A World of Keflings é um jogo que pode surpreender até os mais cépticos. É a sequela de A Kingdom of Keflings, um título que muitos jogadores talvez desconheçam. À primeira vista, parece um jogo demasiado leve ou até infantil, especialmente para quem não tem grande interesse por títulos do estilo SimCity ou Civilization. No entanto, bastam alguns minutos de jogo para perceber que há muito mais por trás desta experiência do que aparenta. Com uma abordagem acessível e mecânicas de construção bem pensadas, A World of Keflings consegue ser cativante, relaxante e surpreendentemente envolvente.
Jogabilidade
Neste jogo, controlamos um gigante que interage com pequenas criaturas chamadas Keflings, que o vêem como uma espécie de herói e trabalham sob sua orientação. Os Keflings dividem-se essencialmente em três categorias: trabalhadores, construtores e especiais. Os trabalhadores recolhem recursos e operam edifícios; os construtores transportam peças e ajudam a construir estruturas; e os especiais atribuem missões e oferecem itens úteis como ferramentas, melhorias ou planos de construção.
As tarefas dos Keflings são bastante intuitivas: pegamos neles, colocamo-los perto de um recurso ou edifício, e eles iniciam automaticamente a sua função. O sistema de evolução também está presente, com os trabalhadores a melhorarem com o tempo. Apesar da simplicidade, a gestão eficaz dos Keflings é crucial, pois não há uma quantidade ilimitada deles. A organização e distribuição das tarefas torna-se, assim, uma parte fundamental do desafio.
Uma das funcionalidades mais interessantes está na automatização e encadeamento da produção. Podemos configurar os trabalhadores para transportar automaticamente materiais entre edifícios, o que permite criar pequenas cadeias de produção bastante eficientes. Esta mecânica é essencial, pois os recursos transformam-se gradualmente em materiais mais complexos, como madeira que vira tábuas e posteriormente madeira esculpida.

Mundo e história
A história de A World of Keflings não é o foco principal do jogo, mas o mundo em si é envolvente e cheio de personalidade. Os Keflings têm comportamentos distintos, diálogos simples mas engraçados, e há uma boa variedade de missões que ajudam a manter o ritmo do jogo. À medida que avançamos, desbloqueamos novas regiões e edifícios, como academias, universidades e até canhões musicais.
Há também um sistema de educação para os Keflings, que os torna aptos a operar determinados edifícios. Um Kefling educado numa universidade terá competências superiores ao de uma academia, o que adiciona uma camada de progressão. Existem pequenas piadas subtis sobre as classes sociais entre os Keflings, o que demonstra o tom leve e bem-humorado do jogo.
Outro aspeto interessante é a construção de casas, que nos permite recrutar mais Keflings. As casas maiores geram mais habitantes, mas também exigem mais recursos. Este equilíbrio entre expansão populacional e gestão de recursos é uma constante ao longo do jogo.
Grafismo
Graficamente, A World of Keflings aposta num estilo cartoonesco simples mas eficaz. Não há grandes efeitos visuais nem um realismo impressionante, mas o jogo nunca pretendeu isso. O que oferece é um mundo colorido, bem animado e cheio de pequenos detalhes que dão vida à experiência. Os chapéus dos Keflings, por exemplo, ajudam a identificar as suas funções à distância, o que é uma excelente decisão de design.
O sistema de grelha invisível é outro exemplo de uma boa escolha visual. Só vemos a grelha quando precisamos, o que evita sobrecarregar o ecrã. Durante a construção, a grelha destaca o local exato onde devemos colocar cada peça, com efeitos visuais que facilitam a tarefa. Esta atenção ao detalhe ajuda muito na navegação e construção, especialmente quando os edifícios se tornam mais complexos.

Som
O som é uma das surpresas mais agradáveis do jogo. A banda sonora é suave, relaxante e perfeitamente adequada ao estilo do jogo. Cada reino tem uma ou duas faixas musicais, mas mesmo ouvindo-as repetidamente, raramente se tornam cansativas. Esta escolha de som contribui bastante para o ambiente zen e descontraído que o jogo pretende criar.
Os efeitos sonoros são funcionais, sem grande destaque, mas cumprem bem o seu papel. No entanto, onde o áudio realmente brilha é nas mecânicas opcionais, como os canhões musicais. Podemos personalizar o som, tom e efeito de cada canhão, permitindo aos jogadores mais criativos compor verdadeiras músicas usando apenas esta funcionalidade. É um extra totalmente opcional, mas extremamente bem conseguido, com potencial para fomentar uma comunidade criativa em torno do jogo.
Conclusão
A World of Keflings é um exemplo brilhante de como um jogo aparentemente simples pode esconder uma experiência rica e cativante. A sua jogabilidade acessível, aliada a um sistema de gestão eficaz e cheio de pormenores inteligentes, tornam-no num título altamente recomendável para quem procura algo relaxante mas envolvente.
As únicas falhas significativas prendem-se com a ausência de uma opção para correr, a impossibilidade de reciclar peças criadas por engano e a falta de uma funcionalidade integrada para partilhar vídeos do jogo, especialmente úteis para mostrar composições musicais criadas com os canhões. Ainda assim, estas falhas não retiram brilho à experiência global.
Mesmo para quem não jogou o original, A World of Keflings é uma excelente porta de entrada para este universo peculiar. A interação constante com os Keflings, o humor leve e o design intuitivo fazem deste jogo uma experiência muito acima da média no género de construção e gestão. Vale bem a pena descobrir o mundo dos Keflings, mesmo que à primeira vista não pareça o teu tipo de jogo.