CyberTaxi: Lunatic Nights é um jogo que mistura simulação de condução com ação e combate, ambientado numa cidade distópica conhecida como Prison City. O jogador assume o papel de um taxista que tenta salvar a sua irmã, injustamente acusada e presa. O conceito lembra clássicos dos anos 80 e 90, tanto na sua narrativa como na estética, trazendo uma experiência que procura equilibrar condução realista, exploração e momentos de puro caos.
Embora ainda esteja em acesso antecipado, o jogo apresenta uma visão ambiciosa, oferecendo uma cidade perigosa onde cada corrida pode transformar-se numa missão completamente diferente. No entanto, essa ambição vem acompanhada de vários problemas técnicos e de design que, para já, impedem o jogo de alcançar todo o seu potencial.
CyberTaxi: Lunatic Nights tenta posicionar-se como uma experiência nostálgica, remetendo aos jogos da era da PS2, mas com gráficos modernos e algumas ideias inovadoras. O resultado é um jogo que pode ser divertido, mas que ainda necessita de muito trabalho antes de se tornar uma experiência realmente sólida.
Jogabilidade
O sistema principal do jogo gira em torno da condução do táxi, que não se limita a transportar clientes de um ponto a outro. O veículo conta com mecânicas detalhadas, como gestão de combustível e bateria, faróis, limpa para-brisas, suspensão em tempo real e efeitos climáticos dinâmicos. Esta atenção ao detalhe traz alguma profundidade à jogabilidade, mas também pode torná-la mais complicada do que seria necessário.
Cada corrida tem um objetivo único. Por vezes, é apenas levar o passageiro ao destino, mas outras missões incluem encontrar chaves num esgoto, eliminar gangues numa escola abandonada ou até procurar um gato desaparecido numa igreja antiga. Existe também um sistema de entregas delicadas, onde se deve transportar objetos frágeis sem os danificar, como uma pizza ou uma miniatura de navio numa garrafa.
O combate está presente tanto na condução como fora do carro. O jogador pode sair do veículo e explorar determinadas áreas a pé, sendo que algumas missões exigem essa abordagem. Existem várias armas à disposição, desde pistolas a armas mais futuristas, como canhões de plasma. É possível reforçar o táxi com armaduras adicionais compradas nas estações de serviço.
Apesar das boas ideias, a jogabilidade tem problemas evidentes. A condução, especialmente nas curvas e travagens, ainda se sente pouco natural. O comportamento da inteligência artificial também deixa a desejar, com veículos controlados pela IA a ficarem presos facilmente no trânsito. Além disso, os inimigos tendem a disparar de forma constante e previsível, tirando algum realismo às situações de combate.
Outro ponto negativo é o tutorial, que falha em ensinar várias mecânicas essenciais, deixando o jogador a descobrir os controlos por tentativa e erro. Isto pode ser frustrante, sobretudo porque existem muitas funções espalhadas entre condução, combate e interação com o ambiente.

Mundo e história
Prison City é uma metrópole decadente e perigosa, servindo como pano de fundo para a narrativa. A cidade tem uma atmosfera noir futurista, lembrando filmes clássicos de ficção científica dos anos 80 e 90. O enredo centra-se na busca do protagonista pela sua irmã, injustamente aprisionada. Ao longo do jogo, o jogador encontra personagens que lhe dão missões, cada uma com pequenas histórias próprias que ajudam a construir o mundo.
Apesar de a narrativa ter potencial, neste momento ela não está bem integrada na jogabilidade. Muitos diálogos soam forçados ou exagerados, quase como uma sátira a jogos como Grand Theft Auto, o que pode ser engraçado mas também tira algum peso dramático à história principal.
Um dos elementos interessantes do mundo é a diversidade de missões e situações inesperadas que surgem durante o jogo. Nunca se trata apenas de levar alguém de um ponto a outro. Há sempre algo extra, seja combater criminosos, explorar edifícios abandonados ou interagir com objetos escondidos pela cidade. Esta variedade ajuda a manter o jogador envolvido, mesmo que a execução ainda não seja perfeita.
Infelizmente, o mundo ainda se sente vazio em muitas áreas. Embora existam inimigos e alguns NPCs, falta vida e atividade nas ruas. Isto torna a cidade mais parecida com um cenário do que com um espaço verdadeiramente vivo e interativo. O facto de andar a pé não ter grande utilidade neste momento também limita a exploração.
Grafismo
Visualmente, CyberTaxi: Lunatic Nights tenta recriar a estética de filmes e jogos dos anos 80 e 90, mas com resolução moderna. A cidade tem um estilo dark-noir, com luzes de néon, ruas chuvosas e uma sensação constante de perigo.
Os efeitos climáticos, como chuva e nevoeiro, estão bem conseguidos e contribuem bastante para a atmosfera. A modelação dos veículos e do táxi em particular está detalhada, com destaque para o interior do cockpit, onde se vêem todos os instrumentos e controlos em tempo real.
Por outro lado, a animação das personagens é fraca e pouco convincente, especialmente durante as sequências de combate. Certos elementos gráficos parecem inacabados, o que é esperado para um jogo em acesso antecipado, mas ainda assim quebra a imersão.
Outro problema relevante é o desempenho. Mesmo em computadores capazes de correr jogos exigentes como Dying Light 2 a 60 FPS, CyberTaxi: Lunatic Nights apresenta quedas bruscas de performance. Isto indica falta de otimização, algo que deverá ser resolvido para tornar a experiência mais fluida.

Som
A banda sonora tenta acompanhar a atmosfera futurista da cidade, com temas eletrónicos que reforçam o ambiente noir. No entanto, as músicas acabam por ser repetitivas e pouco memoráveis.
Os efeitos sonoros durante a condução, como o motor do táxi, travagens e impacto de colisões, estão bem conseguidos e ajudam a dar uma sensação realista à condução. Já os sons das armas são satisfatórios, embora pudessem ter mais variedade para diferenciar melhor cada tipo de armamento.
As vozes dos personagens são uma mistura curiosa. Por um lado, algumas falas soam exageradas e até cómicas, o que pode ser divertido. Por outro, prejudicam a imersão, já que a narrativa tenta passar uma sensação de urgência e perigo.
O sistema de humor dos clientes, que reage ao estilo de condução do jogador, é uma boa ideia e funciona bem, acrescentando uma camada extra de interação ao jogo.
Conclusão
CyberTaxi: Lunatic Nights tem uma base promissora, combinando condução detalhada, combate e exploração numa cidade perigosa e estilizada. A variedade de missões e a liberdade para sair do táxi e explorar a pé são pontos fortes, assim como o ambiente noir que evoca nostalgia dos clássicos dos anos 80 e 90.
Contudo, o jogo ainda está numa fase muito inicial e sofre com vários problemas. A inteligência artificial precisa de melhorias, a condução carece de ajustes, o desempenho é inconsistente e o tutorial falha em ensinar mecânicas essenciais. Além disso, a cidade, apesar de visualmente interessante, carece de vida e interatividade.
Para já, CyberTaxi: Lunatic Nights é mais uma promessa do que uma experiência completa. Se os desenvolvedores continuarem a trabalhar nas falhas e a ouvir o feedback da comunidade, existe potencial para que se torne um jogo marcante dentro do género. Até lá, é uma curiosidade interessante para quem aprecia experiências experimentais, mas não ainda um título essencial.