Hop ‘n’ Marty é o mais recente título a juntar-se ao pequeno, mas cada vez mais interessante grupo de plataformas 3D inspirados pela era da Nintendo 64. Desenvolvido pela Evilkookey Games, o jogo segue claramente a linha de clássicos como Banjo-Kazooie, trazendo uma experiência de colecionismo, saltos precisos e personagens carismáticas. Num género que já teve o seu auge há mais de duas décadas, este jogo tenta provar que ainda existe espaço para novas aventuras cheias de humor, nostalgia e desafios.
Apesar de não se propor a reinventar a fórmula, Hop ‘n’ Marty aposta na simplicidade, no charme das suas personagens e em mundos que misturam imaginação com uma pitada de estranheza. É uma carta de amor a um género que nunca morreu realmente, mas que hoje depende sobretudo de estúdios independentes para manter a chama acesa.
Jogabilidade
A jogabilidade de Hop ‘n’ Marty segue a tradição dos plataformas 3D clássicos. O jogador conta com um conjunto de movimentos familiares: duplo salto, ataque giratório, esmagamento no chão e até o arremesso de laranjas para atingir inimigos ou alvos à distância. É um esquema intuitivo, fácil de dominar em segundos para quem já jogou títulos semelhantes, e que garante acessibilidade para novos jogadores.
A grande particularidade está nas secções em que controlamos Hop, o sapo companheiro de Marty. Com ele é possível alcançar locais mais altos através de saltos ampliados e usar a sua língua como gancho para explorar áreas inacessíveis. Estas partes introduzem variedade e quebram o ritmo da jogabilidade, oferecendo momentos de frescura dentro da estrutura tradicional. Apesar de o jogo contar apenas com cinco níveis, cada um é enorme e cheio de detalhes para explorar. Desde o inevitável cenário pirata até uma sala de estar transformada em mundo gigante, passando por um nível memorável inspirado em jogos de tabuleiro, há sempre algo que apela ao lado nostálgico do jogador. Para completar a experiência, o confronto final contra o Capitão Hookbeak exige dominar tudo o que foi aprendido, recompensando quem tiver resgatado pelo menos 40 micos pigmeus.

Mundo e história
Em termos narrativos, Hop ‘n’ Marty não procura oferecer uma epopeia elaborada. O enredo é simples: o vilão Capitão Hookbeak raptou os pequenos micos pigmeus e cabe a Marty, com a ajuda do inseparável Hop, libertá-los enquanto recolhe centenas de bananas. A estrutura é leve, mas suficiente para enquadrar a exploração e a recolha de colecionáveis.
O destaque está na relação entre as personagens. Marty é o protagonista simpático e determinado, enquanto Hop funciona como o típico companheiro de língua afiada, sempre pronto com comentários sarcásticos durante os diálogos com NPCs. Essa química confere personalidade ao jogo e aproxima-o do espírito dos clássicos que o inspiram. Outro ponto curioso é a forma como o jogo insere momentos de estranheza quase desconfortável, uma característica que já estava presente em títulos como Banjo-Kazooie. Entre ambientes mais sombrios e detalhes inquietantes, há uma camada inesperada de mistério que contrasta com o tom alegre dominante e que enriquece a experiência.
Grafismo
Visualmente, Hop ‘n’ Marty aposta deliberadamente num estilo retro que recria a estética da Nintendo 64. Personagens em low-poly, texturas simples e ambientes que parecem saídos de finais dos anos 90 dão-lhe um charme muito próprio. Essa escolha não é apenas estética: o jogo corre facilmente em quase qualquer computador, dispensando hardware de ponta e garantindo um desempenho estável.
Este estilo visual pode não agradar a todos, mas cumpre bem o objetivo de transportar o jogador para uma época em que a exploração e a criatividade estavam acima do realismo gráfico. Além disso, cada nível apresenta identidade própria, desde os cenários piratas coloridos até ao mundo dos tabuleiros com as suas peças gigantes e estruturas familiares.

Som
Tal como os visuais, também a música em Hop ‘n’ Marty segue a tradição dos plataformas 3D clássicos. Cada nível conta com a sua própria faixa marcante, que combina na perfeição com o ambiente. O nível dos jogos de tabuleiro é acompanhado por uma melodia divertida e brincalhona, o cenário pirata tem acordes de acordeão a reforçar a temática, e o tema principal é daqueles que fica na cabeça mesmo depois de largar o comando. Os efeitos sonoros cumprem bem o seu papel, reforçando a sensação de estar perante um título dos tempos da Nintendo 64. O trabalho de voz é reduzido a sons caricatos e comentários humorísticos de Hop, mas encaixa perfeitamente no espírito leve e cómico do jogo.
Conclusão
Hop ‘n’ Marty é uma experiência curta, durando entre três a quatro horas, mas consegue captar de forma autêntica o espírito dos plataformas 3D que marcaram uma geração. O jogo pode ser terminado rapidamente, mas a variedade dos níveis, a jogabilidade sólida e o humor constante fazem valer a pena cada minuto. É verdade que o preço pode parecer elevado para a sua duração, mas em contrapartida oferece exatamente aquilo que promete: diversão direta, nostalgia bem medida e uma homenagem sincera a Banjo-Kazooie e outros clássicos do género. Para fãs de plataformas 3D, Hop ‘n’ Marty é um regresso caloroso a uma fórmula que continua a ter muito para oferecer.