Análise: Bush Hockey League

O mundo dos videojogos de desporto é dominado por algumas grandes séries que, ano após ano, lançam novas versões com melhorias incrementais, mas sem grandes inovações. No caso do hóquei no gelo, a série NHL da EA Sports reina absoluta, deixando poucas opções para quem procura algo diferente. No entanto, há sempre alternativas que tentam trazer uma abordagem distinta ao desporto, e Bush Hockey League é uma dessas opções. Longe de querer competir diretamente com a série NHL, este jogo aposta numa experiência nostálgica inspirada no hóquei mais violento e caótico das ligas menores dos anos 70. O jogo, lançado originalmente em 2017 para PC, PlayStation 4 e Xbox One, chega agora à Nintendo Switch, oferecendo uma alternativa para os jogadores da consola da Nintendo, que não têm acesso à franquia da EA. No entanto, uma experiência alternativa não significa necessariamente uma melhor experiência. Bush Hockey League tenta capitalizar na ausência de licenças oficiais para criar um ambiente distinto, mas será que consegue compensar a falta de realismo com diversão?

Jogabilidade

Bush Hockey League tenta captar a essência do hóquei mais agressivo e desorganizado, mas a sua jogabilidade tem dificuldades em proporcionar uma experiência verdadeiramente envolvente. Os controlos seguem uma estrutura semelhante à da série NHL, mas sem a mesma fluidez e precisão. Os jogadores podem realizar remates rápidos ou carregados, fintas básicas e patinar para trás para tentar evitar adversários, mas tudo isto sente-se mecanicamente inferior quando comparado com os padrões atuais. Um dos aspetos mais frustrantes do jogo é a ausência do one-timer, uma das jogadas mais excitantes do hóquei no gelo. Defensivamente, os jogadores podem tentar desarmar os adversários com um poke check ou um body check, mas a detecção de colisão é inconsistente, levando a momentos frustrantes em que o adversário simplesmente atravessa os jogadores como se fossem invisíveis.

As lutas, que deveriam ser um dos grandes atrativos do jogo, também desiludem. Em vez de oferecerem um sistema robusto e satisfatório, reduzem-se a um simples esquema de ataque e defesa, sem grande profundidade. O jogo tenta introduzir alguns elementos estratégicos, como a possibilidade de eliminar temporariamente o árbitro para criar o caos, mas estes são pouco explorados e acabam por ter um impacto mínimo na jogabilidade.

Mundo e história

Bush Hockey League oferece um modo história como principal atração, colocando os jogadores no comando dos Schuylkill Hinto Brews, uma equipa que luta para sair do fundo da tabela classificativa. Este modo proporciona um contexto para os jogos, com estatísticas, classificações e um calendário que permite planear os próximos desafios. Uma das poucas inovações interessantes são os objetivos específicos de cada jogo, que vão para além de simplesmente vencer. Os jogadores podem ser desafiados a atingir um oponente em particular ou completar um determinado número de passes, o que adiciona alguma variedade à experiência. Como recompensa, é possível desbloquear cartas colecionáveis que podem ser revistas mais tarde. Apesar destes elementos, o jogo sofre com a falta de outros modos de jogo. A ausência de um modo online ou de opções adicionais faz com que a longevidade do jogo seja bastante limitada, deixando a sensação de que poderia haver muito mais para explorar.

Grafismo

O aspeto visual de Bush Hockey League é um dos seus pontos mais fortes. O jogo aposta num estilo retro, com ilustrações desgastadas que evocam os tempos em que o hóquei era jogado sem tantas regras e com um espírito mais caótico. As 10 equipas presentes no jogo têm designs inspirados nos anos 70, com equipamentos, proteções e bigodes que ajudam a criar uma atmosfera nostálgica. Apesar deste charme, os modelos dos jogadores e as animações deixam a desejar. As expressões faciais são praticamente inexistentes, e os movimentos em campo são rígidos e pouco naturais. A falta de polimento torna-se ainda mais evidente quando os jogadores colidem de forma pouco convincente ou quando as animações se repetem de forma excessiva.

Som

A banda sonora é outro aspeto que merece elogios. Em vez de optar por uma seleção moderna de músicas licenciadas, o jogo aposta em temas clássicos que ajudam a reforçar a identidade retro. Canções como The Hockey Song de Stompin’ Tom Connors e o tema da Família Addams dão um toque divertido e autêntico à experiência. No entanto, os efeitos sonoros não acompanham a mesma qualidade. Os sons dos patins no gelo, os remates e as colisões são genéricos e repetitivos, tornando-se rapidamente monótonos. A atmosfera das partidas acaba por sofrer com esta falta de variedade e impacto sonoro.

Conclusão

Bush Hockey League é uma tentativa interessante de oferecer uma alternativa à série NHL, apostando num estilo retro e numa abordagem mais violenta ao hóquei no gelo. O conceito é sólido e a identidade visual e sonora conseguem captar bem o espírito dos anos 70. No entanto, a execução deixa muito a desejar, com jogabilidade limitada, problemas na inteligência artificial e falta de modos de jogo que garantam longevidade. Para os fãs de hóquei que procuram algo diferente e conseguem ignorar algumas das suas falhas, pode valer a pena dar uma oportunidade ao jogo, especialmente considerando que é uma das poucas opções disponíveis na Nintendo Switch. No entanto, para quem espera uma experiência de hóquei verdadeiramente envolvente e polida, Bush Hockey League fica aquém das expetativas.

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