Waiting in the Lime Forest é um jogo point-and-click que mistura elementos de novela visual e aventura, oferecendo uma experiência curta e focada na narrativa. Desenvolvido pela BARON DU JUVÉNILE, o jogo coloca os jogadores no papel de um advogado de defesa envolvido num misterioso assassinato durante uma festa em sua casa. A partir de uma premissa interessante, o jogo tenta explorar temas profundos como trauma, preconceito e a natureza da realidade, mas a sua curta duração e problemas de narrativa impedem-no de atingir o seu verdadeiro potencial.
Jogabilidade
A jogabilidade de Waiting in the Lime Forest é bastante minimalista, focando-se essencialmente na interação com personagens e escolhas de diálogo. Sendo uma novela visual com elementos de aventura, o jogo não oferece muito em termos de desafios ou mecanicas complexas. Existem pequenos segmentos onde o jogador precisa de recolher informação ou tomar decisões que influenciam ligeiramente o desenrolar da história, mas no geral, a experiência é bastante linear. A existência de apenas dois finais torna a rejogabilidade limitada, e o jogo nunca esconde realmente a identidade do culpado, retirando parte do mistério que poderia tornar a investigação mais envolvente. A introdução de mais elementos interativos ou finais alternativos poderia ter dado maior profundidade à experiência.

Mundo e história
O jogo decorre nos anos 1920, acompanhando Edward Whitford, um advogado que organiza uma festa para a sua família e um amigo de longa data, Oliver Heathcote. Oliver, um veterano da Grande Guerra, sofre de neurose de guerra e sobrevive escrevendo para revistas pulp. A festa é interrompida por um terrível crime: Aspen Brown, um rapaz de treze anos, é assassinado, e Oliver é a única testemunha. Ele afirma que o culpado é Lawrence, um antigo companheiro de guerra, mas os detetives não acreditam na sua história. A investigação leva Edward a explorar o passado de Oliver, misturando o mistério com elementos sobrenaturais. Apesar de uma premissa interessante, a curta duração do jogo impede um desenvolvimento mais aprofundado dos seus temas. O jogo aborda questões como preconceito e trauma, mas sem uma mensagem clara. A relação entre Oliver e Lawrence, assim como a maneira como a homossexualidade e a marginalização são tratadas, poderiam ter sido melhor exploradas. A transição do mistério policial para uma experiência psicológica também acontece de forma algo abrupta, deixando algumas questões sem resposta.
Grafismo
Visualmente, Waiting in the Lime Forest apresenta um estilo de arte pixelada desenhado à mão, que é um dos seus pontos mais fortes. Os retratos dos personagens principais são bem trabalhados e transmitem emoção, mas há uma inconsistência notável na qualidade das ilustrações entre personagens importantes e secundários. Alguns elementos parecem pertencer a jogos diferentes, o que quebra um pouco a imersão. Os cenários são bem desenhados e transmitem uma atmosfera sombria e intrigante, especialmente nos momentos em que o jogo assume um tom mais sobrenatural. No entanto, dada a curta duração do jogo, o número de ambientes é reduzido e a variedade visual poderia ter sido maior para reforçar a imersão.

Som
A banda sonora do jogo cumpre bem o seu papel, ajudando a criar uma atmosfera de mistério e suspense. As melodias são sutis e adequadas ao tom da história, mas não são particularmente memoráveis. Os efeitos sonoros são usados de forma eficaz para reforçar momentos de tensão, mas o jogo beneficiaria bastante de um trabalho de vozes para aprofundar a ligação emocional com os personagens. Outro problema significativo encontra-se na localização. A versão em inglês do jogo apresenta erros de formatação, falas cortadas e até mesmo partes do texto que aparecem em chinês. Estes problemas não estão presentes nas versões em japonês ou chinês, o que torna evidente que a localização inglesa não recebeu o mesmo cuidado que as outras.
Conclusão
Waiting in the Lime Forest é um jogo criado com dedicação e apresenta uma história interessante, mas a sua curta duração e narrativa superficial impedem-no de deixar um verdadeiro impacto. A jogabilidade minimalista e a falta de desafio tornam a experiência pouco envolvente, e as questões temáticas que tenta abordar acabam por ficar pela superfície. A direção artística é um dos seus pontos fortes, embora a inconsistência nos retratos dos personagens cause alguma estranheza. A banda sonora é funcional, mas não marcante, e a localização para inglês apresenta falhas que podem prejudicar a experiência. Com um pouco mais de tempo de jogo e desenvolvimento dos personagens, poderia ter sido uma experiência memorável. Para quem aprecia novelas visuais e mistérios com um toque sobrenatural, pode valer a pena dar uma oportunidade, mas não há muito que o faça destacar-se no género.