Kimono Cats é um jogo desenvolvido pela HumaNature Studios e publicado pela RedDeer.Games que aposta numa experiência acolhedora e visualmente encantadora, transportando os jogadores para o Japão antigo. A premissa é simples, mas carregada de charme: um par de gatos, vestidos com kimonos coloridos, parte numa viagem romântica pelos festivais de Edo. O jogador acompanha esta aventura através de uma jogabilidade relaxada e intuitiva, onde o objetivo passa por colecionar itens, participar em mini-jogos e, gradualmente, construir uma aldeia vibrante e cheia de vida.
Disponível tanto na Nintendo Switch como no Steam, Kimono Cats enquadra-se perfeitamente na categoria dos jogos cosy, que têm ganho cada vez mais espaço junto de um público que procura experiências mais descontraídas, sem a pressão da derrota ou da frustração. Apesar de a sua história ser leve e quase simbólica, é justamente no equilíbrio entre a simplicidade da jogabilidade e o apelo visual e sonoro que o jogo conquista. A proposta é clara: oferecer uma viagem cultural e lúdica, onde cada pequeno detalhe remete para a atmosfera mágica dos festivais japoneses. Entre a exploração, os mini-jogos e a construção da aldeia, Kimono Cats acaba por oferecer um pacote coeso e ideal para quem procura algo relaxante, mas ainda assim envolvente.
Jogabilidade
A base da jogabilidade de Kimono Cats é bastante acessível. O jogador controla um dos gatos protagonistas que deseja levar o seu par a uma viagem inesquecível pelos festivais de Edo. O percurso é composto por 18 estradas, cada uma delas associada a diferentes atividades, bancas de feira e eventos aleatórios. Ao longo do caminho, o jogador interage com bolhas que surgem no ecrã e que devem ser rebentadas com dardos.
Estas bolhas dividem-se em várias categorias. Algumas contêm mini-jogos, outras desencadeiam eventos positivos ou negativos, e ainda existem as especiais, que alteram o ambiente ou adicionam efeitos aleatórios. É um sistema simples, mas que mantém o jogador constantemente envolvido. O uso estratégico dos dardos, que são limitados, torna-se essencial para tirar o máximo proveito de cada etapa do festival. Os mini-jogos são variados e vão desde a tradicional pesca de peixinhos dourados até lançamentos de bolas e até mesmo provas de shuriken. Cada mini-jogo recompensa o jogador com pontos que alimentam o medidor de afinidade entre os dois gatos. Esse medidor é central à progressão, oferecendo caixas de recompensas quando alcança determinados níveis. Dentro destas caixas encontram-se moedas e itens que ajudam a desbloquear novas áreas ou a progredir para a etapa seguinte.
A variedade de eventos é outro ponto que mantém a jogabilidade dinâmica. Eventos positivos oferecem bónus imediatos, enquanto os negativos reduzem pontos de afinidade, obrigando o jogador a reagir de forma estratégica. O elemento aleatório das bolhas especiais acrescenta imprevisibilidade, tornando cada sessão ligeiramente diferente da anterior.
Para além da vertente dos festivais, existe também o modo de construção da aldeia. Aqui, o jogador pode utilizar os itens obtidos para criar o seu próprio espaço, dispondo livremente edifícios, plantas e decorações. É possível expandir a aldeia investindo moedas, o que abre mais espaço para novas construções. Os itens adicionais são obtidos através de um sistema de gacha, introduzindo um fator de surpresa na personalização.
Por fim, há ainda a componente social, que permite trocar presentes com outros jogadores, enviar cartões e visitar as aldeias criadas pela comunidade. Para quem prefere jogar offline, o título inclui aldeias pré-definidas para visitar, garantindo que esta funcionalidade não fica limitada ao online.

Mundo e história
Em termos narrativos, Kimono Cats não aposta numa grande trama. A história resume-se a um casal de gatos que percorre os festivais de Edo, vivendo momentos juntos e fortalecendo a sua relação. Esta simplicidade não deve ser vista como uma falha, mas sim como uma escolha consciente, já que o jogo coloca todo o enfoque na experiência e na atmosfera.
