Jogo de terror independente foi banido da Steam sob alegações de conteúdo sexual, apesar de não conter nudez ou atos sexuais
O aguardado título de terror VILE: Exhumed foi hoje lançado de forma independente através do website oficial www.vileisbanned.com, após uma controversa decisão da Valve que baniu o jogo da Steam. Segundo a empresa, o motivo para o banimento foi a presença de “conteúdo sexual com representações de pessoas reais” – uma acusação que o estúdio considera completamente infundada.
Desenvolvido pela artista e criadora Cara Cadaver, VILE: Exhumed é um jogo de terror intenso que recorre a FMV e efeitos práticos para ilustrar temas perturbadores como abuso, assédio e obsessão digital. Apesar da sua estética visualmente agressiva e dos temas maduros que aborda, o jogo não contém nudez não censurada, cenas sexuais explícitas nem pornografia.
Cara Cadaver respondeu diretamente à censura, afirmando:
“Esta censura à minha obra é um ataque direto à expressão criativa e à liberdade artística, e não vai parar com falsas acusações de conteúdo sexual. Virão atrás de qualquer coisa que fale mais alto do que eles.”
E continua: “Esta é a nossa resposta à censura, e a nossa rejeição da ideia de que o horror pode ser rotulado como aceitável ou não.”
O título é agora disponibilizado como shareware gratuito no site oficial, com informações disponíveis para quem quiser apoiar o jogo. A editora DreadXP, através do seu programa XP Ultra, anunciou que doará todos os seus lucros com o jogo à Red Door Family Shelter, uma organização canadiana que apoia famílias, refugiados e mulheres vítimas de violência. A própria Cara comprometeu-se a doar uma parte dos seus lucros, elevando o total doado para 50% das receitas.
Hunter Bond, diretor da DreadXP, comentou:
“Assim que percebemos que o jogo tinha sido banido, a conversa com a Cara foi imediatamente sobre o que podíamos fazer para honrar o seu trabalho. Perante uma tentativa clara de censura, sentimos que não era altura para meias medidas. Decidimos lançar o jogo de forma independente, onde nenhuma plataforma o poderia remover, como sinal de resistência e afirmação artística.”
VILE: Exhumed começou como um protótipo em 2024, destacando-se pela forma crua e inquietante com que retrata a obsessão digital e a violência invisível. Na versão final agora lançada, os jogadores exploram a mente fragmentada de um estranho através de uma interface de computador antiga, recuperando mensagens, ficheiros corrompidos, fóruns abandonados e emails. A experiência procura não apenas assustar, mas provocar reflexão.
A história gira em torno da obsessão de um homem pela atriz de filmes adultos fictícia Candy Corpse, e conduz o jogador por uma espiral de decadência psicológica e digital, sem recorrer ao sobrenatural ou metáforas. É uma obra que se pretende visceral, íntima e desconcertante, baseada em experiências profundamente humanas.
Principais destaques do jogo:
- Exploração de um velho computador infetado de segredos digitais
- Investigação de mensagens, emails, imagens e ficheiros esquecidos
- História centrada na obsessão e voyeurismo digital
- Horror psicológico intenso e sem filtros
Uma edição física de VILE: Exhumed está já em desenvolvimento, com um parceiro a anunciar futuramente. O jogo, agora fora do alcance das grandes plataformas, marca não só uma resposta contundente à censura, como também um manifesto em defesa da liberdade criativa no panorama dos videojogos.