Saído diretamente das profundezas ardentes da cena indie belga, Kick’n Hell da Fire Foot Studios chega ao Steam como uma experiência desafiante e implacável. A premissa é simples mas original: em vez de armas ou punhos, o único recurso do jogador é o seu pé. Colocado no inferno, um lugar cheio de armadilhas e perigos, cada salto pode ser fatal e cada falha é acompanhada pelos comentários sarcásticos de Satanás. É uma proposta que mistura humor negro com um nível de dificuldade elevado, pensado para quem aprecia jogos de plataformas que exigem precisão e persistência.
Jogabilidade
Em Kick’n Hell controlamos um artista marcial preso nas masmorras de Satanás. A única forma de escapar é usando cérebros espalhados pelo cenário como trampolins macabros, saltando cada vez mais alto até conseguir acertar um pontapé na cara do próprio Diabo. No entanto, nem todos os cérebros têm o mesmo efeito: uns lançam-nos para cima, outros para longe, alguns de forma diagonal e outros apenas o suficiente para frustrar o jogador. A jogabilidade baseia-se em tentativa e erro, com um forte foco na precisão e na aprendizagem através da repetição. Cada pontapé influencia a direção e a velocidade do salto, e dominar o momento certo e o ângulo correto é essencial para evitar quedas fatais.
Mundo e história
A história é simples e serve apenas de pano de fundo para a ação. O jogador encontra-se preso no inferno e precisa de escalar uma torre infernal, enfrentando cérebros saltitantes e criaturas demoníacas pelo caminho. Satanás não só observa como comenta constantemente as falhas do jogador, tornando cada erro ainda mais irritante. À medida que se sobe, surgem novos inimigos como lobos, cobras e aberrações demoníacas que podem empurrar ou morder, atrapalhando os saltos e aumentando o caos. É um ambiente hostil, que reforça o tom cruel e sarcástico do jogo.
Grafismo
Kick’n Hell apresenta um estilo visual retro inspirado nos jogos de finais dos anos 90. O grafismo em pixel art é simples, mas eficaz, com cenários iluminados por cérebros brilhantes, poções de tom verde e tochas tremeluzentes. À medida que o jogador progride na torre, os ambientes tornam-se mais variados, proporcionando alguma diversidade visual apesar da repetição inevitável. A estética contribui para a atmosfera bizarra e macabra, criando um contraste curioso entre o aspeto divertido e a jogabilidade brutalmente punitiva.
Som
O destaque sonoro vai para as falas de Satanás, que reagem dinamicamente ao desempenho do jogador. Em vez de dar apoio, Satanás zomba e manipula, tornando a experiência ainda mais psicológica e intensa. Os efeitos sonoros, como os pontapés e as quedas, são simples mas satisfatórios, enquanto a música ajuda a reforçar a sensação de urgência e caos. É um trabalho de som minimalista, mas eficaz para o tipo de experiência que o jogo procura oferecer.
Conclusão
Kick’n Hell é um jogo pensado para um público muito específico. Se não tens paciência para falhar repetidamente, ou se te irritas facilmente com mecânicas implacáveis, é provável que acabes por desistir rapidamente. Mas para os jogadores que gostam de desafios extremos e de sentir uma enorme satisfação quando finalmente dominam uma secção difícil, este é um título viciante e recompensador. A curva de aprendizagem é dura e a frustração é constante, mas a sensação de vitória após cada conquista compensa o sofrimento. É um jogo que exige reflexos, memória e muita teimosia, oferecendo uma experiência intensa e única no género de plataformas.