Os festivais de Edo funcionam como pano de fundo cultural, conferindo ao jogo uma identidade própria. Cada estrada representa um pedaço desta tradição, repleta de cores, música e simbolismo. O jogador acaba por viver uma espécie de reconto da cultura popular japonesa, com bancas típicas, atividades tradicionais e detalhes visuais que evocam esse período histórico de forma estilizada e charmosa.
Apesar da ausência de uma narrativa complexa, existe um fio condutor emocional: a relação entre os dois gatos. O medidor de afinidade funciona como representação desta ligação, e cada mini-jogo ou evento positivo reforça a ideia de que a viagem é tanto sobre os festivais como sobre a partilha entre as personagens.
A aldeia, por sua vez, simboliza o legado da viagem. À medida que se colecionam itens e se expandem os espaços, cria-se uma comunidade personalizada que reflete o percurso feito. Este ciclo entre exploração e construção dá ao jogo uma camada adicional de progressão, mesmo sem uma narrativa tradicional.
Grafismo
Visualmente, Kimono Cats é um jogo encantador. A direção artística aposta em personagens adoráveis e cenários que evocam a estética do Japão antigo de forma leve e colorida. Os gatos em kimonos são imediatamente cativantes e todo o design das bancas, itens e ambientes transmite a sensação de estar a passear por um festival animado. As animações são simples, mas eficazes, e transmitem perfeitamente o tom descontraído do jogo. A passagem do dia para a noite, a chuva e outros efeitos climáticos adicionados pelas bolhas especiais enriquecem a atmosfera, tornando cada etapa distinta e apelativa.
No modo de construção da aldeia, a variedade de itens e decorações permite ao jogador criar espaços visualmente distintos. A aposta numa paleta vibrante e numa estética cartoon dá ao jogo uma identidade visual acessível a todas as idades, sem perder o charme cultural.

Som
O som em Kimono Cats desempenha um papel fundamental para completar a imersão. A banda sonora recorre a instrumentos tradicionais japoneses, evocando o ambiente dos festivais de Edo de forma subtil, mas marcante. Cada mini-jogo e cada evento é acompanhado por pequenos efeitos sonoros que reforçam a sensação de leveza e diversão.
Os sons ambientais, como o burburinho das feiras, o tilintar das moedas ou a chuva que cai quando os efeitos especiais são ativados, criam uma atmosfera calorosa e acolhedora. Embora não haja vozes, a combinação de música e efeitos é suficiente para transmitir emoção e personalidade. O resultado é uma sonoridade relaxante e adequada ao tom cosy que o jogo procura transmitir. Trata-se de um exemplo de como a música e os efeitos podem enriquecer uma experiência simples, ajudando a manter o jogador imerso no mundo apresentado.
Conclusão
Kimono Cats é um daqueles jogos que pode passar despercebido ao grande público, mas que consegue oferecer uma experiência memorável a quem lhe der uma oportunidade. A sua proposta não é competir com títulos complexos ou cheios de ação, mas sim proporcionar um espaço onde relaxar, explorar e criar.
A jogabilidade, apesar de simples, é variada o suficiente para manter o interesse, com mini-jogos divertidos, eventos imprevisíveis e um sistema de progressão baseado na afinidade entre os protagonistas. O modo de construção da aldeia é um complemento perfeito, permitindo que os jogadores expressem criatividade e criem algo pessoal a partir das recompensas obtidas. Do ponto de vista visual e sonoro, o jogo é um autêntico colírio. Os cenários coloridos, os gatos carismáticos e a música tradicional japonesa compõem um conjunto que transborda personalidade. A ausência de dificuldade real faz com que seja acessível a qualquer tipo de jogador, incluindo famílias e crianças, o que amplia o seu apelo.
Em última análise, Kimono Cats é uma carta de amor aos festivais japoneses e uma celebração da simplicidade nos videojogos. É um título perfeito para sessões curtas e relaxadas, mas que também oferece conteúdos suficientes para quem quiser dedicar-lhe mais tempo. Seja para partilhar em família, seja para desfrutar a solo, este é um jogo que merece ser descoberto.