Análise: Duck Detective: The Ghost of Glamping

Duck Detective: The Ghost of Glamping é a segunda aventura da Happy Broccoli Games com o detective pato Eugene McQuacklin, uma figura que mistura humor, mistério e um charme muito próprio. Mesmo para quem não jogou a primeira entrada da série, esta nova aventura apresenta-se como uma experiência isolada e imediata, construída em torno de um ambiente de glamping que funciona ao mesmo tempo como palco cómico e cenário de mistério. É um jogo curto e focado, mas que compensa a falta de duração com personalidade, estilo e uma abordagem leve ao género de investigação. No centro de tudo está o próprio Duck Detective, um divorciado viciado em pão que só quer sossego mas que, inevitavelmente, volta a ser arrastado para mais um caso cheio de personagens peculiares.

Jogabilidade
A jogabilidade segue o estilo da série: explorar pequenas áreas, falar com personagens, recolher pistas e preencher o caderno de investigação com palavras-chave. É um sistema simples, quase infantil no aspecto visual, mas surpreendentemente competente a incentivar dedução lógica. As pistas recolhidas desbloqueiam termos que podem ser encaixados em frases incompletas no caderno, funcionando como pequenos puzzles estilo Mad Libs. Com o Story Mode ligado, o jogo indica imediatamente quando uma resposta está errada; desligado, apenas diz quantas estão incorrectas, permitindo uma abordagem mais desafiante. É um ciclo muito directo, que nunca se arrasta e que aproveita bem a brevidade da experiência. O jogo podia ter mais diálogos opcionais, já que algumas personagens ficam com arcos pouco desenvolvidos, mas a verdade é que a dinâmica de investigação é suficientemente agradável para compensar estas ausências. No essencial, é uma aventura de duas horas que sabe usar bem cada minuto.

Mundo e história
O ambiente de glamping funciona como um cenário curioso para um mistério leve. O parque é pequeno e improvisado, localizado ao lado de um velho sanatório abandonado com uma lenda assustadora associada: uma mãe fantasma que procura eternamente o seu filho e que confunde qualquer rapaz com ele. Esta pequena história de terror cria o pano de fundo para os conflitos entre o elenco: Matilda e o seu filho Tobi mostram verdadeiro receio, enquanto figuras como Theodore ou Arnaud lidam com a situação de forma mais mundana. Emilia, a gerente, está sobrecarregada e tenta manter tudo em funcionamento enquanto lida com hóspedes difíceis e equipamentos avariados. Há segredos espalhados por praticamente todas as personagens, e o detective pato vai revelando um a um enquanto fala com cada suspeito. A narrativa é leve, divertida, feita de pequenos mistérios que se vão encadeando até um final com múltiplas variações. Essas variações são bem-vindas, ainda que algumas falas pareçam escritas a assumir uma escolha específica, o que reduz o impacto de experimentar finais alternativos.

Grafismo
Visualmente, o jogo aposta num estilo adorável que mistura simplicidade com um humor visual muito próprio. As personagens parecem recortes de papel ao estilo Paper Mario, balançando ligeiramente para simular movimento. É uma estética que reforça o tom leve da aventura e que dá às interacções um toque bem-humorado. Os animais antropomorfizados têm designs simples mas eficazes, transmitindo imediatamente a personalidade de cada um — do detective com o seu casaco clássico à gerente em stress constante. Os cenários do parque de glamping são detalhados o suficiente para serem credíveis e acolhedores, mostrando pequenas áreas de lazer, tendas mobiladas e interiores com bastante personalidade. É um jogo pequeno, mas com um estilo visual tão coerente e encantador que nunca deixa de ser agradável de observar.

Som
A banda sonora aposta num jazz noir suave, perfeito para acompanhar o ritmo calmo da investigação. É o tipo de trilha que facilmente se deixaria tocar em segundo plano mesmo fora do jogo. Contribui imenso para a atmosfera, equilibrando o humor do estilo visual com uma ambiência mais séria e detectivesca. O trabalho de voz é outro dos pontos altos: todas as linhas são dobradas, e a qualidade da interpretação surpreende. O Duck Detective tem a voz áspera típica do género noir, enquanto Frederson transmite uma mistura de entusiasmo e nervosismo que complementa bem o protagonista. Emilia destaca-se pela versatilidade emocional, especialmente nas cenas em que relata a história do fantasma do sanatório.

Conclusão
Duck Detective: The Ghost of Glamping é uma pequena pérola para quem gosta de mistérios leves e bem-humorados. É curto, simples e directo, mas utiliza essas características em seu favor, oferecendo uma experiência concentrada, charmosa e sempre divertida. As personagens são carismáticas, a jogabilidade é acessível e satisfatória, e o estilo artístico dá ao jogo uma identidade distinta. Há espaço para expansão — especialmente em diálogos opcionais e consequências narrativas — mas o que aqui está funciona muito bem. Não será um jogo para todos, mas para quem aprecia uma aventura de investigação leve e com muita personalidade, é uma excelente forma de passar um par de horas.

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