Análise: Relic Hunters Legend

Relic Hunters Legend chega ao Steam em acesso antecipado, mas, ao contrário de muitos jogos nesta fase, apresenta-se já como um produto quase completo. Com uma campanha robusta, múltiplos modos e uma variedade de personagens jogáveis, este título tem muito para oferecer, quer a solo, quer em cooperação com amigos. É um jogo que mistura ação intensa com elementos de looter-shooter, apostando na progressão através de equipamento e habilidades. Desde o primeiro momento, o seu estilo visual e humor remetem para desenhos animados modernos, trazendo uma atmosfera descontraída mas cheia de energia.

A história gira em torno de Seven, um adolescente que, durante uma aula de ciências, é misteriosamente transportado através do tempo e espaço. Nesse processo, acaba por conhecer Ace, um burro falante com jetpack, que o introduz aos Relic Hunters, um grupo de caçadores de recompensas espaciais que lutam contra o maléfico Duke Ducan e o seu império de patos e anfíbios. A narrativa é caótica, repleta de personagens excêntricas e momentos cómicos, criando um pano de fundo divertido para a ação frenética do jogo.

Jogabilidade

Relic Hunters Legend é, acima de tudo, um looter-shooter com uma jogabilidade viciante. Cada missão desafia o jogador a eliminar hordas de inimigos enquanto recolhe loot, que inclui armas, equipamentos e melhorias. O sistema de progressão baseia-se num Gear Score que define a eficácia geral do jogador, determinando se está preparado para enfrentar desafios mais difíceis no vasto mapa galáctico.

Uma das características mais interessantes é a partilha de loot entre todos os Relic Hunters. O equipamento recolhido é armazenado num inventário comum, garantindo que todas as personagens estão sempre equipadas ao mesmo nível. No entanto, cada caçador possui a sua própria árvore de habilidades, permitindo personalização individual. Por exemplo, Raff, uma guitarrista rock, tem habilidades que aumentam a velocidade de ataque e defesa consoante o ritmo da música que ouve. As árvores de habilidades fazem lembrar Borderlands, com três ramos distintos e a necessidade de investir pontos para desbloquear níveis mais avançados e habilidades especiais, incluindo uma capacidade suprema que se torna disponível a determinado nível.

O combate é fluído e pode ser jogado em dois estilos distintos: twin-stick shooter, que dá mais controlo ao jogador, ou auto-aim, mais acessível. Independentemente da escolha, o tiroteio é sempre satisfatório e intenso. O jogo equilibra bem a dificuldade, aumentando gradualmente o desafio sem se tornar frustrante. Existe ainda a possibilidade de substituir o item de cura por efeitos alternativos, como buffs ou melhorias temporárias, o que adiciona uma camada estratégica ao combate.

Mundo e história

A narrativa de Relic Hunters Legend é uma mistura de humor, aventura e ficção científica, lembrando séries animadas como Teen Titans GO ou The Last Kids on Earth. A história acompanha Seven na sua integração nos Relic Hunters, mas também explora o passado e futuro de cada membro da equipa. Esta abordagem resulta numa campanha deliberadamente fragmentada, onde o jogador pode alternar entre diferentes personagens e linhas narrativas, por vezes deixando uma personagem presa num cofre de Duke Ducan para, logo depois, vê-la livre e em ação noutra missão sem explicação imediata.

Este estilo pode ser confuso, especialmente porque algumas missões exigem personagens específicas para avançar na narrativa. A progressão é contada através de animações no jogo e diálogos interativos, sendo que algumas falas estão totalmente dobradas, outras parcialmente, e outras apenas apresentadas em texto com pequenos trechos de áudio repetitivos. Apesar desta inconsistência, nota-se que o jogo ainda está em acesso antecipado, o que justifica algumas lacunas na apresentação.

O universo do jogo é rico em personalidade. O império de Duke Ducan, composto por patos e anfíbios, confere-lhe um tom cómico único, enquanto os Relic Hunters se destacam pela sua irreverência e objetivos altruístas. O resultado é um mundo que, apesar de caótico, é cativante e divertido de explorar.

Grafismo

Visualmente, Relic Hunters Legend aposta num estilo cartoon vibrante, com personagens em 2D inseridas em ambientes 3D isométricos. Este contraste cria uma estética única, leve e colorida, que combina bem com o humor e o tom do jogo. No entanto, em momentos de combate mais intenso, o ecrã pode ficar excessivamente confuso, dificultando a perceção do que está a acontecer. Este problema é mais evidente em partidas cooperativas com quatro jogadores, onde os efeitos visuais se acumulam.

Além disso, a perspetiva isométrica e o design de certos cenários podem tornar difícil distinguir elementos do terreno, como buracos ou zonas perigosas. Por vezes, o jogador pode cair ou sofrer danos simplesmente por não conseguir identificar corretamente a área à sua frente. Apesar destas falhas, o jogo mantém um charme visual próprio que o torna apelativo e fácil de reconhecer.

As armas e equipamentos têm designs distintos e apelativos, incentivando o jogador a experimentar diferentes combinações. A variedade de ambientes, desde bases inimigas a cavernas e mundos alienígenas, ajuda a manter a experiência visual fresca e interessante ao longo da campanha.

Som

A componente sonora complementa bem a estética e o ritmo acelerado de Relic Hunters Legend. A banda sonora é energética, adaptando-se à ação frenética e aos momentos mais calmos de exploração. Cada personagem tem sons característicos, desde falas curtas a efeitos ligados às suas habilidades, o que contribui para a sua identidade única.

Contudo, a inconsistência na dobragem de vozes pode quebrar a imersão. Enquanto algumas cenas têm diálogos completos e bem interpretados, outras apresentam apenas fragmentos de voz repetitivos. Esta mistura deixa a experiência algo irregular, embora seja expectável que, durante o acesso antecipado, estes elementos venham a ser melhorados.

Os efeitos sonoros das armas são variados e satisfatórios, transmitindo peso e impacto em cada disparo. Esta atenção ao detalhe reforça a sensação de progressão e poder à medida que o jogador desbloqueia novas armas e habilidades.

Conclusão

Mesmo em acesso antecipado, Relic Hunters Legend já se apresenta como uma experiência sólida e divertida. A mistura entre looter-shooter e narrativa caótica cria uma fórmula viciante, apoiada por um sistema de progressão gratificante e combate sempre emocionante. Embora haja algumas falhas técnicas e de apresentação, estas não comprometem a diversão geral, especialmente considerando que o jogo ainda está em desenvolvimento.

Com uma campanha completa, vários modos adicionais e uma grande quantidade de loot para colecionar, o jogo oferece imenso conteúdo desde o primeiro dia. As missões variam entre objetivos como escoltar aliados, eliminar ondas de inimigos ou explorar masmorras com bosses no final, garantindo variedade e longevidade.

Relic Hunters Legend tem potencial para se tornar um título de referência no género, especialmente se continuar a expandir o seu conteúdo com novos personagens, modos e áreas. É um jogo que brilha tanto a solo como em grupo, mantendo a experiência divertida em qualquer circunstância. Para quem procura um shooter acessível, cheio de humor e com um ciclo de progressão recompensador, vale a pena acompanhar o crescimento deste projeto.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ComboCaster