Análise: Grand Emprise 2: Portals Apart

Grand Emprise 2: Portals Apart é a continuação de Grand Emprise: Time Travel Survival, desenvolvido por Tbjbu2 e publicado em conjunto com a GrabTheGames. Com lançamento marcado para 5 de agosto exclusivamente para PC via Steam, este título apresenta-se como uma experiência de sobrevivência e crafting acelerada, que aposta numa narrativa linear em vez de oferecer a liberdade de um típico sandbox. A grande particularidade está na forma como o jogo transporta constantemente o jogador através de portais mágicos para mundos distintos, cada um com as suas próprias regras, desafios e surpresas.

Ao contrário da maioria dos jogos de sobrevivência, este não procura criar uma simulação extensa e prolongada, mas sim uma aventura ritmada e variada, quase como um parque de diversões interdimensional. É uma abordagem ambiciosa que tenta conjugar a exploração, a gestão de recursos e o combate com um design focado em ritmo, impacto visual e constante mudança de cenários.

Jogabilidade
O ciclo de jogabilidade de Grand Emprise 2: Portals Apart começa de forma aparentemente convencional. O jogador recolhe madeira, pedra e plantas para criar ferramentas básicas e armas, aprende a cozinhar carne e a construir pequenas estruturas de apoio. Rapidamente, no entanto, a experiência ganha outra dimensão. Cada mundo introduz uma mecânica nova, seja o cultivo de plantas que produzem oxigénio para revitalizar ambientes inóspitos ou a utilização de um planador para aproveitar as correntes de ar. Esta constante inovação garante que a progressão nunca se torne monótona, ainda que por vezes o sistema de crafting pareça demasiado rudimentar e limitado.

A gestão de recursos é essencial. Fome e oxigénio são elementos sempre presentes, obrigando o jogador a planear os seus movimentos e a manter reservas. Os inimigos, inspirados em criaturas de fantasia, oferecem um desafio crescente e exigem atenção permanente. No entanto, o combate revela-se uma das maiores fraquezas do jogo. Os confrontos são básicos, sem qualquer mecânica moderna de esquiva ou contra-ataque, tornando-se numa sequência de avanços e recuos pouco natural. Apesar destas limitações, a estrutura linear e os mapas de pequena escala ajudam a manter o ritmo. O jogo incentiva a exploração sem se tornar avassalador, equilibrando progressão guiada com momentos de descoberta livre. Existe a possibilidade de ajustar a dificuldade e de recorrer a saves manuais, o que dá alguma flexibilidade ao jogador, especialmente quando este perde recursos em combates mais complicados.

Mundo e história
O grande trunfo de Grand Emprise 2: Portals Apart está nos mundos que apresenta. Tudo começa num ambiente medieval idílico, com falésias costeiras e uma torre imponente que esconde o primeiro portal. A partir daí, o jogador é atirado para locais cada vez mais estranhos e surpreendentes. Numa ocasião pode estar a revitalizar um deserto árido através de plantas especiais, noutra pode encontrar-se preso numa roda de feira gigante em movimento, como se tivesse entrado num pesadelo surreal.

Embora o protagonista não tenha nome nem grande caracterização, a diversidade dos mundos confere uma identidade única ao jogo. A ausência de uma narrativa tradicional é compensada pela sensação de viagem constante e pela curiosidade sobre o que estará do outro lado do próximo portal. A escolha de mundos pequenos mas distintos permite que o jogador se concentre em absorver cada detalhe antes de ser transportado para o seguinte. A orientação é mínima. Por vezes, um ponto de exclamação amarelo indica a direção certa, mas na maioria dos casos é o jogador que deve juntar as peças e perceber como avançar. Esta falta de linearidade total pode ser frustrante, mas também promove uma maior imersão e recompensa aqueles que exploram com atenção.

Grafismo
Visualmente, Grand Emprise 2 aposta numa estética colorida e criativa. Os cenários são variados e evocam mundos de fantasia distintos, desde ilhas flutuantes nos céus até ambientes que remetem a jogos como Lost Skies. A variedade visual é claramente uma prioridade, criando um contraste forte entre mundos e mantendo o jogador sempre curioso.

No entanto, nem tudo corre tão bem. As animações são muitas vezes rígidas e pouco polidas, o que quebra a imersão em momentos de ação. Os efeitos visuais, como o excesso de tremor de câmara, são demasiado agressivos por defeito, ainda que seja possível ajustá-los nas definições. Estes problemas técnicos não anulam a criatividade do design, mas demonstram que a execução não está ao nível da ambição.

Som
A componente sonora do jogo é funcional mas pouco memorável. A música acompanha a atmosfera de cada cenário, criando um pano de fundo que ajuda na imersão, mas raramente se destaca ou deixa marca. O trabalho sonoro nas ações do jogador sofre de repetições evidentes: cortar madeira com um machado soa exatamente igual a fazê-lo com as mãos, o que retira autenticidade às interações.

Os efeitos de combate seguem a mesma tendência, suficientes para acompanhar as batalhas mas sem grande impacto. Em contraste, o silêncio de alguns ambientes mais vastos acaba por transmitir uma sensação de isolamento adequada à temática de exploração interdimensional. Ainda assim, fica a ideia de que a banda sonora poderia ter sido usada de forma mais ousada para reforçar o carácter surreal e imprevisível dos mundos.

Conclusão
Grand Emprise 2: Portals Apart é uma experiência curiosa e ousada que mistura exploração, sobrevivência e fantasia de uma forma pouco convencional. A sua maior virtude está na forma como transporta o jogador por mundos distintos, sempre diferentes e com desafios próprios, criando uma sensação de aventura constante. É um jogo que aposta mais no ritmo e na surpresa do que na complexidade dos sistemas, e esse foco acaba por ser tanto uma força como uma fraqueza.

Os problemas técnicos, o combate desajeitado e o sistema de crafting limitado impedem-no de alcançar todo o seu potencial. Ainda assim, para quem procura uma viagem curta mas intensa através de dimensões improváveis, este é um título que pode proporcionar momentos únicos. Grand Emprise 2 não é o jogo de sobrevivência mais polido nem o mais profundo, mas é certamente um dos mais originais e imaginativos da sua categoria.

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