Antevisão: Heroes of Newerth Reborn

Heroes of Newerth Reborn tenta recuperar a magia de um dos MOBA mais marcantes da era pré-Dota 2, mas depois de passar algum tempo com esta nova versão, fiquei com a sensação de que o jogo ainda está muito longe de atingir aquilo que promete. A ideia de trazer HoN de volta sempre me pareceu apelativa, sobretudo porque era um título com personalidade própria e um ritmo muito particular dentro do género. No entanto, o que encontrei aqui foi uma mistura estranha entre nostalgia incompleta e modernização apressada, deixando o jogo preso entre dois lados sem realmente satisfazer nenhum.

Jogabilidade
O primeiro problema que salta à vista é o desempenho. Mesmo em máquinas recentes, com capacidade para jogos bem mais pesados, percebi lag, pequenos congelamentos e uma sensação geral de falta de fluidez. A jogabilidade sempre foi um dos grandes pontos fortes de HoN, marcada por rapidez e resposta imediata, e qualquer quebra no ritmo estraga por completo a experiência. Além disso, o jogo parece mais lento do que deveria, como se tudo se arrastasse um pouco mais do que no original. Outro ponto que me deixou menos satisfeito foi a ausência de muitos heróis clássicos. Parte do regresso ao jogo deveria passar por reencontrar personagens icónicas, mas aqui a sensação é de que a lista está incompleta e que falta muito do ADN original. As novas mecânicas também não me convenceram, já que algumas parecem existir apenas para acrescentar complexidade, e não profundidade, deixando o conjunto menos coeso do que antes.

Mundo e história
O mundo de Newerth mantém alguns dos traços que sempre o distinguiram, mas senti falta de alma e de consistência. O ambiente geral parece demasiado genérico nesta fase, quase como se estivesse a tentar imitar o estilo do passado sem realmente o entender. Falta uma linha narrativa mais sólida, faltam elementos que criem identidade, faltam detalhes que reforcem a atmosfera única de HoN. Há também momentos em que certas adições no mapa parecem deslocadas, quebrando o tom e a lógica interna do mundo, o que acaba por prejudicar a imersão e até a leitura estratégica.

Grafismo
No campo visual, HoN Reborn falha em atingir o salto evolutivo que se esperaria. A interface aparenta estar presa no passado, com um aspeto pouco moderno e escolhas visuais que não favorecem a apresentação. Muitos dos menus e retratos não têm a qualidade que um relançamento deste tipo merecia, transmitindo a ideia de que o jogo foi feito com recursos limitados ou com um foco maior na rapidez do que na qualidade. Em vez de atualizar HoN para padrões visuais atuais, o resultado acaba por parecer mais antiquado do que a versão que tentava substituir.

Som
A componente sonora não é muito melhor. Existem problemas com vozes e notificações que por vezes simplesmente falham, algo especialmente grave num jogo que depende tanto de informação auditiva para suportar decisões rápidas. A qualidade do áudio em si também não impressiona, com efeitos e feedback que soam pouco polidos e pouco consistentes. Estes problemas, além de afetarem a imersão, criam uma sensação de produto inacabado, como se esta versão ainda estivesse muito longe de um estado final aceitável.

Conclusão
Heroes of Newerth Reborn tem potencial para devolver vida a um dos MOBA mais distintos do passado, mas neste momento parece mais uma promessa do que um renascimento. Faltam heróis, falta polimento, falta desempenho, falta identidade, e faltam muitos dos elementos que deram ao HoN original uma aura própria. A base está lá e é possível que o jogo venha a melhorar com o tempo, mas nesta fase inicial o que temos é uma versão ainda demasiado inconsistente e incompleta para fazer justiça ao legado que pretende recuperar.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ComboCaster