Maximum Football chega à sua versão 1.0 com grandes ambições e uma proposta que chama desde logo a atenção: ser uma simulação de futebol americano gratuita. Num género dominado por gigantes como Madden ou NCAA College Football, a ideia de um concorrente acessível e sem custo inicial é aliciante. No entanto, como tantas vezes acontece, o diabo está nos detalhes, e o que se apresenta como uma boa ideia no papel pode tropeçar na sua execução. Maximum Football é um desses casos. Longe de ser um desastre completo, mostra sinais claros de potencial, mas está ainda longe de ser um título competitivo. Apesar disso, o facto de podermos jogar gratuitamente permite-nos entrar no campo sem grande risco – e isso, por si só, já vale uma tentativa.
Jogabilidade
A base de qualquer jogo de desporto está na jogabilidade, e é aqui que Maximum Football ainda tem muito que melhorar. Desenvolvido em Unreal Engine, o jogo tenta encontrar um meio-termo entre a abordagem mais arcade de títulos antigos como NFL Blitz e a vertente mais realista da EA Sports. Infelizmente, o resultado final não convence. Os movimentos dos jogadores parecem mecânicos, pouco naturais, como se estivessem a deslizar no gelo. As animações são lineares, e as transições entre movimentos não fluem como deviam. Passar a bola é particularmente frustrante: os passes parecem demasiado leves, a trajetória é irreal e a câmara nem sempre facilita a leitura do campo.
Há ainda bugs que perturbam a experiência, como o relógio de jogo continuar a contar mesmo quando o relógio de jogada está parado ou os corredores controlados pela IA que, depois de receberem a bola, simplesmente ficam parados. Estas falhas técnicas, por menores que sejam, acumulam-se e prejudicam a imersão. Para quem está habituado a jogos mais refinados neste género, Maximum Football pode parecer um retrocesso.

Mundo e história
Sendo um simulador de futebol americano, não há propriamente uma narrativa tradicional em Maximum Football. No entanto, os modos de jogo disponíveis oferecem um certo contexto que ajuda a criar envolvimento com o que se passa em campo. A Pro League, por exemplo, é baseada em cartas e permite construir uma equipa de raiz, competindo online ou contra a IA. Já o Modo Dinastia oferece uma experiência mais completa, com múltiplas épocas, playoffs, recrutamento de jogadores e até a possibilidade de gerir aspectos financeiros do clube, como preços de bilhetes ou contratação de treinadores.
A quantidade de equipas pré-criadas é impressionante, com mais de 130 formações disponíveis. Nomes como Hattiesburg Horror ou Roswell Greys emprestam uma certa personalidade ao jogo, compensando a ausência de licenciamento oficial. Este universo fictício permite uma personalização aprofundada, sem as limitações habituais de direitos de imagem e nomes reais. Se por um lado isso afasta os fãs que procuram autenticidade, por outro dá liberdade criativa a quem gosta de construir o seu próprio legado.
Grafismo
Visualmente, Maximum Football cumpre, mas está longe de deslumbrar. O motor Unreal permite alguns momentos agradáveis à vista, mas no geral o jogo parece datado. As texturas são simples, as animações rudimentares e os modelos dos jogadores pouco detalhados. Um problema curioso é o de os equipamentos ficarem manchados de verde após os jogadores caírem no relvado sintético, um detalhe estranho que quebra a imersão. A interface é funcional, embora pouco intuitiva em certos menus, especialmente no Modo Dinastia, onde navegar entre grupos de posição requer cliques adicionais que se tornam rapidamente frustrantes. A apresentação em si é aceitável para um jogo gratuito, mas não se aproxima dos padrões elevados do género. É aqui que se nota a diferença entre um projeto com um orçamento limitado e os pesos pesados da indústria.

Som
O som é, talvez, o aspeto mais fraco de Maximum Football. A música e os efeitos sonoros passam despercebidos, mas o comentário em tempo real é simplesmente mau. As falas são genéricas, fora de tempo e com uma entoação tão robótica que se suspeita do uso de inteligência artificial. Embora os criadores tenham confirmado que não utilizaram IA gerativa para esta função, o resultado final não convence. Frases como “A equipa médica está… a entrar… em campo” fazem com que o jogo pareça mais uma paródia do que uma simulação séria. A falta de entusiasmo e realismo no comentário retira muito do impacto emocional que uma boa locução poderia trazer às partidas.
Conclusão
Maximum Football 1.0 é um projeto ambicioso com boas intenções, mas que ainda precisa de muito trabalho para alcançar o nível dos seus concorrentes. A proposta de ser gratuito é apelativa, e os modos de jogo como a Pro League e o Modo Dinastia oferecem conteúdo suficiente para entreter, especialmente tendo em conta o custo zero. No entanto, a jogabilidade pouco refinada, os bugs persistentes e a fraca componente sonora comprometem a experiência geral.
Há, sem dúvida, uma base interessante sobre a qual construir. A liberdade criativa, a variedade de equipas e a possibilidade de gerir os aspetos financeiros de um clube no Modo Dinastia são pontos positivos que podem atrair jogadores mais curiosos. Mas a realidade é que, neste momento, Maximum Football ainda não está pronto para competir com os grandes. Quem tiver interesse pode experimentar sem compromisso, mas dificilmente encontrará aqui uma alternativa completa às ofertas da EA Sports. Se os criadores continuarem a investir, a ouvir a comunidade e a corrigir as fragilidades mais evidentes, talvez estejamos perante um jogo com verdadeiro potencial a médio prazo. Para já, é mais uma promessa do que uma realidade. Como qualquer equipa que ambiciona subir na classificação, será preciso tempo, trabalho e consistência. Maximum Football ainda está a tentar ganhar as primeiras jardas, e o touchdown parece estar ainda longe.