Tobacco Shop Simulator surge como mais uma entrada no já saturado mundo dos simuladores de loja, com uma proposta que, à primeira vista, parece apenas mudar o embrulho de algo que já vimos vezes sem conta. Substitui-se o supermercado por uma tabacaria, reciclam-se mecânicas de outros jogos e temos um novo produto a ocupar espaço digital. Ainda assim, por mais que pareça um clone preguiçoso de títulos anteriores, há algo nesta fórmula repetida que continua a atrair jogadores. Este é um jogo que se insere naquela categoria desconfortável de ser criticamente fraco mas estranhamente viciante.
Jogabilidade
A jogabilidade segue o mesmo ciclo viciante de outros simuladores: encomendar produtos, colocá-los nas prateleiras, atender clientes e expandir o negócio. O sistema é simples e familiar, quase automático. Os clientes são figuras genéricas, com pouca variação e expressão, e os funcionários controlados por IA são ineficazes, organizando produtos com uma lógica que beira o absurdo. No entanto, é justamente esta repetição básica e mecânica que agrada. O cérebro entra em piloto automático, e há um estranho prazer em ver uma prateleira cheia de vapes coloridos arrumados de forma perfeita. Não há profundidade real, mas existe uma estranha sensação de produtividade que mascara o vazio da experiência.

Mundo e história
Não há história para contar em Tobacco Shop Simulator. O jogo não se preocupa com narrativas, contexto ou qualquer tipo de envolvimento emocional. A loja existe, os clientes aparecem e o mundo exterior é irrelevante. Este é um ambiente funcional, construído apenas para suportar o loop de jogabilidade. Não há objetivos de longo prazo, não há motivações além de acumular dinheiro e desbloquear melhorias para a loja. O foco está na acção rotineira e na expansão incremental, algo que funciona bem como passatempo, mas não oferece qualquer tipo de envolvimento além do superficial.
Grafismo
Visualmente, o jogo não impressiona. Muitos dos elementos gráficos parecem gerados por inteligência artificial ou retirados de bancos genéricos de activos 3D. Há um certo desconforto no design de alguns modelos, com proporções estranhas e texturas que remetem àquilo que se costuma ver em experiências mal polidas ou produtos inacabados. A estética carece de identidade e alma, tornando a loja mais parecida com uma vitrine de elementos descartáveis do que um espaço com personalidade. A interface e os menus também deixam a desejar, apresentando um design copiado diretamente de outros jogos semelhantes.

Som
O som em Tobacco Shop Simulator é funcional e pouco mais. As músicas são genéricas e rapidamente caem na repetição, enquanto os efeitos sonoros cumprem o mínimo necessário para acompanhar as acções do jogador. Não há um trabalho de som cuidado que ajude a criar uma atmosfera envolvente. Tudo soa como se estivesse em segundo plano, a servir de acompanhamento ao gesto mecânico de colocar pacotes nas prateleiras e ouvir o som da caixa registadora. É um som que se esquece assim que se fecha o jogo.
Conclusão
Tobacco Shop Simulator é mais um exemplo de como um conceito reciclado pode continuar a ter sucesso, mesmo quando executado com o mínimo esforço. É um jogo preguiçoso, pouco original, com gráficos insípidos e som esquecível. E, no entanto, há algo no seu ciclo repetitivo que o torna viciante. Ideal para quem quer desligar o cérebro e matar tempo, o jogo oferece uma sensação falsa de produtividade que pode ser estranhamente satisfatória. Não é recomendável como experiência inovadora ou marcante, mas sim como um guilty pleasure digital para sessões nocturnas sem grande propósito. É a definição perfeita de entretenimento descartável.