Análise: HellSign

HellSign é um jogo indie que tenta misturar elementos de RPG, shooter e investigação sobrenatural numa experiência inspirada em séries como Supernatural e Buffy. Desenvolvido por Ballistic Interactive, o jogo coloca o jogador no papel de um caçador de criaturas sobrenaturais que precisa de usar tecnologia para recolher evidências, identificar ameaças e, eventualmente, eliminá-las. A ideia é interessante e tem potencial para criar uma experiência de terror e mistério envolvente. No entanto, apesar de uma base sólida, HellSign acaba por se perder em mecânicas frustrantes e um ritmo de progressão que transforma a experiência num verdadeiro teste de paciência.

Jogabilidade

A jogabilidade de HellSign é dividida em dois grandes momentos: investigação e combate. Durante a investigação, o jogador precisa de utilizar diferentes dispositivos, como um Medidor EMF, uma luz negra e um microfone para encontrar pistas sobre o tipo de entidade presente no local. A ideia é interessante e adiciona um elemento táctico ao jogo, mas a execução tem falhas. Os dispositivos podem falhar aleatoriamente e a falta de um sistema de feedback claro faz com que, por vezes, o jogador fique perdido sem saber o que fazer. O combate é igualmente problemático. O jogo tem um sistema de tiro rudimentar e uma dificuldade desproporcional. Inimigos como aranhas e centopeias gigantes são incrivelmente rápidos e têm hitboxes pequenas, tornando o combate um processo frustrante em que a precisão parece ser mais uma questão de sorte do que de habilidade. A curva de dificuldade é demasiado acentuada desde o início, obrigando o jogador a passar muito tempo em atividades repetitivas para melhorar o seu equipamento e habilidades.

Mundo e história

A narrativa de HellSign não é o seu ponto mais forte, mas tem elementos interessantes. O jogo começa com o protagonista a acordar com uma tatuagem demoníaca nas costas, sem memórias de como chegou ali. A história gira em torno de descobrir a origem desse símbolo e de um submundo de caçadores de criaturas sobrenaturais. A ambientação é baseada na Austrália, o que dá um toque diferente ao jogo e explica a forma descontraída com que as personagens reagem a eventos bizarros. No entanto, os diálogos e personagens secundárias são genéricos, e a progressão da história é arrastada pelo grind excessivo. A falta de variedade nos cenários também não ajuda, fazendo com que todas as missões pareçam iguais após algumas horas de jogo.

Grafismo

Visualmente, HellSign opta por uma perspetiva isométrica com um estilo sombrio e atmosférico. A iluminação desempenha um papel crucial na imersão, com a maior parte do ambiente envolto em escuridão, sendo iluminado apenas pela lanterna do jogador. Isto cria uma sensação constante de tensão, mas também torna difícil a navegação e percepção do ambiente. Os inimigos, especialmente os insetos gigantes, têm animações pouco polidas, movendo-se de forma estranha e inconsistente. O design dos cenários também deixa a desejar, com as casas abandonadas a parecerem demasiado semelhantes entre si, o que reduz a variedade visual e torna a exploração monótona.

Som

O trabalho sonoro de HellSign é eficaz na criação de uma atmosfera de terror. O chittering constante dos insetos gigantes é particularmente perturbador e contribui para a sensação de perigo iminente. Os efeitos sonoros dos dispositivos de investigação são bem implementados e ajudam na imersão, mas a falta de variedade na trilha sonora é notável. A música é discreta e pouco memorável, e os diálogos limitam-se a linhas de texto, o que tira alguma vida às interações com as personagens secundárias. No geral, o som faz um bom trabalho na criação de uma atmosfera assustadora, mas falta-lhe diversidade para manter o jogador envolvido por longos períodos de tempo.

Conclusão

HellSign tem uma ideia interessante e um conceito que podia resultar muito bem, mas a execução deixa a desejar. A investigação sobrenatural tem potencial, mas é sabotada por falhas técnicas e uma progressão lenta e frustrante. O combate é pouco refinado e a dificuldade inicial pode afastar muitos jogadores antes de conseguirem avançar. O mundo e a história têm elementos intrigantes, mas o ritmo arrastado e a falta de variedade tornam a experiência repetitiva. Visualmente, o jogo cria uma boa atmosfera, mas sofre de falta de diversidade e animações pouco polidas. O som é um dos pontos mais fortes, contribuindo para a imersão, mas também podia beneficiar de mais variedade. No final, HellSign acaba por ser uma experiência frustrante que exige demasiada paciência para ser apreciada. Com algumas melhorias e ajustes, poderia ser um jogo muito mais envolvente, mas no estado atual, é difícil recomendá-lo a não ser que se tenha uma grande tolerância para grind e mecânicas imperfeitas.

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