Introdução
10 Dead Doves é um jogo indie de terror psicológico desenvolvido pela Duonix Studios, que transporta os jogadores para uma experiência introspectiva e emocionalmente intensa. A narrativa segue dois amigos, Sean e Mark, enquanto exploram a Trilha dos Apalaches em busca da Ant Farm, uma lenda urbana que promete realizar desejos. Mais do que um jogo de terror tradicional, 10 Dead Doves destaca-se pela sua abordagem pessoal, mergulhando nas complexidades da amizade e nos arrependimentos do passado. Apesar de apresentar falhas na jogabilidade, o jogo consegue cativar os jogadores com uma história única e momentos verdadeiramente memoráveis.
Jogabilidade
A jogabilidade de 10 Dead Doves mistura exploração, resolução de puzzles e sequências de perseguição. Embora a exploração e os puzzles sejam satisfatórios, as sequências de perseguição revelam as maiores fraquezas do jogo. A escolha de uma câmara fixa, inspirada em clássicos como Resident Evil, acaba por prejudicar a experiência, tornando-se confusa devido às mudanças constantes de ângulo. Em algumas ocasiões, o jogador pode sentir-se perdido ou andar em círculos, o que é agravado pela falta de um mapa eficiente. Embora o jogo tente contornar este problema com bastões luminosos para marcar áreas exploradas, esta solução nem sempre é eficaz. No terceiro ato, a repetição de sequências de perseguição torna-se cansativa, prejudicando o ritmo e a diversão.

Mundo e história
A narrativa de 10 Dead Doves é o ponto alto do jogo, apresentando uma história profundamente emocional e pessoal. À medida que controlamos Mark, os eventos revelam as complexidades da sua relação com Sean e os verdadeiros motivos por detrás da viagem à Trilha dos Apalaches. O jogo utiliza visuais psicodélicos e uma narrativa fragmentada para explorar temas de amizade, arrependimento e mistério, mantendo o jogador intrigado. Com múltiplos finais e memórias colecionáveis, há uma boa razão para revisitar o jogo e descobrir detalhes que possam ter passado despercebidos numa primeira jogada. A inclusão dos sonhos de Mark, que sofre de narcolepsia, adiciona uma camada surreal e artística à história, destacando-se como um elemento único na experiência geral.
Grafismo
Os gráficos de 10 Dead Doves adotam um estilo retro inspirado na era dos anos 2000, o que se adequa bem ao tom de terror psicológico do jogo. As cutscenes totalmente animadas ajudam a envolver o jogador na narrativa, mas há inconsistências na apresentação visual. As expressões faciais, aparentemente feitas com uma técnica de stop motion, funcionam bem em algumas personagens, como Sean, mas podem parecer desconfortavelmente artificiais em Mark, prejudicando momentos emocionais importantes. Apesar disso, os visuais psicodélicos e o design das criaturas são eficazes em criar uma atmosfera tensa e inquietante.

Som
O design de som em 10 Dead Doves é uma das suas maiores forças, conseguindo criar uma sensação de desconforto sem recorrer a sustos previsíveis. Os efeitos sonoros e a ambiência complementam perfeitamente a tensão da narrativa, enquanto a banda sonora, embora não particularmente memorável, cumpre bem o seu papel nas cenas que acompanha. No entanto, o jogo sofre de problemas de mistura de áudio, com diálogos por vezes abafados pelo som ambiente ou demasiado altos em momentos intensos. A dublagem dos protagonistas, Sean e Mark, é geralmente eficaz, com destaque para momentos emocionais e cenas de terror onde as performances são convincentes.
Conclusão
10 Dead Doves é um jogo que, apesar das suas falhas na jogabilidade, oferece uma experiência única graças à sua narrativa profundamente pessoal e ao seu design artístico. A exploração da amizade e dos arrependimentos, combinada com uma atmosfera tensa e visuais psicodélicos, torna o jogo uma obra marcante dentro do género de terror psicológico. No entanto, os problemas de câmara e a repetição de sequências de perseguição podem frustrar os jogadores e comprometer a experiência. Para quem procura uma história envolvente e está disposto a superar algumas limitações técnicas, 10 Dead Doves é uma aventura que vale a pena ser vivida.