Wartales – The Beast Hunt é uma expansão que mergulha os jogadores nos nevoeiros amaldiçoados de Brigga, uma nova região do já familiar reino de Harag. Nesta nova aventura, os jogadores são desafiados a caçar uma criatura monstruosa que desperta de dez em dez anos, espalhando corrupção por tudo o que toca. A promessa é a de uma experiência intensa, de combate táctico e exploração envolta em mistério e terror. Mas será que esta expansão cumpre o prometido ou é apenas mais uma tentativa falhada de manter viva a chama do jogo base?
Jogabilidade
A jogabilidade desta expansão mantém-se fiel à fórmula central de Wartales, com algumas adições específicas que visam reforçar o tema da caça. A grande novidade é a introdução da profissão de Caçador, que permite aos jogadores seguirem pistas, interpretarem sinais deixados pelo ambiente e enfrentarem novas ameaças fantasmagóricas. Esta nova profissão insere-se bem na campanha, oferecendo opções adicionais de interação com o mundo e alguma variedade às rotinas do jogo base. No entanto, a implementação das mecânicas de caça deixa a desejar. A ideia de seguir rastos e investigar o território prometia mais profundidade, mas o sistema acaba por ser superficial. As pistas são geralmente lineares e as decisões do jogador têm pouco impacto real na progressão da história. Além disso, todos os esquemas de criação de novos equipamentos são obtidos apenas no final da campanha, o que limita o seu uso e diminui o entusiasmo por explorá-los. Um dos principais problemas desta expansão é o desequilíbrio no nível de dificuldade. O conteúdo foi claramente desenhado para um nível específico de progressão. Jogadores que abordem Brigga demasiado cedo vão encontrar um desafio excessivo, enquanto os que cheguem com tropas bem desenvolvidas encontrarão pouca resistência e quase nenhuma recompensa relevante. Isto obriga os jogadores a começar uma nova campanha para tirar o máximo proveito da expansão, o que não é ideal para um DLC pago.

Mundo e história
Brigga é uma região envolta em nevoeiro e assombrada pela presença constante da Besta. A narrativa gira em torno da maldição que a criatura espalha, transformando animais em matilhas espectrais e corrompendo o ambiente. Os Caçadores têm travado esta ameaça há gerações, mas agora precisam de ajuda. Cabe ao jogador seguir os rastos da criatura e enfrentá-la diretamente no seu covil. Apesar do potencial narrativo, a história não se destaca particularmente. Algumas ideias interessantes são introduzidas, como o facto de a Besta anterior ter sido morta por uma personagem importante da zona, mas estas linhas narrativas são mal desenvolvidas ou simplesmente abandonadas. Pequenos eventos, como libertar uma personagem presa, não têm qualquer repercussão no mundo ou na história, o que é desmotivador. A linearidade não é um problema por si só, mas quando combinada com a falta de consequências das ações do jogador, torna a campanha algo vazia. Em comparação com eventos mais ricos como os da invasão de Skelemar, a narrativa de The Beast Hunt parece um esboço inacabado.
Grafismo
Em termos visuais, Wartales continua a ser um jogo esteticamente competente. A região de Brigga segue o mesmo estilo visual do restante mundo, mas consegue criar uma atmosfera mais sombria e opressiva. O uso do nevoeiro, da vegetação densa e dos tons escuros reforça bem o tema de uma terra corrompida pela presença de uma criatura ancestral. As novas criaturas, particularmente as matilhas fantasmas, têm um design visual interessante e ameaçador. No entanto, não há uma grande diversidade de inimigos novos, o que pode tornar os encontros repetitivos ao fim de algumas horas. As animações continuam fluidas e o ambiente mantém o detalhe que já se esperava do jogo base. Apesar de não revolucionar nada em termos gráficos, a expansão cumpre com o necessário para criar uma experiência imersiva, embora sem surpresas visuais de maior.

Som
A componente sonora de The Beast Hunt é competente, mas também aqui faltam novidades de peso. A banda sonora mantém o tom sombrio e melancólico característico de Wartales, e alguns temas novos reforçam bem a tensão da caçada. Os efeitos sonoros das novas criaturas são eficazes, especialmente os uivos e murmúrios espectrais das matilhas fantasmas, que ajudam a construir a atmosfera inquietante da região. No entanto, o áudio não se destaca particularmente e parece seguir a mesma linha segura de toda a expansão. Não há momentos memoráveis nem sequências marcadas por um uso criativo do som. O trabalho feito é sólido, mas sem grande brilho.
Conclusão
Wartales – The Beast Hunt é uma expansão que tinha potencial para ser uma adição marcante ao universo do jogo, mas acaba por ser limitada em quase todos os seus aspectos. A nova região de Brigga oferece uma boa atmosfera e algumas boas ideias, mas estas são mal aproveitadas e não justificam o preço pedido pelo conteúdo. O sistema de caça é pouco desenvolvido, a história carece de profundidade e as recompensas práticas surgem demasiado tarde para serem relevantes. A nova profissão de Caçador é talvez o elemento mais bem conseguido, oferecendo alguma frescura ao mapa de campanha. No entanto, mesmo este aspeto não chega para compensar a falta de conteúdo substancial. Para tirar real proveito da expansão, o jogador é praticamente obrigado a começar uma nova campanha, o que pode ser frustrante para quem já investiu muitas horas no jogo base. Em termos de duração, The Beast Hunt oferece cerca de 12 horas de conteúdo se for esticado ao máximo, o que é insuficiente para justificar o valor pedido. Para quem já é fã de Wartales e quer apoiar os desenvolvedores, a expansão pode ainda oferecer algum valor. Mas para a maioria dos jogadores, esta é uma daquelas experiências que vale mais a pena comprar com desconto. No fim, fica a sensação de que esta expansão teria funcionado melhor como uma extensão natural da linha narrativa de Ludern, integrada no jogo base, em vez de ser vendida separadamente. O conteúdo é aceitável, mas a relação qualidade-preço deixa bastante a desejar.