Análise: Eat the Rich

Eat the Rich é um jogo de festa de dedução social desenvolvido pela Maccima Games e publicado pela Monstronauts, atualmente disponível em Acesso Antecipado no Steam. O jogo traz uma abordagem diferente dentro do género, ao colocar os jogadores num cenário inspirado em programas de televisão, onde o objetivo é literalmente devorar os ricos. Esta premissa satírica dá o tom para uma experiência de competição intensa e traições constantes, em que os jogadores assumem o papel de bilionários falidos, forçados a participar num jogo sádico para sobreviver e conquistar poder.

Com suporte para até 10 jogadores, Eat the Rich combina mini-jogos, mecânicas de eliminação e negociações em grupo, criando momentos caóticos cheios de tensão e humor negro. Embora ainda esteja numa fase inicial de desenvolvimento, o jogo já mostra potencial para se tornar um favorito entre os fãs de jogos de festa e de dedução social, sobretudo para quem gosta de títulos como Among Us ou Goose Goose Duck, mas procura algo mais irreverente e visualmente apelativo.

Jogabilidade

A jogabilidade de Eat the Rich é centrada em rondas compostas por mini-jogos e discussões em grupo. O objetivo principal é acumular o máximo de dinheiro possível, seja através da vitória nos desafios, do uso de itens especiais ou de sabotagem aos colegas. No final de cada ronda, os jogadores votam para decidir quem deve ser eliminado, criando um ambiente de desconfiança e manipulação.

Cada partida começa com os jogadores a competir em mini-jogos variados. Um dos mais marcantes é inspirado em Overcooked, onde os participantes têm de cozinhar bolos seguindo instruções específicas. No entanto, durante a fase de testes, foi notado que os bots — que substituem jogadores humanos quando a sala não está completa — não interagem de forma adequada, ficando parados e prejudicando a equipa. Embora a inclusão de bots seja uma boa solução para quem não tem o grupo completo, a sua falta de inteligência artificial eficaz compromete a experiência.

Uma mecânica interessante é a possibilidade de continuar a jogar mesmo depois de ser eliminado. Em vez de ficarem sem nada para fazer, os jogadores derrotados podem tornar-se desertores, tentando ganhar através de tarefas secundárias. Esta funcionalidade acrescenta profundidade estratégica, mas algumas destas tarefas são repetitivas e pouco gratificantes, como correr em círculos ou destruir caixas para recolher moedas, o que pode desmotivar os jogadores a longo prazo.

O sistema de votação é uma das partes mais envolventes, incentivando alianças temporárias, mentiras e traições. Contudo, alguns jogadores sentiram que a presença de várias moedas e sistemas de apostas tornava a experiência mais confusa do que necessário, desviando o foco do caos e da diversão pura que o jogo tenta proporcionar.

Mundo e história

A narrativa de Eat the Rich serve como pano de fundo para a competição, com os jogadores a interpretarem bilionários falidos que se veem forçados a competir num jogo televisivo brutal. Esta premissa cria uma sátira ao mundo real, explorando temas como ganância, desigualdade e poder de forma exagerada e humorística.

Apesar da ideia promissora, a execução narrativa ainda deixa a desejar. O conceito de “comer os ricos” só se manifesta de forma mais explícita em momentos pontuais, como nos ecrãs de pontuação onde os jogadores eliminados são apresentados como refeições. Fora destes momentos, a história acaba por ser esquecida, e o jogo não explora plenamente o potencial satírico do seu tema.

Ainda assim, a atmosfera criada consegue transmitir a sensação de participar num espetáculo televisivo bizarro. Os cenários são construídos para parecerem sets artificiais, o que reforça a ideia de que os participantes estão num palco, expostos ao entretenimento cruel de uma audiência invisível.

Grafismo

Visualmente, Eat the Rich é um dos pontos fortes do jogo. O estilo artístico aposta em elementos cartoonescos vibrantes, com personagens de aparência exagerada e cenários coloridos que captam a essência de um programa de televisão caótico. O design das personagens permite personalização extensa, incentivando os jogadores a desbloquearem novos cosméticos à medida que jogam.

A animação é fluida e dá vida às interações durante os mini-jogos e momentos de eliminação. Alguns destes momentos são surpreendentemente gráficos e bem detalhados, adicionando um toque inesperado de violência à estética caricata do jogo. O lobby, com um grande espelho no centro, destaca-se como um espaço visualmente apelativo onde os jogadores podem observar e ajustar as suas personagens antes de iniciar as partidas.

No entanto, alguns jogadores apontaram que certos ambientes carecem de variedade e detalhe, o que pode levar a uma sensação de repetição ao longo das partidas. Mesmo assim, o estilo visual é consistente e consegue transmitir a identidade única do jogo.

Som

O trabalho sonoro de Eat the Rich complementa bem o seu estilo visual. A voz do apresentador do jogo é forte e marcante, estabelecendo o tom irreverente e caótico da experiência. Desde a introdução cinematográfica, que deixa uma impressão inicial positiva, até às interações durante as partidas, o jogo mantém uma qualidade sólida na narração.

No entanto, nem todos os elementos sonoros têm o mesmo nível de polimento. Algumas falas podem soar amadoras, e a música de fundo, embora adequada, não se destaca particularmente. A ausência de instruções claras em certos mini-jogos também foi criticada, já que a falta de orientação sonora ou visual pode deixar os novos jogadores confusos sobre o que devem fazer.

O jogo inclui chat de voz integrado, o que facilita a comunicação em partidas públicas. Durante os testes, a ligação aos servidores foi estável, mesmo em situações onde jogadores de diferentes regiões estavam conectados, o que é um ponto positivo para a experiência multijogador.

Conclusão

Eat the Rich apresenta uma proposta divertida e caótica que combina mini-jogos, dedução social e humor satírico. A ideia de colocar jogadores no papel de bilionários falidos a competir num jogo mortal é cativante e traz frescura ao género. O estilo visual vibrante e a atmosfera inspirada em programas de televisão são pontos fortes que ajudam o jogo a destacar-se.

Por outro lado, o título ainda sofre com algumas limitações típicas de um jogo em Acesso Antecipado. A falta de variedade nos mini-jogos, a fraca inteligência artificial dos bots e certas mecânicas pouco intuitivas prejudicam a experiência em alguns momentos. A narrativa, apesar de promissora, não é explorada de forma consistente, deixando a sátira a meio caminho.

No estado atual, Eat the Rich é ideal para sessões ocasionais com amigos, proporcionando momentos de diversão intensa e traições hilariantes. Com futuras atualizações e mais conteúdos, tem potencial para se tornar um jogo de referência dentro do género. Para quem procura uma experiência diferente e caótica, este título já oferece uma boa dose de entretenimento e promete evoluir significativamente nos próximos meses.

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