Os jogos de gestão sempre tiveram um lugar especial no mundo dos videojogos, proporcionando experiências onde os jogadores podem construir e gerir impérios nos mais variados setores. Desde parques temáticos a estúdios de videojogos, a oferta é vasta, e The Executive surge como uma proposta que leva os jogadores para o mundo da sétima arte. Neste jogo, em vez de se estar do lado dos realizadores e atores, o foco está na gestão de um estúdio de cinema, onde cada decisão pode significar um grande sucesso de bilheteira ou um fracasso que pode arruinar a empresa. O conceito de The Executive é cativante, colocando os jogadores na pele de um gestor que tem de tomar todas as decisões importantes, desde o orçamento dos filmes até à escolha de distribuidores e atores. É um jogo que exige paciência e planeamento, recompensando os jogadores que sabem analisar o mercado e tomar decisões acertadas. Mas será que The Executive tem o que é preciso para se destacar no género tycoon?
Jogabilidade
The Executive segue uma estrutura semelhante a outros jogos de gestão, onde o jogador tem de lidar com menus, estatísticas e folhas de cálculo para tomar decisões estratégicas. Desde o início, é necessário definir a identidade do estúdio, escolhendo que tipo de filmes se quer produzir e como distribuir os recursos. Cada projeto exige a escolha de um género, subgénero, atores, realizador e outros fatores que influenciam a qualidade final do filme.
Os jogadores têm também de gerir o orçamento, decidindo onde investir mais dinheiro, seja nos efeitos especiais, figurinos ou publicidade. É um equilíbrio difícil de manter, pois investir demasiado num filme que não atrai audiências pode levar a perdas financeiras significativas. O jogo inclui um sistema de investigação que permite desbloquear novas opções, desde a introdução de personagens secundárias até melhorias na produção e distribuição. Este elemento torna a progressão motivante, incentivando os jogadores a continuar a evoluir o seu estúdio. Gerir um estúdio durante cinco décadas significa lidar com altos e baixos. Um filme pode ser um sucesso inesperado ou um fracasso total, e não há garantias de sucesso mesmo quando se seguem todas as boas práticas. O sistema de avaliação do jogo reflete esta imprevisibilidade, com os filmes a receberem críticas e a terem diferentes desempenhos nas bilheteiras. É um jogo exigente e, por vezes, frustrante, pois pode parecer que certas decisões não têm o impacto esperado.

Mundo e história
The Executive não tem uma narrativa tradicional, mas cria uma história emergente baseada nas decisões do jogador. Cada filme produzido contribui para a identidade do estúdio, e a forma como a empresa evolui ao longo das cinco décadas cria um enredo próprio. Os jogadores podem optar por construir um estúdio focado em blockbusters, investindo em grandes produções e sequências, ou podem especializar-se em filmes independentes que visam ganhar prémios. A presença dos Gaspars, a versão fictícia dos Óscares, adiciona um elemento de competição ao jogo. Ter um filme nomeado para Melhor Filme ou Melhor Realização é um reconhecimento do trabalho do jogador e pode impactar positivamente a reputação do estúdio. No entanto, tal como na realidade, ganhar um prémio não significa necessariamente sucesso financeiro. The Executive capta bem essa dicotomia entre arte e negócio, oferecendo um olhar intrigante sobre a indústria cinematográfica.
Grafismo
Visualmente, The Executive é funcional mas pouco impressionante. A apresentação do jogo segue um estilo minimalista, com uma interface que privilegia a clareza e a acessibilidade. O ecrã principal é uma representação voxelizada do escritório do estúdio, onde os diferentes departamentos vão sendo expandidos à medida que a empresa cresce. Embora os elementos visuais sejam suficientes para comunicar a informação necessária, falta um pouco de dinamismo para tornar a experiência mais envolvente. O jogo poderia beneficiar de mais animações ou de uma interface mais sofisticada que capturasse melhor a atmosfera de Hollywood. Como o foco está na gestão e não na representação visual, este aspeto pode não ser um problema para todos os jogadores, mas quem espera uma apresentação mais polida pode ficar desiludido.

Som
A banda sonora de The Executive é discreta e funcional, proporcionando um ambiente adequado sem se tornar intrusiva. Os temas musicais são suaves e ajudam a manter a concentração, mas não são particularmente memoráveis. Seria interessante ver uma maior variedade musical, talvez com temas inspirados em diferentes eras do cinema ou géneros cinematográficos. Os efeitos sonoros são também minimalistas, com sons que indicam a realização de certas tarefas e a progressão do jogo. No entanto, The Executive não utiliza vozes ou outros elementos sonoros que poderiam adicionar mais personalidade à experiência. Como o jogo se desenrola sobretudo em menus, é compreensível que o áudio não seja um foco principal, mas um pouco mais de variedade ajudaria a tornar a experiência mais imersiva.
Conclusão
The Executive é um jogo de gestão desafiante e bem estruturado, que oferece uma visão aprofundada sobre a indústria cinematográfica. A mecânica de gestão é complexa e satisfatória, exigindo dos jogadores um planeamento estratégico constante para manterem o estúdio lucrativo e relevante. No entanto, a sua dificuldade pode ser frustrante, pois não existe um caminho claro para o sucesso e as decisões do jogador nem sempre parecem ter o impacto esperado. O grafismo e o som cumprem a sua função mas poderiam ser mais envolventes, e a falta de opções de fusão de géneros limita a criatividade. Ainda assim, The Executive é uma proposta interessante para fãs do género tycoon que procuram um desafio e estão dispostos a enfrentar as incertezas da indústria do cinema. Não é um jogo para todos, mas quem se dedicar à sua complexidade pode encontrar aqui uma experiência gratificante.