Dungeon Stalkers chega ao mercado como um jogo de extração PvEvP em terceira pessoa, onde o objetivo é explorar masmorras perigosas, derrotar monstros, enfrentar outros jogadores e escapar vivo com o máximo de loot possível. Lançado em acesso antecipado na Steam a 13 de agosto de 2025, o jogo promete evoluir ao longo de um ano de desenvolvimento, mas já apresenta muitos elementos que geram debate, tanto positivos como negativos. A primeira impressão é forte, graças a visuais chamativos e a uma proposta que mistura exploração, sobrevivência e combate competitivo. No entanto, rapidamente se percebe que há problemas estruturais que impedem Dungeon Stalkers de brilhar no género.
Desde o seu anúncio em 2023, o jogo gerou algum burburinho, especialmente por se inspirar em títulos como Dark and Darker, mas tentando criar a sua própria identidade. A ideia de combinar a tensão de uma masmorra repleta de perigos com a imprevisibilidade do confronto contra outros jogadores é apelativa, mas a execução acaba por ser inconsistente. A questão que se coloca é se Dungeon Stalkers consegue destacar-se num género que exige muito do design e da experiência do jogador.
Jogabilidade
O núcleo da jogabilidade em Dungeon Stalkers assenta na exploração de masmorras dinâmicas. Existem nove personagens jogáveis, cada uma com habilidades únicas, oferecendo estilos de combate variados. O jogador entra na masmorra, derrota inimigos para obter loot, enfrenta adversários humanos para garantir recompensas mais valiosas e, finalmente, tenta escapar antes de morrer. A estrutura básica segue um ciclo simples: matar, saquear e sobreviver. No entanto, este ciclo revela-se repetitivo rapidamente, com cerca de 80% do tempo dedicado a combates contra inimigos e apenas uma pequena fração voltada para exploração ou interação com elementos do ambiente.
Existem diferentes modos de jogo, incluindo opções puramente PvE, chamadas Adventure, onde não existem outros jogadores a interferir, e modos PvEvP competitivos, incluindo partidas rápidas e ranked. A ideia é permitir que os jogadores evoluam gradualmente, começando sem riscos no PvE e, mais tarde, aventurando-se em partidas mais perigosas. No entanto, o ritmo de progressão é lento e dependente de grind excessivo. Antes de desbloquear todo o potencial do jogo, é necessário investir muitas horas em tarefas repetitivas, como farmar recursos para melhorar a base pessoal, que serve para desbloquear comerciantes e funcionalidades essenciais.
O combate em si também deixa a desejar. Personagens de combate à distância sentem-se mais ágeis e eficazes, enquanto os lutadores corpo a corpo parecem lentos e desajeitados. Esta discrepância cria um desequilíbrio na jogabilidade, tornando certas classes muito mais viáveis do que outras. O sistema de RNG no loot agrava este problema, uma vez que o progresso depende demasiado da sorte em encontrar bons equipamentos, em vez de recompensar a habilidade do jogador.

Mundo e história
A premissa narrativa de Dungeon Stalkers gira em torno de uma maldição lançada por uma bruxa, que transforma as masmorras em locais perigosos e mutáveis. O jogador assume o papel de um aventureiro em busca de riqueza, honra e respostas para os mistérios do mundo. Embora exista um conceito interessante por trás desta ideia, a execução é superficial.
O mundo parece carecer de identidade própria. A mistura de personagens com designs que remetem a anime e cenários que tentam evocar uma atmosfera sombria cria uma sensação de desconexão. Não há um fio condutor narrativo forte que motive o jogador a continuar, e a ausência de lore significativo deixa a experiência a parecer meramente mecânica. Apesar de uma cinemática inicial promissora, não existe continuidade narrativa dentro do jogo, e a falta de vozes ou diálogos relevantes contribui para a sensação de vazio.
Grafismo
Visualmente, Dungeon Stalkers tem o seu ponto mais forte. Os modelos de personagens são detalhados e distintos, facilmente reconhecíveis, e existe um claro esforço em criar algo visualmente apelativo para captar a atenção do público. As skins e armaduras, embora alvo de alguma controvérsia pelo seu estilo mais fantasioso, conseguem destacar-se e chamar a atenção.
No entanto, o bom acaba aqui. As animações são lentas e rígidas, transmitindo a sensação de que os personagens têm dificuldade em movimentar-se. Isto não só prejudica a fluidez do combate como também quebra a imersão do jogador. O design dos ambientes também é inconsistente, não conseguindo estabelecer uma estética coesa entre os heróis de estilo anime e as masmorras mais escuras e ameaçadoras. O resultado final é um grafismo visualmente apelativo em termos de personagens, mas incoerente e pouco convincente quando analisado no seu todo.

Som
O áudio é um dos aspetos mais negligenciados do jogo. Após uma introdução com uma cinemática que surpreende pela qualidade, esperava-se que este nível fosse mantido durante a experiência. Infelizmente, não há praticamente narração, diálogos ou ambientação sonora digna de destaque. A ausência de música ou efeitos sonoros que reforcem a atmosfera da masmorra é uma oportunidade perdida que deixa o mundo de Dungeon Stalkers sem vida.
Este silêncio constante torna a experiência monótona e impede que o jogador sinta a tensão necessária num jogo de sobrevivência e extração. O combate também sofre com efeitos sonoros pouco impactantes, que não transmitem o peso das ações ou a intensidade dos confrontos. Este é, sem dúvida, um dos pontos que mais precisa de melhorias durante o período de acesso antecipado.
Conclusão
Dungeon Stalkers apresenta uma ideia promissora, mas a execução deixa muito a desejar. O jogo oferece visuais apelativos e um conceito sólido de exploração e extração em masmorras, mas falha em quase todos os outros aspetos. A jogabilidade é lenta e repetitiva, o combate carece de fluidez e equilíbrio, e a progressão depende demasiado do grind e da sorte. Além disso, a monetização agressiva afasta muitos jogadores, com preços exorbitantes para skins, personagens bloqueados atrás de paywalls e sistemas que favorecem quem paga por vantagens, como filas prioritárias.
Para um jogo free-to-play, seria de esperar a presença de microtransações, mas Dungeon Stalkers leva isso ao extremo, cobrando valores absurdos, como 50 dólares por uma única skin e um emote. Esta abordagem predatória prejudica ainda mais a experiência, criando uma barreira injusta entre jogadores que pagam e os que não pagam.
No estado atual, Dungeon Stalkers não consegue destacar-se num género que já é competitivo e exigente. Com um combate fraco, áudio inexistente e uma estética incoerente, o jogo depende quase exclusivamente do seu visual inicial e da curiosidade dos jogadores. Há potencial para melhorias durante o acesso antecipado, mas será necessário um esforço significativo por parte dos desenvolvedores para transformar este título numa experiência realmente memorável. Neste momento, é difícil recomendá-lo, especialmente a quem procura um jogo profundo e equilibrado no género de extração PvEvP.