LumenTale: Memories of Trey é um RPG de captura de monstros desenvolvido pela Beehive Studios e publicado pela Team17, uma combinação que desde logo promete qualidade e atenção ao detalhe. A demo disponibilizada é apenas uma amostra inicial do que o jogo final poderá oferecer, mas já dá para perceber o potencial e algumas fragilidades desta nova aposta no género. LumenTale tenta seguir as pisadas de clássicos como Pokémon, mas com uma abordagem mais narrativa e uma estética própria que o ajuda a destacar-se.
Jogabilidade
A estrutura base de LumenTale assenta no colecionismo e no combate estratégico entre criaturas chamadas Animon. Existem mais de 140 tipos conhecidos e 13 elementos diferentes, o que cria um sistema de interações bastante variado e profundo. O jogo oferece tanto duelos diretos como batalhas em formato 4×4, o que adiciona uma camada tática interessante, permitindo planear combinações e sinergias entre as criaturas. No entanto, a introdução da demo sofre de um problema de ritmo. Antes de o jogador poder explorar livremente e começar a capturar Animon, é necessário passar por uma secção de stealth que, embora relevante para a história, quebra o ritmo inicial e pode afastar alguns jogadores menos pacientes.

Mundo e história
O enredo de LumenTale decorre num mundo chamado Animon, que outrora viveu em paz sob o domínio de um imperador benevolente. Após a sua morte, uma guerra civil devastou o território, até que um grupo leal do antigo exército decidiu proteger o povo, restaurando a ordem e a tranquilidade. É neste contexto que surge Trey, o protagonista, cuja jornada está intimamente ligada aos mistérios e às criaturas que habitam o mundo. Apesar de a narrativa prometer algum peso emocional e um universo com história própria, a demo ainda não revela o suficiente para perceber o verdadeiro alcance do enredo. Mesmo assim, nota-se uma tentativa clara de dar mais substância e contexto ao género de captura de monstros, algo raramente visto em jogos do estilo.
Grafismo
Visualmente, LumenTale impressiona. O estilo artístico mistura tons coloridos e luminosos com um traço suave que transmite leveza e encanto. Os designs dos Animon são particularmente bem conseguidos: começam por ser adoráveis nas fases iniciais do jogo, evoluindo para formas mais agressivas ou misteriosas à medida que o jogador progride. Os cenários são bem detalhados, com uma paleta vibrante que dá vida ao mundo de Animon. No entanto, há alguns problemas técnicos notáveis, especialmente ao nível da otimização. Mesmo em configurações gráficas baixas, o desempenho da demo pode causar sobreaquecimento em portáteis mais modestos, o que indica que ainda há trabalho a fazer nesta área.

Som
A componente sonora contribui de forma sólida para a imersão. A banda sonora utiliza melodias suaves e temas mais intensos nos momentos de combate, criando uma boa variação de tons. Os efeitos sonoros das criaturas e das batalhas são satisfatórios, ainda que discretos, ajudando a compor uma experiência coesa. Não há nada particularmente memorável nesta fase inicial, mas o trabalho de som cumpre bem o seu papel, reforçando o ambiente colorido e aventureiro do jogo.
Conclusão
LumenTale: Memories of Trey é um projeto promissor que demonstra ambição e um claro amor pelo género dos RPGs de captura de monstros. A combinação entre a narrativa envolvente, o sistema de combate variado e o estilo visual apelativo pode resultar num título de destaque, desde que os problemas de ritmo e otimização sejam resolvidos antes do lançamento final. A demo mostra apenas uma fração do que o jogo poderá vir a ser, mas já é suficiente para despertar curiosidade. Se a Beehive Studios conseguir equilibrar melhor o ritmo inicial e otimizar o desempenho técnico, LumenTale poderá facilmente tornar-se uma das surpresas mais agradáveis do género.