Antevisão: Stick It to the Stickman

Depois de quase três anos de espera desde a demo, Stick It to the Stickman chegou finalmente em acesso antecipado, trazendo consigo a irreverência e o humor que se esperava de um jogo criado pela Free Lives, estúdio responsável por títulos como Broforce e GORN. A demo já deixava antever um jogo de ação caótico e divertido, e agora, na sua versão mais completa, o jogo entrega exatamente isso: uma mistura entre um beat ‘em up clássico e uma sátira mordaz ao mundo corporativo. Aqui, subir na carreira não significa trabalhar duro em frente a um computador, mas sim derrotar inimigos a socos, pontapés e ataques especiais até chegar ao topo da hierarquia empresarial.

Este é um jogo que aposta na violência exagerada, na jogabilidade frenética e no humor negro, criando uma experiência que se mantém fresca mesmo após várias sessões de jogo. Embora esteja em acesso antecipado, Stick It to the Stickman já mostra uma base sólida e promissora, com mecânicas que incentivam a repetição e evolução do jogador.

Jogabilidade

A jogabilidade de Stick It to the Stickman é simples de aprender, mas com bastante profundidade. O objetivo principal é subir literalmente uma torre, andar após andar, enfrentando inimigos cada vez mais fortes até chegar ao chefe final. Cada piso apresenta novos desafios e a variedade de ataques disponíveis garante que cada jogada seja diferente. Os controlos são intuitivos: um botão para saltar, outro para atacar e um terceiro para usar habilidades especiais ou power-ups. Estes power-ups incluem recuperar vida, ganhar dinheiro extra ou abrandar o tempo, permitindo criar momentos de combate cinematográficos.

À medida que o jogador sobe na torre, vai adquirindo novas habilidades e ataques, que podem ser melhorados temporariamente durante a subida. No entanto, sempre que começa uma nova tentativa, tudo volta ao estado inicial, criando uma dinâmica de roguelike que incentiva a experimentação. Existe também um sistema de armas, sejam de disparo ou arremesso, mas com munições limitadas, obrigando o jogador a pensar estrategicamente na sua utilização.

A dificuldade aumenta gradualmente, com novos inimigos, mini-chefes e perigos ambientais que forçam o jogador a adaptar-se constantemente. Em momentos mais caóticos, fugir pode ser a melhor solução, especialmente quando o número de inimigos se torna esmagador. Esta mistura de combate direto com decisões táticas torna cada tentativa única e imprevisível.

Mundo e história

O mundo de Stick It to the Stickman é uma caricatura exagerada da sociedade corporativa e urbana. O jogo não se limita apenas à escalada da torre; existe também um espaço aberto que pode ser explorado e expandido à medida que se ganha dinheiro. Neste mundo, é possível gentrificar zonas, construir novas áreas e desbloquear locais que acrescentam variedade à jogabilidade.

Este espaço funciona como uma espécie de paródia a jogos como Grand Theft Auto, permitindo roubar carros, atacar civis, destruir veículos da polícia ou simplesmente causar o caos. Embora não exista uma narrativa tradicional, cada ação contribui para a sensação de que o jogador está a desafiar um sistema opressivo, subindo na hierarquia não através de competência, mas pela força bruta. É uma crítica divertida à realidade das grandes empresas, onde a ambição muitas vezes ultrapassa qualquer ética.

Um dos cenários mais memoráveis é o de uma fábrica de embalagens, onde o jogador começa de forma aparentemente normal, apenas para rapidamente mergulhar num festival de pancadaria contra colegas de trabalho e, por fim, enfrentar o patrão. Estes momentos criam uma sensação de progressão e diversidade, evitando que o jogo se torne repetitivo.

Grafismo

Visualmente, Stick It to the Stickman aposta num estilo minimalista, inspirado nos antigos jogos em Flash com figuras de pau, mas com uma modernização que lhe dá identidade própria. Apesar da simplicidade das personagens, as animações são surpreendentemente fluidas e expressivas, transmitindo emoção e humor em cada movimento. A violência exagerada ganha destaque através de efeitos visuais cómicos, como corpos a voar ou explosões desproporcionais, que reforçam o tom satírico do jogo.

Os cenários, embora estilizados, têm bastante detalhe e variedade. Cada piso da torre apresenta um tema diferente, desde escritórios comuns a fábricas caóticas, criando uma sensação de progressão visual à medida que o jogador avança. A destruição de objetos no cenário contribui para a sensação de caos e interatividade, tornando o mundo mais dinâmico.

Som

O som desempenha um papel importante na experiência caótica de Stick It to the Stickman. A banda sonora aposta em temas energéticos que acompanham o ritmo frenético dos combates. As músicas mudam de acordo com a intensidade da ação, criando momentos de adrenalina máxima durante os confrontos com chefes.

Os efeitos sonoros são igualmente satisfatórios, com socos e pontapés que soam exageradamente fortes, reforçando o caráter cómico do jogo. O ruído do ambiente, como carros a serem destruídos ou inimigos a gritar, acrescenta profundidade ao mundo. Não existem vozes tradicionais, mas os grunhidos e sons caricaturais das personagens ajudam a manter o tom humorístico e leve.

Conclusão

Stick It to the Stickman consegue captar a essência dos antigos jogos em Flash com figuras de pau, modernizando a fórmula e oferecendo uma experiência divertida, caótica e surpreendentemente viciante. É um jogo que combina combate simples mas satisfatório, progressão roguelike e um mundo cheio de sátira social. A crítica ao mundo corporativo é feita de forma exagerada e cómica, permitindo ao jogador descarregar frustrações enquanto sobe na hierarquia à base de socos.

Apesar de ainda estar em acesso antecipado, o jogo já apresenta bastante conteúdo e uma base sólida. Há espaço para melhorias, especialmente na variedade de inimigos e objetivos, mas o que já existe é suficiente para proporcionar muitas horas de diversão. É uma experiência perfeita para sessões curtas ou longas, sempre com algo novo para descobrir.

Para quem procura um beat ‘em up diferente, que combina humor, caos e mecânicas viciante, Stick It to the Stickman é uma aposta segura. Não irá ensinar ninguém a ser um CEO, mas oferece uma fantasia catártica de derrubar o sistema à força, um andar de cada vez.

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