Análise: The Wandering Village

The Wandering Village é um city builder peculiar que nos coloca no papel de guardiões de uma pequena comunidade que vive nas costas de uma criatura gigantesca chamada Onbu. Desenvolvido pelo estúdio suíço Stray Fawn Studio, o jogo mistura a tradicional gestão de recursos com um elemento único: a relação simbiótica com este ser colossal que vagueia por um mundo pós-apocalíptico. A premissa é refrescante e consegue destacar-se num género repleto de jogos semelhantes, trazendo uma sensação de aconchego apesar do cenário desolador em que decorre.

Jogabilidade
À primeira vista, The Wandering Village segue de perto a fórmula clássica dos jogos de gestão. Existem edifícios genéricos, uma árvore de pesquisa simples e a habitual necessidade de atribuir funções aos trabalhadores. Contudo, a presença de Onbu introduz uma nova camada de estratégia. É necessário alimentá-lo, tratar as suas doenças e até influenciar a direção que ele toma, usando ferramentas que são desbloqueadas à medida que se progride. As opções variam entre gestos amigáveis, como acariciar a criatura, e decisões mais sombrias, como sacrificar aldeões para seu benefício ou extrair recursos diretamente do seu corpo. Esta liberdade de escolha dá origem a diferentes estilos de jogo, equilibrando o bem-estar da criatura com as necessidades da aldeia.

Com o avanço da campanha, a gestão torna-se mais exigente. A mão-de-obra é frequentemente limitada, obrigando a reatribuir trabalhadores conforme surgem novos problemas. É preciso ter atenção à saúde de Onbu, alimentando-o e evitando áreas perigosas que o podem deixar doente. O mapa desempenha um papel importante, ajudando a identificar zonas de pasto ou locais perigosos antes de tomar decisões. A construção de edifícios e a expansão da aldeia são limitadas pelo espaço disponível nas costas de Onbu, o que torna a gestão do espaço essencial, especialmente na fase avançada do jogo.

Mundo e história
O jogo apresenta um mundo pós-apocalíptico intrigante, embora a narrativa principal seja pouco desenvolvida. A história centra-se na construção de uma torre de rádio para comunicar com o mundo exterior, revelando gradualmente o que levou ao colapso da civilização. Há algumas sequências animadas inspiradas no estilo dos filmes do Studio Ghibli, mas a maior parte do enredo é transmitida através de caixas de texto estáticas. Ao longo da jornada, a aldeia entra em contacto com outros grupos espalhados pelo caminho de Onbu, criando oportunidades de interação e novas descobertas. Apesar de simples, esta componente ajuda a dar contexto ao mundo e à aventura dos aldeões.

Grafismo
Visualmente, The Wandering Village é encantador e vibrante. As animações são detalhadas e dão vida tanto a Onbu como aos aldeões que correm de um lado para o outro, criando uma sensação de comunidade ativa. A estética lembra produções animadas japonesas, com cores vivas e um estilo artístico acolhedor que contrasta com o cenário pós-apocalíptico.

Som
A banda sonora acompanha bem a atmosfera tranquila e contemplativa do jogo. Os efeitos sonoros são simples, mas eficazes, transmitindo a sensação de convivência entre os aldeões e Onbu. Os passos pesados da criatura, os sons da natureza e o burburinho da aldeia contribuem para criar uma experiência imersiva, ainda que discreta. A música evita ser intrusiva, funcionando mais como um pano de fundo relaxante do que como um elemento central.

Conclusão
The Wandering Village é uma adição interessante ao género dos city builders. A sua maior força reside no conceito único de gerir uma aldeia nas costas de uma criatura viva, combinando mecânicas de gestão com elementos de cuidado de um ser colossal. Apesar da história ser pouco envolvente e da variedade de construções ser limitada, o jogo oferece muitas opções de rejogabilidade, incluindo modos como o Sandbox e o Challenge Mode, que permitem ajustar a dificuldade e experimentar diferentes abordagens. É uma experiência leve, mas cativante, que consegue diferenciar-se graças ao seu conceito original e ao charme visual e sonoro que apresenta.

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