Análise: Dustwind: Resistance – Canyon Cross

Depois de derrotar o Warlord, o mundo de Dustwind: Resistance está longe de encontrar paz. O DLC Canyon Cross parte precisamente dessa ideia, mostrando que no pós-apocalipse nunca há vitórias definitivas. Um general raider particularmente implacável decide retaliar e coloca em risco o assentamento aliado de Canyon Cross. Cabe novamente a Jake e à sua equipa pegar em armas, proteger os seus e provar que mexer com eles continua a ser uma péssima ideia. Este conteúdo adicional surge como uma expansão directa da experiência base, acrescentando novas missões, veículos, armas e mais algumas horas de combate táctico em tempo real com pausa, mantendo intacta a identidade dura e exigente da série.

Jogabilidade

Canyon Cross acrescenta cinco novas missões, todas elas centradas na defesa do assentamento aliado. A estrutura mantém-se linear, à semelhança de Fallout Tactics, obrigando o jogador a aproveitar bem cada mapa antes de avançar para o seguinte. A grande novidade jogável é a introdução do Scraptrack, um veículo blindado que permite entrar em combate de forma agressiva, acrescentando uma nova camada estratégica às abordagens possíveis. O sistema de combate continua assente no tempo real com pausa, sem opção por turnos, mas com um auto-targeting inteligente que faz com que a equipa dispare automaticamente quando os inimigos entram no alcance. Isto reforça a importância do posicionamento, sobretudo porque o friendly fire continua activo e erros pagam-se caro.

Mundo e história

Narrativamente, o DLC expande o universo de Dustwind de forma discreta mas eficaz. A defesa de Canyon Cross não é apenas uma sucessão de confrontos, servindo também para aprofundar a relação entre Jake, os seus aliados e este mundo devastado. Há segredos a descobrir, incluindo um bunker abandonado e um antigo sistema de defesa que pode ser reactivado para fazer chover fogo sobre os inimigos. A história não tenta reinventar a roda, mas é sólida, bem integrada e suficiente para dar contexto às missões e às decisões do jogador, mantendo aquele sabor clássico a RPG táctico pós-apocalíptico.

Grafismo

Visualmente, Canyon Cross não altera significativamente o que já conhecíamos de Dustwind: Resistance. Os mapas são feitos à mão, sem aleatoriedade, o que se nota na forma como os cenários são desenhados para favorecer emboscadas, defesa de posições e múltiplas abordagens. O assentamento de Canyon Cross e as áreas circundantes têm identidade própria, com um uso inteligente do terreno e da verticalidade. Não é um jogo que impressione pelo detalhe técnico, mas a clareza visual é essencial para a leitura do combate e isso continua a ser bem conseguido neste DLC.

Som

O trabalho sonoro mantém a consistência da experiência base. Os efeitos das armas são secos e satisfatórios, reforçando a brutalidade dos confrontos, enquanto o ambiente sonoro ajuda a criar tensão constante, sobretudo nas missões de defesa em que as vagas de inimigos se sucedem. A música é discreta, funcionando mais como suporte atmosférico do que como elemento de destaque, o que acaba por encaixar bem no tom sombrio e implacável do jogo.

Conclusão

Canyon Cross é exactamente aquilo que os fãs de Dustwind: Resistance esperariam de um DLC: mais conteúdo, mais desafios e mais ferramentas para enfrentar um mundo que continua hostil. As cerca de cinco horas adicionais de jogo, as novas armas de elite, o Scraptrack e a expansão do lore justificam plenamente a sua existência, mesmo que herde alguns dos problemas do jogo base, como picos de dificuldade e alguma falta de clareza em certas situações. Ainda assim, é um reforço sólido para um título de nicho, feito com mapas desenhados à mão e uma filosofia claramente focada no singleplayer táctico. Para quem já estava investido no universo de Dustwind, Canyon Cross é uma continuação natural e recomendada.

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