Escape Simulator 2 chega como a continuação natural de um dos jogos de escape room mais divertidos dos últimos anos. Num género onde a criatividade e a sensação de descoberta são fundamentais, a Pine Studio opta por não reinventar totalmente a fórmula, mas antes refiná-la com novos ambientes, maior liberdade e uma clara aposta na experiência cooperativa. O resultado é um jogo que mantém o charme do original, mas que tenta elevar a fasquia com cenários mais detalhados, puzzles mais variados e um modo online pensado para ser partilhado com amigos. Não é isento de falhas, mas oferece exatamente aquilo que um fã de escape rooms procura: um conjunto de desafios bem construídos e uma atmosfera imersiva.
Jogabilidade
Escape Simulator 2 aposta numa estrutura direta: o jogador é colocado num espaço fechado e tem total liberdade para investigar objetos, recolher pistas e resolver enigmas que desbloqueiam a saída. Não há cutscenes demoradas, nem interrupções desnecessárias; a ação começa imediatamente, tal como numa escape room tradicional. A física dos objetos, o inventário expansivo e a grande quantidade de elementos manipuláveis criam um ciclo de descoberta constante. O jogo incentiva a experimentação, recompensando a curiosidade e obrigando a observar o cenário com atenção. Jogar em co-op melhora ainda mais a experiência. Dois, três ou quatro jogadores a explorar cada canto tornam o progresso mais dinâmico e criam aquela sensação de equipa tão típica de uma escape room presencial. Até oito jogadores podem participar, embora as salas pareçam pensadas sobretudo para grupos pequenos. Há pequenas frustrações, como animações estranhas ou mudanças bruscas de perspetiva em certos puzzles, mas no geral a jogabilidade mantém-se sólida e intuitiva.

Mundo e história
Escape Simulator 2 divide-se em três conjuntos temáticos, cada um composto por quatro salas interligadas. Embora o jogo não seja focado na narrativa, há um fio condutor que liga cada sala dentro do mesmo cenário. O Castelo do Drácula aposta em ambientes góticos, laboratórios sombrios e mecanismos clássicos do género. A Starship EOS leva o jogador para um futuro tecnológico, misturando computadores, cápsulas criogénicas e sistemas de segurança futuristas. Já The Cursed Treasure explora uma fantasia pirata repleta de cavernas, cordas, artefactos amaldiçoados e tesouros escondidos. Esta diversidade mantém o jogo sempre fresco, evitando repetições e oferecendo identidades visuais marcadas para cada conjunto. Não há uma grande história para acompanhar, mas a progressão entre salas transmite uma sensação de continuidade que torna cada cenário mais envolvente.
Grafismo
A grande mudança em relação ao primeiro jogo está no estilo visual. Escape Simulator 2 abandona parte do aspeto cartoonesco do original e adota cenários mais escuros, com maior detalhe e uma estética mais próxima do realismo estilizado. Os objetos destacam-se de forma clara, as salas têm personalidade própria e há um esforço evidente para tornar cada ambiente credível dentro do seu tema. No entanto, a apresentação não está livre de falhas. A ausência de colisão entre jogadores causa situações estranhas onde a câmara atravessa modelos 3D, e algumas animações incompletas quebram ocasionalmente a imersão. Nada disto compromete a experiência de puzzle, mas impede o jogo de atingir um nível de polimento verdadeiramente elevado.

Som
O design de som acompanha bem cada cenário, apostando em músicas discretas, efeitos ambientais e pequenos detalhes que reforçam a atmosfera de mistério. No Castelo do Drácula, há ecos e sons metálicos subtis; na Starship EOS, o ambiente é mais mecânico e eletrónico; e no cenário pirata surgem sons de água, madeira e vento que ajudam a criar a sensação de exploração em cavernas. O jogo evita exageros sonoros, preferindo acompanhar os puzzles sem distrair o jogador. É um trabalho competente, que serve o seu propósito e contribui para a imersão.
Conclusão
Escape Simulator 2 não é uma revolução, mas é uma evolução muito sólida de um conceito já bem afinado. Mantém o essencial: puzzles satisfatórios, ambientes belos e uma atmosfera descontraída que convida à exploração. Falha em alguns detalhes técnicos, especialmente nas animações, transições e no sistema de pistas que nem sempre ajuda como deveria. Mas acerta em quase tudo o resto, oferecendo uma experiência divertida tanto para quem joga sozinho como para quem prefere resolver enigmas em equipa. Com três cenários bem construídos, doze salas e um futuro promissor graças ao novo editor e ao provável suporte da comunidade, Escape Simulator 2 é uma recomendação fácil para qualquer amante de puzzles e escape rooms.