Análise: Ship Graveyard Simulator 2 – Steel Giants DLC

Ship Graveyard Simulator 2 sempre se destacou por oferecer uma experiência singular dentro do género dos simuladores: o desmantelamento de navios gigantescos, peça a peça, num processo que mistura paciência, atenção ao detalhe e uma boa dose de caos organizado. Com a chegada do DLC Steel Giants, o jogo expande os seus horizontes ao introduzir quatro novas embarcações colossais que elevam ainda mais a escala e complexidade da jogabilidade. Entre elas estão um petroleiro, um transportador de gás, um quebra-gelo nuclear e um enorme navio porta-contentores. Cada um destes gigantes apresenta desafios específicos e mecânicas que obrigam o jogador a adaptar-se constantemente.

Ao mesmo tempo, o DLC traz novas dificuldades, como a introdução de tubos de vapor explosivos que bloqueiam passagens e exigem planeamento estratégico. Há também novos contratos, conquistas e tesouros escondidos para descobrir, tornando o conteúdo particularmente apetecível para os jogadores que já esgotaram o que o jogo base tinha para oferecer. Contudo, apesar de todo este potencial, a receção tem sido mista, com elogios à escala monumental dos navios e às novas mecânicas, mas também várias críticas a problemas técnicos e de design que prejudicam a experiência.

Jogabilidade

A essência do jogo mantém-se inalterada: pegar em ferramentas, gruas e explosivos e desmontar, peça a peça, verdadeiros monstros de aço abandonados numa praia. O que este DLC adiciona é uma nova camada de complexidade, tanto em termos de escala como de mecânicas. Os novos navios são massivos, especialmente o quebra-gelo nuclear e o porta-contentores, que se destacam pela sua dimensão e pela quantidade quase interminável de peças para desmontar.

A maior novidade mecânica surge com os tubos de vapor. Estes funcionam como obstáculos dinâmicos que bloqueiam passagens e podem causar explosões se o jogador não os desativar corretamente. Embora esta adição traga algum suspense e obrigue a pensar duas vezes antes de cortar de forma descuidada, a verdade é que rapidamente se tornam num desafio secundário, fácil de contornar com alguma atenção. Os contratos continuam a ser o motor principal da progressão, mas aqui surgem alguns problemas de equilíbrio. Muitos jogadores têm criticado as exigências excessivas de alguns contratos, especialmente no último navio, que pede quantidades irrealistas de materiais como aço de baixa liga, madeira e ferro. Isto obriga a um grind exaustivo, que se sente repetitivo e pouco recompensador.

Apesar disso, a sensação de desmantelar uma secção colossal de casco com recurso ao arpão ou de demolir vários andares de uma vez continua a ser um dos grandes prazeres do jogo. Contudo, a ausência de novas ferramentas ou melhorias significativas nas existentes faz com que a jogabilidade, ao fim de algumas horas, se torne monótona, especialmente para quem já investiu dezenas ou centenas de horas no jogo base.

Mundo e história

Ship Graveyard Simulator 2 nunca pretendeu ser um jogo focado na narrativa, mas sim uma simulação quase terapêutica de destruição metódica. Ainda assim, a escala dos novos navios introduzidos no Steel Giants DLC cria uma sensação de imersão acrescida. A ideia de trabalhar em navios que foram, em tempos, símbolos de poder industrial e militar, como um quebra-gelo nuclear, dá um peso simbólico ao ato de os desmontar.

O jogo não oferece história explícita para estes novos gigantes, mas a própria escala e detalhe de cada embarcação conta a sua própria narrativa silenciosa. Ao percorrer os corredores, derrubar pisos e vasculhar compartimentos, o jogador acaba por imaginar a vida passada daqueles navios. É nesse ponto que o DLC mais brilha: na capacidade de transformar cada sessão de jogo numa espécie de exploração arqueológica de aço e ferrugem.

Ainda assim, há quem critique a falta de variedade temática. Três dos quatro navios seguem fórmulas muito semelhantes ao conteúdo já existente, o que deixa a sensação de que a verdadeira novidade está concentrada no último, o porta-contentores, que apresenta ativos e estruturas mais únicas.

Grafismo

Graficamente, o DLC mantém a linha do jogo base, mas com um grande destaque para a escala impressionante dos novos navios. A sensação de estar perante colossos de metal enferrujado é transmitida com eficácia, e o trabalho de modelação das estruturas interiores é detalhado o suficiente para não quebrar a imersão. No entanto, a escala massiva destes novos cenários acaba por expor algumas limitações técnicas. É comum notar pequenos bugs gráficos, como peças de chão a flutuar no ar, detritos que caem do nada sempre que se carrega um save, ou secções inteiras que parecem não estar devidamente ancoradas ao resto do navio. Estes problemas não são apenas estéticos, já que, em muitos casos, obrigam o jogador a recorrer a explosivos para remover peças que deveriam poder ser desmontadas normalmente.

Ainda assim, quando tudo corre bem, a visão de um navio gigantesco a ser reduzido lentamente a sucata continua a ser impactante. É uma experiência visual que mistura destruição com um certo sentido de escala industrial raramente visto em jogos de simulação.

Som

O som em Steel Giants continua a ser funcional e complementar à jogabilidade. O barulho metálico de marteladas, o estalar do aço a partir-se, o assobio perigoso dos tubos de vapor antes de explodirem – todos estes elementos ajudam a criar uma atmosfera coerente e imersiva.

Não há uma banda sonora memorável ou uma grande aposta em design sonoro cinematográfico, mas isso também nunca foi o objetivo da série. O som está ao serviço da jogabilidade, dando feedback claro ao jogador sobre as suas ações e os riscos do ambiente. O problema surge quando os bugs entram em cena. Muitos jogadores relataram ruídos estranhos associados a peças que flutuam ou a destroços que continuam a emitir sons como se estivessem a ser manipulados, mesmo depois de já estarem no camião ou na grua. Estes detalhes, embora menores, podem quebrar a imersão e reforçam a sensação de que o DLC precisava de mais polimento antes do lançamento.

Conclusão

Ship Graveyard Simulator 2 – Steel Giants DLC é uma expansão ambiciosa que tenta elevar o jogo base a uma nova escala. Os quatro navios colossais introduzidos oferecem uma sensação de grandeza impressionante, e a adição dos tubos de vapor explosivos traz alguma frescura à jogabilidade. Para os fãs mais dedicados, desmontar um quebra-gelo nuclear ou um porta-contentores gigante é, por si só, motivo suficiente para mergulhar neste conteúdo.

No entanto, não se pode ignorar os problemas. Há bugs recorrentes que vão desde perda de materiais e progressos até detritos que aparecem do nada e peças impossíveis de desmontar sem recorrer a explosivos. A ausência de novas ferramentas ou upgrades torna a experiência repetitiva ao fim de algumas horas, e o desequilíbrio de certos contratos transforma o grind em algo frustrante. Steel Giants é, portanto, um DLC que mistura momentos de pura satisfação com outros de aborrecimento e frustração. Para quem já é fã do jogo base e procura expandir a experiência com navios ainda mais desafiantes, a recomendação é positiva, embora com reservas. Mas para quem procura uma experiência mais polida e variada, talvez valha a pena esperar por futuras atualizações ou novos conteúdos que tragam não só escala, mas também inovação.

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