A Twirlbound, conhecida pelo jogo Pine, regressa agora com uma nova aventura chamada The Knightling. Desta vez, em vez de nos colocarmos na pele de um cavaleiro lendário, assumimos o papel do seu aprendiz, um jovem inexperiente que se vê obrigado a enfrentar desafios muito maiores do que aqueles para os quais estava preparado. Lançado para PC, Xbox Series X|S, PlayStation 5 e Nintendo Switch, The Knightling procura oferecer uma experiência de mundo aberto mais compacta e acessível, combinando elementos de ação, exploração e plataformas, tudo envolto num estilo visual colorido e humor peculiar.
Apesar de ser publicado pela Saber Interactive, empresa responsável por jogos de grande dimensão como Warhammer 40,000: Space Marine 2 e a série Mudrunner, The Knightling passou relativamente despercebido antes do lançamento. Trata-se de um jogo que à primeira vista pode parecer mais simples do que outros títulos do género, mas que rapidamente mostra ter identidade própria. A inspiração em jogos como Immortals: Fenyx Rising e The Legend of Zelda: Breath of the Wild é clara, tanto na estética como na jogabilidade, mas o jogo consegue dar-lhe o seu próprio toque, apostando num mundo mais pequeno e coeso, com um forte foco na diversão e acessibilidade.
Jogabilidade
Em The Knightling, a jogabilidade gira em torno do uso de um escudo mágico que pertence a Sir Lionstone, o cavaleiro lendário desaparecido no início da aventura. Este escudo é muito mais do que uma simples defesa: pode ser usado como arma corpo a corpo, arremessado para atingir inimigos ou alvos distantes, e até como meio de transporte, permitindo deslizar pelo cenário para maior mobilidade. Esta mecânica central dá ao jogo uma identidade distinta e proporciona momentos bastante criativos durante o combate e exploração.
O combate é simples, baseado em combos e habilidades desbloqueáveis através de uma árvore de talentos. Embora não apresente uma grande profundidade ou variedade, funciona bem dentro do contexto do jogo. A exploração é igualmente importante, com áreas cheias de segredos, loot e pequenos desafios de plataformas. A cidade principal, Clesseia, é um centro movimentado repleto de personagens, missões secundárias e colecionáveis, enquanto os arredores oferecem biomas diversificados, desafios verticais e inimigos espalhados por diferentes zonas.
As missões secundárias, embora não sejam particularmente complexas, acrescentam variedade à experiência e incentivam a exploração. Existe também a possibilidade de personalizar o protagonista, desbloqueando diferentes visuais, penteados e estilos de escudo, o que acrescenta um elemento de progressão estética que motiva os jogadores a completar mais conteúdo opcional.

Mundo e história
A narrativa de The Knightling começa com uma premissa simples, mas eficaz. Sir Lionstone, conhecido por feitos heroicos que se tornaram lendários, desaparece misteriosamente durante uma caçada a uma criatura mítica. O protagonista, o seu aprendiz, sobrevive por pouco graças ao sacrifício do mestre e regressa à cidade com a difícil missão de comunicar o desaparecimento do herói. É a partir deste ponto que se desenrola a aventura, com o jovem aprendiz a tentar descobrir o paradeiro de Sir Lionstone e a lidar com a crescente ameaça de criaturas perigosas que começam a surgir debaixo da cidade.
Este enredo coloca o jogador na pele de alguém que não é um herói nato, mas que se vê obrigado a crescer e a assumir responsabilidades que antes estavam muito além do seu alcance. Essa jornada de crescimento pessoal dá uma dimensão emocional à história, tornando-a mais envolvente. A cidade de Clesseia é um dos pontos fortes do jogo, funcionando como centro narrativo e oferecendo um ambiente cheio de vida e humor. Todos os habitantes usam máscaras, o que cria momentos cómicos, já que a sua fala se torna um conjunto de murmúrios incompreensíveis, exceto em raras ocasiões em que alguém aparece sem máscara, revelando diálogos totalmente audíveis.
O mundo de The Knightling não é tão vasto como outros RPGs de ação, mas é denso e cuidadosamente construído. A verticalidade do design dos níveis dá uma sensação de profundidade e incentiva a exploração, fazendo com que cada zona tenha algo interessante para descobrir. É um mundo que, apesar de pequeno, está cheio de personalidade.
Grafismo
Visualmente, The Knightling aposta num estilo colorido e ligeiramente cartunesco, o que lhe dá um charme especial. A direção artística é clara e coerente, criando ambientes distintos que variam entre campos abertos, cavernas misteriosas, zonas urbanas e áreas mais exóticas. Cada local tem uma identidade visual própria, ajudando a manter a exploração fresca e variada.
Apesar de não atingir os padrões gráficos dos grandes títulos do género, o jogo mantém um aspeto apelativo. Os modelos de personagens são simples, mas expressivos, e a animação, embora básica, é funcional e combina bem com o tom mais leve da aventura. A performance no Xbox Series X é sólida, com tempos de carregamento rápidos e uma taxa de fotogramas estável, algo essencial para um jogo que depende bastante de movimento e exploração.
Existem algumas limitações visíveis, como colisões imperfeitas e algumas paredes invisíveis que limitam a exploração em certas zonas, o que denuncia o orçamento mais contido do jogo. Ainda assim, estes problemas não chegam a prejudicar gravemente a experiência.

Som
A componente sonora de The Knightling complementa bem o estilo visual. A banda sonora é alegre e dinâmica, adaptando-se aos diferentes momentos da aventura. Em combates, a música torna-se mais intensa, enquanto na exploração prevalecem melodias leves e agradáveis que transmitem uma sensação de descoberta.
Um detalhe curioso é a forma como o jogo lida com as vozes dos personagens. Como todos usam máscaras, os diálogos soam abafados e incompreensíveis, criando momentos cómicos e um certo mistério em torno dos habitantes de Clesseia. Quando surge alguém sem máscara, a diferença é notória e causa impacto, reforçando a narrativa de forma subtil. Este detalhe acrescenta personalidade ao jogo e ajuda a construir a sua identidade.
Os efeitos sonoros são competentes, especialmente os relacionados com o escudo mágico, que têm um impacto satisfatório tanto no combate como na exploração. Cada arremesso, bloqueio ou deslize tem um som distinto que reforça a sensação de poder e utilidade desta ferramenta.
Conclusão
The Knightling não tenta reinventar o género de ação e aventura em mundo aberto, mas oferece uma experiência sólida e encantadora. É um jogo mais compacto, ideal para quem procura uma aventura que possa ser concluída em 15 a 20 horas, sem o peso e a complexidade dos títulos mais longos. A jogabilidade, embora não traga grandes inovações, é divertida e consistente, apoiada por um mundo cheio de humor e pequenos detalhes que mantêm o jogador envolvido.
Os pontos fortes do jogo estão na sua atmosfera, na mecânica criativa do escudo e na forma como combina combate, exploração e plataformas de forma equilibrada. Por outro lado, a falta de profundidade no sistema de combate e algumas limitações técnicas revelam que se trata de uma produção com orçamento mais modesto.
Para quem aprecia jogos como Immortals: Fenyx Rising ou títulos inspirados em Zelda, The Knightling oferece uma experiência mais curta, mas ainda assim gratificante. É uma aventura charmosa, perfeita para ser desfrutada sem pressa, especialmente por aqueles que procuram algo mais leve entre lançamentos de maior escala.