Análise: AFFRAID

AFFRAID é um jogo indie de terror e sobrevivência em terceira pessoa que tenta seguir a linha de clássicos do género, como Resident Evil. No entanto, o estado atual do jogo está longe de oferecer uma experiência satisfatória. Desenvolvido por um estúdio independente, o jogo apresenta um conceito interessante, mas falha em praticamente todos os aspetos essenciais. A história envolve uma modelo chamada Nina, que foi raptada por uma empresa farmacêutica maligna chamada MEDIO. Esta empresa tem conduzido experiências ilegais em humanos para desenvolver um creme rejuvenescedor, levando a um colapso no seu edifício e forçando uma evacuação urgente. Apesar da premissa promissora, a execução deixa muito a desejar.

Jogabilidade

A jogabilidade de AFFRAID tenta recriar a experiência dos jogos de terror de sobrevivência, mas acaba por ser um exercício de frustração. Os controlos são pouco responsivos, a mira é estranha e o sistema de esquiva, inspirado no remake de Resident Evil 3, está longe de ser eficaz. A arma principal demora demasiado tempo a ser encontrada, o que obriga o jogador a explorar um ambiente pouco envolvente e repleto de problemas técnicos. Para piorar, os inimigos reaparecem sempre que se muda de sala, o que faz com que a progressão se torne repetitiva e frustrante. A presença de um modo desafio, onde o objetivo é chegar a um ponto de evacuação sem ser morto por zombies, poderia adicionar alguma diversão, mas o sistema de combate mal implementado torna esta tarefa mais irritante do que desafiante.

Mundo e história

A narrativa de AFFRAID tem potencial, mas a sua implementação é desastrosa. A história de Nina e da empresa MEDIO poderia ser envolvente, explorando temáticas de experiências clandestinas e manipulação corporativa. No entanto, o jogo não consegue transmitir a tensão necessária para manter o jogador investido na história. Os diálogos são pobres e a progressão narrativa é fragmentada, dificultando qualquer ligação emocional com os acontecimentos. A falta de sequências cinemáticas bem trabalhadas e de documentos que expandam o lore do jogo fazem com que tudo pareça genérico e sem profundidade.

Grafismo

O grafismo de AFFRAID é um dos seus pontos mais fracos. Os modelos das personagens são rudimentares e apresentam diversos problemas de clipping, especialmente nas roupas da protagonista. O ambiente é básico e pouco detalhado, dando a sensação de que o jogo está ainda numa fase muito inicial de desenvolvimento. Os cenários repetem-se e carecem de elementos visuais que criem uma atmosfera imersiva. A iluminação é mal aproveitada e a falta de detalhes torna os espaços aborrecidos de explorar. Para um jogo que tenta criar uma experiência de terror, a direção artística é completamente ineficaz em gerar qualquer tipo de tensão ou suspense.

Som

A componente sonora é outro fator que compromete a imersão de AFFRAID. Os efeitos sonoros são mal implementados, e os sons dos inimigos são repetitivos e pouco assustadores. A banda sonora é praticamente inexistente, e o pouco que existe não contribui para a atmosfera do jogo. Os efeitos de tiro e impacto são insatisfatórios, retirando qualquer peso ou impacto ao combate. A falta de um design de som eficaz torna o jogo ainda mais monótono, falhando em criar a tensão necessária para um survival horror.

Conclusão

AFFRAID é um jogo com potencial, mas o seu estado atual é muito dececionante. A jogabilidade é desajeitada, a história está mal desenvolvida, o grafismo é rudimentar e a componente sonora é praticamente inexistente. No seu estado atual, o jogo parece mais um protótipo inacabado do que um produto pronto para ser comercializado. O conceito tem alguma originalidade, mas a execução é demasiado fraca para justificar uma compra. Para quem gosta de jogos indie de terror, há opções muito superiores no mercado. O melhor será esperar por atualizações significativas antes de sequer considerar dar uma oportunidade a AFFRAID.

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