos deste género. Quer se esteja a explorar terra firme ou a bordo do navio, há sempre algo apelativo no ecrã. A direcção artística aposta numa estética quase de filme de animação, o que reforça o apelo familiar do jogo. No entanto, nem tudo é perfeito. A movimentação de Ocean, especialmente durante saltos, pode ser frustrante. Saltar de plataforma em plataforma nem sempre corre como esperado, e há momentos em que o controlo perde precisão, levando a quedas desnecessárias. Isto é especialmente notório em segmentos com plataformas em movimento ou superfícies estreitas, o que pode quebrar o ritmo da exploração.

Som
O ambiente sonoro de Trident’s Tale complementa bem a sua atmosfera. A banda sonora é leve, aventureira e encaixa perfeitamente no espírito do jogo. Embora não seja memorável, cumpre bem o seu papel, ajudando a envolver o jogador na jornada. Os efeitos sonoros, tanto no mar como em combate, são satisfatórios e reforçam a imersão. As personagens secundárias trazem personalidade adicional ao jogo, não só através do seu design visual, mas também pelas suas falas e interacções. Cada membro da tripulação tem uma identidade própria, e é sempre um prazer conhecer novos aliados. Infelizmente, o jogo poderia beneficiar de algum trabalho extra na sincronização labial e expressões faciais, que por vezes são demasiado rígidas.
Conclusão
Trident’s Tale é uma aventura encantadora com um coração enorme. Pode não ser o jogo mais polido do mercado, com alguns problemas técnicos e um sistema de combate que deixa a desejar em termos de fluidez. No entanto, compensa essas falhas com um mundo riquíssimo, uma sensação constante de descoberta e um tom leve que cativa desde o início. É um jogo ideal para quem procura uma experiência relaxada, recheada de puzzles, batalhas navais, crafting e segredos escondidos. A simplicidade da sua jogabilidade torna-o acessível para jogadores mais jovens, mas os elementos de personalização, exploração e magia garantem que também os mais velhos encontrem motivos para continuar a jogar. No fundo, Trident’s Tale é como aqueles filmes de animação que nos ficam na memória, cheios de cor, charme e aventura. Uma bela surpresa que vale a pena navegar.