Análise: Drag x Drive

Drag x Drive é a mais recente aposta da Nintendo em oferecer uma experiência desportiva diferente, tirando partido da tecnologia inovadora da Switch 2. Em vez de se centrar num desporto tradicional, a Nintendo decidiu apostar no basquetebol em cadeira de rodas, transformando-o numa experiência arcade intensa e original. Esta escolha resulta numa jogabilidade única que combina velocidade, estratégia e uma forte componente física através do inovador Mouse Mode, onde cada Joy-Con controla uma roda da cadeira virtual. A ideia é brilhante, mas a execução levanta alguns desafios, principalmente relacionados com o conforto dos controlos e com o espaço físico disponível para jogar.

Desde os primeiros minutos, Drag x Drive demonstra uma forte identidade como jogo multijogador competitivo. As partidas rápidas, o foco na cooperação em equipa e a constante proximidade entre jogadores criam uma atmosfera caótica mas entusiasmante. No entanto, é também um jogo que exige dedicação e paciência, sobretudo para dominar os controlos únicos que são, simultaneamente, a sua maior inovação e a sua maior barreira de entrada.

Jogabilidade
A jogabilidade de Drag x Drive gira em torno de partidas 3v3, onde cada equipa tenta marcar pontos utilizando cadeiras de rodas futuristas. Cada Joy-Con controla uma roda, o que significa que para avançar em linha reta é preciso deslizar ambos os comandos para a frente, imitando o movimento real de empurrar as rodas de uma cadeira. Para virar, basta mover apenas um Joy-Con, enquanto que para travar é necessário puxar ambos em simultâneo. Este sistema oferece um nível de imersão notável, mas também exige precisão e coordenação.

Os movimentos básicos são relativamente simples de compreender, mas dominá-los requer prática. Por exemplo, existem truques mais avançados, como inclinar a cadeira para um lado, fazendo-a andar apenas numa roda, ou até realizar um salto com ambas as rodas, algo útil para fintar adversários ou executar jogadas espetaculares. Contudo, estas manobras nem sempre funcionam como esperado, o que pode gerar frustração durante momentos mais competitivos.

Marcar cestos é mais direto: basta fazer um movimento rápido com o Joy-Con como se estivesse a lançar a bola. A defesa, por outro lado, exige timing e posicionamento, sendo possível bloquear adversários ou forçá-los a perder a bola com um embate frontal. Tudo isto contribui para partidas cheias de ritmo e emoção, onde a cooperação e a comunicação com os colegas de equipa são essenciais.

Além das partidas principais, o jogo inclui desafios e minijogos que ajudam os jogadores a aperfeiçoar as suas técnicas. Há provas de slalom para treinar curvas apertadas, desafios contra o relógio para melhorar a pontaria e até corridas para testar a velocidade. Estes modos funcionam como treino e dão alguma variedade ao pacote, mas a ausência de um verdadeiro modo campanha deixa a experiência um pouco limitada para quem prefere jogar sozinho.

Mundo e história
Embora Drag x Drive não tenha uma narrativa tradicional, o jogo apresenta uma estética futurista onde robôs participam neste desporto extremo. As arenas dividem-se entre Friend Park e Public Park, que servem de base para os modos online. Nestes espaços, os jogadores podem competir, treinar ou simplesmente explorar desafios adicionais. O jogo cria assim um pequeno ecossistema competitivo, ainda que sem grande profundidade narrativa.

A ausência de uma história mais desenvolvida pode desapontar quem procura contexto ou motivação além da competição. No entanto, a Nintendo compensa isso com a aposta na vertente comunitária. É possível criar parques privados, partilhar códigos de acesso e até assistir a partidas de outros jogadores, o que dá algum sentido de progressão social. Ainda assim, fica a sensação de que poderia haver mais variedade nas arenas e nas atividades para dar vida a este mundo virtual.

No modo online, até 12 jogadores podem estar na mesma arena, divididos em dois jogos 3v3 em simultâneo. É uma funcionalidade interessante que aumenta o potencial competitivo, mas falta a opção de enfrentar desconhecidos em equipa com amigos, algo que limita um pouco a experiência para grupos mais pequenos.

Grafismo
Graficamente, Drag x Drive apresenta uma performance impecável. O jogo corre de forma fluida, sem quedas de framerate, mesmo em partidas cheias de ação. No entanto, o estilo visual adotado é demasiado simples e minimalista. Os robôs são simpáticos, mas genéricos, e as arenas carecem de identidade visual. Tudo funciona, mas não impressiona, especialmente vindo da Nintendo, que costuma ter um cuidado especial na criação de mundos vibrantes e memoráveis.

A estética robótica combina com o tema futurista, mas falta variedade e personalidade. As arenas parecem demasiado estéreis e repetitivas, e a ausência de elementos visuais marcantes faz com que o jogo se torne visualmente monótono após algumas horas. Para um jogo competitivo, isto não é um problema crítico, mas é impossível não sentir que a Nintendo poderia ter sido mais ambiciosa na direção artística.

Som
A componente sonora segue a mesma linha do grafismo: funcional, mas pouco memorável. Os efeitos sonoros cumprem o seu papel, transmitindo bem o impacto dos embates, o deslizar das rodas e os lançamentos ao cesto. As músicas, por outro lado, são genéricas e não acrescentam muito à experiência. Não chegam a distrair, mas também não criam aquele impacto emocional que poderia tornar cada partida mais intensa e memorável.

Há, no entanto, pequenos toques de charme típicos da Nintendo, como os sons de aplausos ou comemorações durante as partidas. Estes detalhes ajudam a dar alguma vida ao ambiente competitivo, mas não são suficientes para compensar a falta de uma banda sonora marcante.

Conclusão
Drag x Drive é uma experiência inovadora que mistura desporto e videojogos de forma criativa. A jogabilidade baseada no Mouse Mode é a grande estrela, proporcionando uma sensação única de controlo e imersão. No entanto, esta mesma inovação traz consigo uma curva de aprendizagem acentuada e algumas limitações físicas, como o desconforto causado pelos Joy-Con durante sessões prolongadas.

Apesar da falta de modos de jogo e da simplicidade visual, Drag x Drive oferece partidas emocionantes e mecânicas profundas para quem estiver disposto a investir tempo na sua aprendizagem. É um jogo que brilha especialmente no multijogador local ou online com amigos, mas que pode perder algum apelo para quem prefere jogar sozinho.

Se tens um grupo de amigos pronto para mergulhar neste desporto futurista e não te importas de enfrentar uma fase inicial exigente, Drag x Drive tem potencial para oferecer muitas horas de diversão. É uma aposta arriscada da Nintendo, mas também um lembrete de que ainda existe espaço para ideias novas no mundo dos jogos desportivos.

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