Análise: Ship Graveyard Simulator 2 – Submarines DLC

Ship Graveyard Simulator 2 tem vindo a expandir-se com uma série de conteúdos adicionais que procuram diversificar a experiência de desmontar gigantes de aço. Depois das expansões focadas em navios de guerra e cargueiros colossais, surge agora Submarines DLC, que leva o jogador a enfrentar a desmontagem de embarcações submersas. Esta expansão propõe-se a introduzir uma nova dimensão ao jogo, com ambientes mais apertados, estruturas complexas e materiais radioativos que exigem maior cuidado. A promessa é clara: transformar o desmantelamento de navios numa experiência mais estratégica e desafiante.

No entanto, como acontece em muitos conteúdos adicionais, a execução nem sempre acompanha a ambição. Embora o conceito dos submarinos seja apelativo e traga novidades ao jogo base, a implementação levanta dúvidas, sobretudo devido a limitações técnicas e problemas de design que comprometem a fluidez da experiência. O resultado é um DLC que tanto pode proporcionar momentos intensos e gratificantes como se tornar frustrante devido a falhas persistentes.

Jogabilidade

A principal mudança trazida por Submarines DLC está na forma como o jogador interage com as novas estruturas. Ao contrário dos navios tradicionais, onde era possível carregar caixas diretamente para o camião ou remover peças externas com relativa facilidade, os submarinos obrigam a uma abordagem diferente. O processo exige entrar no interior da embarcação, desmontar pisos, paredes e conectores até abrir espaço suficiente para retirar os componentes maiores com a ajuda da grua. Esta alteração adiciona uma camada de estratégia: destruir demasiado pode comprometer os objetos que precisam de ser removidos, enquanto destruir de menos pode impedir o avanço.

A sensação de estar dentro de um labirinto metálico é reforçada pelos corredores estreitos e passagens apertadas. Os buracos no casco permitem entradas alternativas, mas o mapeamento destes espaços exige cuidado redobrado. A introdução de materiais radioativos acrescenta um risco adicional, obrigando o jogador a manipular os elementos com mais precisão. No entanto, este aspeto rapidamente se torna mais uma tarefa repetitiva do que um verdadeiro desafio, já que a mecânica acaba por ser mais incómoda do que envolvente. Ainda assim, a desmontagem dos submarinos consegue criar momentos intensos, especialmente quando se trata de gerir o equilíbrio entre a destruição necessária e a preservação das peças valiosas. É uma experiência que obriga a pensar de forma mais meticulosa do que nas expansões anteriores.

Mundo e história

O DLC não se preocupa em expandir o lore ou criar uma narrativa específica para justificar a inclusão dos submarinos. O contexto mantém-se o mesmo: um trabalhador que ganha a vida a desmontar gigantes de aço para reaproveitar os materiais. A diferença é que, em vez de navios de superfície, o jogador lida agora com máquinas concebidas para a guerra debaixo de água. Ainda que não haja um enredo explícito, há uma sensação implícita de lidar com artefactos históricos, especialmente quando surgem referências a submarinos como o Kursk ou o Ohio. Estes nomes evocam imediatamente memórias da Guerra Fria e de acidentes reais, o que confere alguma carga emocional e histórica ao processo de desmontagem. Para jogadores que tenham servido em submarinos ou tenham interesse neste tipo de embarcações, a experiência pode ser catártica e até nostálgica.

Contudo, o DLC limita-se a três submarinos jogáveis. Embora cada um apresente as suas particularidades, a oferta é curta para quem esperava uma variedade mais robusta. Esta escassez torna o conteúdo menos duradouro e reduz o impacto da expansão no conjunto geral do jogo.

Grafismo

Do ponto de vista visual, Submarines DLC mantém a estética industrial e detalhada que caracteriza Ship Graveyard Simulator 2. Os interiores dos submarinos são bem recriados, com corredores claustrofóbicos, compartimentos técnicos e áreas de armamento que transmitem a sensação de estar dentro de uma verdadeira máquina de guerra submersa. O contraste entre o exterior corroído e o interior apertado reforça a atmosfera de desafio e exploração. No entanto, a qualidade visual não esconde alguns problemas técnicos. Existem elementos invisíveis que impedem o avanço, peças que não se destacam corretamente e até objetos destruídos involuntariamente devido à forma como o sistema de física lida com pisos e paredes. Estes erros não só quebram a imersão como também prejudicam a jogabilidade, obrigando muitas vezes a repetir processos ou a improvisar com explosivos para contornar falhas.

Apesar destas limitações, a expansão consegue transmitir bem o ambiente opressivo e labiríntico dos submarinos. Quem aprecia cenários industriais densos e cheios de detalhe encontrará aqui uma boa representação desse universo.

Som

No campo sonoro, o DLC mantém a linha do jogo base. O ruído metálico constante de peças a serem cortadas, marteladas ou removidas cria uma sensação de trabalho pesado e realista. O som dos gritos do metal ao ceder e o eco característico dos espaços fechados dentro dos submarinos ajudam a reforçar a imersão.

O uso do contador Geiger para detetar materiais radioativos introduz um detalhe adicional que contribui para a atmosfera, embora a mecânica associada seja discutível. Ainda assim, os cliques crescentes do aparelho transmitem alguma tensão, mesmo que exagerem o perigo real do material. A ausência de banda sonora continua a ser uma característica marcante do jogo. O silêncio intercalado apenas pelos sons mecânicos e ambientais coloca o jogador no centro da ação, mas também pode tornar a experiência monótona após várias horas de jogo. Uma trilha sonora discreta poderia ajudar a equilibrar a repetitividade, mas a equipa de desenvolvimento optou por manter o ambiente cru e minimalista.

Conclusão

Ship Graveyard Simulator 2 – Submarines DLC é uma expansão que aposta na complexidade e na mudança de ritmo face ao conteúdo base. Os submarinos introduzem novos desafios ao obrigar o jogador a desmontar estruturas a partir do interior, gerir passagens estreitas e lidar com materiais radioativos. Para quem procura uma experiência diferente e mais estratégica, este DLC cumpre em trazer variedade.

No entanto, as falhas técnicas e os bugs persistentes comprometem seriamente o seu valor. Problemas como conectores invisíveis, objetos destruídos involuntariamente e limitações no uso da grua tornam a experiência frustrante em vários momentos. Além disso, a escassez de submarinos disponíveis e a falta de variedade fora da classe Ohio reduzem o potencial do conteúdo. Apesar destes defeitos, há jogadores que encontram grande satisfação em desmontar estas máquinas submersas, sobretudo aqueles com uma ligação pessoal ou histórica ao mundo dos submarinos. O DLC tem momentos de verdadeira intensidade e recompensa estratégica, mas exige paciência para lidar com os problemas técnicos que o acompanham.

No final, Submarines DLC é uma adição interessante, mas inconsistente. Não atinge o mesmo impacto de outras expansões como Warships, mas pode agradar a quem procura mais desafios dentro do universo de Ship Graveyard Simulator 2. Para os restantes, talvez valha a pena esperar por melhorias técnicas ou por um conteúdo mais polido e diversificado.

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