Whimside é um daqueles jogos que parecem simples à primeira vista, mas que rapidamente conquistam qualquer jogador com o seu charme e originalidade. Desenvolvido pela Toadzillart e publicado pela Future Friends Games, chegou recentemente ao Steam e posiciona-se como uma experiência leve e relaxante, feita para estar sempre presente no fundo do ecrã enquanto fazemos outras tarefas. A premissa é clara: colecionar pequenas criaturas chamadas Whimlings, cada uma delas uma combinação única de partes de animais e criaturas míticas. O conceito mistura a ideia de coleção com elementos de progressão, exploração e até de personalização, num formato acessível e ideal para sessões curtas de jogo.
A questão que se coloca é se Whimside consegue ir além do aspeto fofinho e da jogabilidade casual, oferecendo algo que prenda os jogadores a longo prazo. Há potencial para agradar a quem gosta de colecionismo e de sistemas de progressão baseados em combinações infinitas, mas também limitações óbvias numa proposta tão minimalista.
Jogabilidade
A jogabilidade de Whimside assenta na captura e criação de Whimlings. Cada criatura é um conjunto aleatório de partes que podem vir de animais conhecidos ou de inspirações míticas, como um camaleão-abelha ou até uma vaca-unicórnio-esquilo-urso. A mecânica de captura é simples: basta apanhar o Whimling, sem resistência ou combate. Uma vez capturado, fica registado no diário do jogador, que cataloga todas as partes descobertas e assinala as mais raras, incluindo algumas de raridade lendária.
Para desbloquear novas áreas, o jogador deve oferecer a um altar um Whimling com combinações específicas de partes. Caso não surja o exemplar ideal durante a exploração, há a possibilidade de cruzar dois Whimlings já capturados, gerando uma nova criatura que herda características dos progenitores. Este sistema de reprodução, baseado em sorte e experimentação, é um dos pontos mais divertidos do jogo, incentivando a criar combinações inesperadas para cumprir objetivos ou apenas para satisfazer a curiosidade.
O ciclo de jogo é, assim, bastante direto: apanhar, registar, cruzar e oferecer criaturas para avançar. Há também missões secundárias que pedem Whimlings com partes já conhecidas, oferecendo cristais como recompensa. Estes cristais funcionam como moeda do jogo e são usados para expandir zonas de criação, acelerar progresso e até comprar mobiliário para decorar um jardim onde algumas criaturas podem vaguear livremente, produzindo cristais de forma passiva.

Mundo e história
Whimside não se apresenta como uma experiência narrativa tradicional. Em vez de um enredo complexo, o jogo aposta num mundo de fantasia leve e encantador, construído em torno da exploração e da descoberta. Cada nova área desbloqueada traz biomas diferentes, com Whimlings cujas cores e partes refletem o ambiente onde vivem, reforçando a sensação de variedade e progressão.
Não há personagens principais ou diálogos longos, mas existe um mascote curioso chamado Toadz que surge no canto do ecrã quando o jogo está minimizado. Ele fornece informações úteis, como o número de ovos prontos a eclodir ou as criaturas disponíveis para interação. Esta presença funciona como uma ligação entre o jogador e o mundo, dando-lhe vida mesmo quando o jogo não está em primeiro plano. Apesar da ausência de uma narrativa tradicional, a componente de coleção e de expansão do jardim oferece ao jogador uma sensação de progressão pessoal. O mundo é moldado indiretamente pela escolha das criaturas que guardamos, cruzamos ou expomos no jardim, criando uma história mais subtil e pessoal em vez de uma aventura guiada.
Grafismo
O estilo visual de Whimside aposta no pixel art colorido e simples, com um design agradável que não cansa a vista mesmo em longas sessões. Os Whimlings são o centro das atenções e cada combinação de partes foi cuidadosamente desenhada para parecer natural, mesmo quando se misturam elementos improváveis. A atenção ao detalhe é evidente, já que todas as criaturas mantêm um equilíbrio visual, sem parecerem colagens aleatórias.
Outro detalhe interessante é a opção de manter o jogo sempre visível no fundo do ecrã, funcionando quase como uma companhia virtual enquanto realizamos outras atividades no computador. A possibilidade de minimizar a janela para deixar apenas o Toadz visível demonstra o cuidado em tornar o jogo acessível e discreto, sem incomodar o fluxo normal de utilização do PC. O jardim, onde os jogadores podem colocar alguns Whimlings a vaguear livremente, é também um espaço visualmente apelativo, dando um toque de personalização que ajuda a reforçar a ligação entre jogador e criaturas.

Som
A componente sonora é outro dos elementos que contribuem para o charme de Whimside. A música é suave, calma e quase meditativa, com sons delicados que criam um ambiente relaxante. É perfeita para acompanhar a natureza leve do jogo, que muitas vezes funciona como uma atividade secundária enquanto fazemos outras coisas.
Os efeitos sonoros são igualmente bem pensados e acrescentam personalidade ao jogo. O som de um sino a indicar um novo ovo ou a chegada de um Whimling raro é simples mas eficaz, enquanto o som de um patinho de borracha ao acariciar uma criatura é encantador e reforça o lado divertido da experiência. Além disso, o jogo permite personalizar notificações, permitindo ao jogador escolher os alertas que quer ouvir para não ser incomodado em excesso. Esta atenção ao detalhe sonoro garante que Whimside nunca se torna intrusivo, funcionando antes como uma presença agradável e reconfortante.
Conclusão
Whimside é um jogo pequeno e encantador que cumpre exatamente aquilo que promete. É relaxante, visualmente apelativo e repleto de criaturas carismáticas que incentivam o colecionismo e a experimentação. A sua natureza casual, sempre presente no fundo do ecrã, torna-o ideal para quem gosta de jogos que não exigem atenção constante mas que recompensam a curiosidade e a dedicação. No entanto, é inegável que o conteúdo acaba por ser limitado. Após cerca de 20 horas de jogo, a maioria dos objetivos pode ser completada, deixando a sensação de que poderia haver mais biomas, desafios ou objetivos de final de jogo. Ainda assim, pelo preço acessível, oferece uma experiência satisfatória e única.
Whimside pode não reinventar o género, mas tem carisma suficiente para conquistar os fãs de jogos de coleção e de mundos relaxantes. É perfeito como companhia leve e divertida, e embora se deseje que no futuro receba mais conteúdo, o que já existe é suficiente para recomendar a todos os que procuram uma experiência diferente, simples e adorável.