A Valve acaba de revelar a sua nova linha de hardware, marcando um dos anúncios mais ambiciosos desde o lançamento do Steam Deck. A empresa quer expandir o seu ecossistema para além do portátil e regressar a terrenos que já tinha explorado há uma década. O objetivo é claro: transformar o PC gaming num sistema verdadeiramente universal — portátil, de sala e de realidade virtual.
A nova gama inclui três produtos principais: uma nova Steam Machine, um headset VR independente chamado Steam Frame, e um novo Steam Controller redesenhado para acompanhar esta nova geração de dispositivos.
A Steam Machine regressa — agora com argumentos sérios
Depois da tentativa falhada em 2015, a Valve volta à ideia de levar o PC gaming para a sala de estar. A nova Steam Machine é um pequeno PC de alto desempenho com SteamOS pré-instalado, pensado para ser ligado diretamente à televisão ou a um monitor 4K.
A empresa garante que o desempenho é “cerca de seis vezes superior” ao do Steam Deck, com um processador AMD Zen 4, GPU RDNA3 personalizada, 16 GB de RAM DDR5 e opções de armazenamento entre 512 GB e 2 TB em SSD. O foco está no desempenho silencioso e no suporte para jogos a 4K 60 fps, com FSR e HDR.
Ao contrário da primeira geração de Steam Machines — que dependia de fabricantes externos e acabou por se perder entre versões incompatíveis — esta é inteiramente desenhada pela Valve e integra-se diretamente no ecossistema Steam, com total compatibilidade com o novo comando e o modo Big Picture.
Steam Frame: a aposta no VR e além
O segundo grande anúncio é o Steam Frame, um headset de realidade virtual independente que também pode funcionar como PC de gaming portátil. A Valve descreve-o como “a ponte entre o VR e o PC tradicional”.
O dispositivo inclui um chip Snapdragon 8 Gen 3, 16 GB de RAM, ecrãs de 2160 × 2160 por olho com taxa de atualização até 144 Hz e um sistema de tracking completo com câmaras internas e externas. Pode ser usado de forma autónoma, correndo SteamOS numa versão adaptada para ARM, ou ligado por Wi-Fi 6E a um PC ou Steam Machine para jogar títulos mais exigentes via streaming.
O Steam Frame também suporta jogos não-VR dentro de uma “sala virtual”, onde o jogador pode usar o novo comando e jogar no equivalente a um ecrã gigante suspenso no espaço. É uma abordagem que lembra o Meta Quest 3, mas com o ecossistema Steam como vantagem decisiva.
Novo Steam Controller: uma segunda oportunidade
O novo Steam Controller regressa com uma filosofia semelhante à do original, mas com lições aprendidas. A Valve manteve os famosos trackpads, adicionou sticks analógicos com sensores magnéticos de alta precisão, gatilhos adaptativos e botões de pega traseiros.
O comando é totalmente compatível com o Steam Deck, a Steam Machine e o Steam Frame, permitindo uma experiência unificada em todos os dispositivos. A personalização continua a ser uma das marcas da casa, com mapeamentos configuráveis e suporte nativo para giroscópio.
Segundo a Valve, o comando foi “reconstruído de raiz para durar” e pensado para quem quer jogar em múltiplos dispositivos sem perder consistência no controlo.
Uma visão clara de ecossistema
Com este trio, a Valve posiciona-se como uma empresa de hardware com ambição real. O Steam Deck provou que havia espaço para um PC portátil dedicado ao gaming, e a empresa quer agora expandir esse sucesso. A Steam Machine traz a experiência para a sala; o Steam Frame leva-a para o campo do VR e do jogo imersivo; e o novo comando garante coesão entre tudo.
É uma estratégia que, pela primeira vez, parece coordenada. A Valve controla o hardware, o sistema operativo e a plataforma digital. E embora ainda não haja preços ou datas concretas de lançamento — apenas uma janela para o início de 2026 —, a aposta é clara: tornar o Steam sinónimo de jogar em qualquer lugar.
O regresso da Valve ao hardware ambicioso
Há uma certa ironia neste anúncio. A Valve volta exatamente às ideias que outrora não resultaram: as Steam Machines e o Steam Controller original. A diferença é que agora existe um ecossistema sólido em torno do Steam Deck e do SteamOS, uma base de utilizadores fiel e uma imagem pública favorável.
Com o Steam Frame, a empresa também entra de novo na corrida da realidade virtual, um campo que ajudou a moldar com o primeiro Index, mas onde a concorrência — especialmente a Meta e a Sony — tem estado mais ativa.
A Valve parece finalmente ter aprendido a lição: controlar toda a cadeia — hardware, software e distribuição — é essencial. Se conseguir cumprir as promessas de desempenho, integração e compatibilidade, esta nova vaga de dispositivos poderá marcar o regresso triunfante da marca ao hardware de consumo.
Por agora, resta esperar pelos testes reais e pelos preços. Mas uma coisa é certa: a Valve está de volta ao jogo. E, desta vez, parece querer ficar.
Preços previstos
| Nova Steam Machine (PC/console de sala) | Entre € 500 e € 700 |
| Novo headset VR (Steam Frame/codinome “Deckard”) | Entre €1100 e € 1300 para o bundle completo |
| Novo comando (Steam Controller (2026) ou similar) | Entre € 60 e € 120 |